quarta-feira, 27 de julho de 2016

Tapete vermelho ouro
teto azul
Na aléa de outono
-×-
Pijamas flutuantes molhados
De água transparente
piscina de coral
-×-
Olhos azuis
bocas vermelhas
lençóis molhados de suor

Eu e você
o mundo
aroma da terra molhada

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O parque secreto de Kinster

Associação de idéias com conceitos sugeridos pela SMAReis do blog Caminhos, Tropeços e Vitórias.

1 - Montanha russa
2-  Casa macabra
3 - Ilha

Parte 1 - A história da ilha
Dizem que há muitos anos a ilha Kinster não é mais habitada. Muitas lendas se contam sobre os antigos e atuais habitantes. Antigamente, uma antiga, sinistra e rica família provinda da Panônia em tempos imemoriais era proprietária centenária da ilha, mas entraram em decadência e um acidente ambiental tornou a ilha inabitável aos seres humanos. Atualmente a ilha é totalmente infestada de serpentes muito venenosas. Dizem que esta ilha, ponto de desova das aves, era local ideal para a vida das serpentes que se alimentam de ovos de pássaros, e devido a isso, uma superpopulação se desenvolveu, tornando qualquer visita extremamente perigosa. Por outro lado, os Kinsters, a familia que era dona da mansão, entrou em decadência pois as sucessivas gerações foram enlouquecendo.
Diziam que o primeiro Kinster foi um vampiro que privou da companhia de outros vampiros, inclusive o conde Vlad.  A propriedade ancestral havia sido em algum lugar indeterminado as margens do rio Morte. Muitas lendas acompanharam a sinistra familia desde o velho continente. Falando de tempos mais recentes, mas não tão recente assim, era famosa a história do último Kinster. Leopoldo Kinster III, era esse o seu nome, tinha obsessão com brinquedos de parques de diversão e ele se especializou em construir montanhas russas, rodas-gigantes e carrosséis para diversos parques do mundo.  Chegou a ser famoso nesta arte, tendo seus brinquedos instalados em parques de Borobudur, Rabat e Vladivostok. Irkutsk, Abidjan e Tegucigalpa. Seus brinquedos eram famosos pela originalidade. Sua montanhas russas possuíam túneis, o trens saltavam de um trilho para o outro voando sobre os vãos, duplos loops e tudo que se pudesse ou, principalmente, não pudesse imaginar. Suas rodas-gigantes não apenas rodavam em uma direção mas alternavam sua rotação sobre diversos eixos de direções ortogonais, ora girando em torno de eixos horizontais, ora girando sobre o tradicional eixo vertical ou, ainda, girando em torno de um eixo inclinado e alternado. Suas máquinas eram multidimensionais e ousadas. O trem fantasma passava por lagos de ferozes crocodilos, aves de rapina famintas e os horrores que ele produzia foram gradativamente se tornando mais reais até o ponto de serem verdadeiros. Mortes aconteceram e o lunático Leopoldo Kinster foi acusado de homicídio. Ele foi para prisão e passou o resto de seus dias como presidiário, restando a propriedade da ilha Kinster abandonada definitivamente. Os piores assassinos tinham medo de Kinster. Diziam a boca pequena que só matava por desmembramento vivo e que ele conhecia a terrível prática dos encolhedores de cabeça que vivem na floresta amazônica e que retiravam o rosto de suas vítimas com estas ainda vivas e anestesiadas por curare.  Sob o efeito do curare, as vítimas sentem dor, tem consciência de tudo a sua volta, mas não conseguem movimentar os músculos.
Dizem também da insólita construção que se constituía na mansão dos Kinsters. Em tudo se pareceria a um verdadeiro castelo de Drácula. O aspecto macabro da construção, a hera que subia pelas suas paredes e o próprio fato de ter sido construída na encosta de um precipício, uma gigantesca falésia a beira-mar que se projeta sobre a arrebentação de violentas ondas, tudo pareceria ter sido retirado de um filme de horror dos mais sinistros e povoava a imaginação do vulgo, do inculto, da gentalha e das crianças. Sobretudo das crianças. Toda gente culta e sensata desacreditava por completo nessas histórias que eram o deleite daqueles outros. Estes diziam que nada se sabia sobre a ilha e era melhor não saber, deixá-la para sempre a margem dos tempos. Apenas para não desenterrar as más lembranças, mas acho que era por medo mesmo.
Após o abandono da propriedade, alguns animais peçonhentos que eram criados por Leopoldo, pois este tinha mania de criar aranhas, escorpiões, sapos, serpentes para destilar e produzir diversos tipos de venenos, morreram de fome, pois pararam de ser alimentados, mas as serpentes conseguiram fugir e se multiplicaram por toda a ilha, transformando-a num dos maiores serpentuários do mundo, sendo hoje os únicos herdeiros dos Kirnstens. Bom, era o que se dizia, pelo menos.
O que sabe ao certo é que ficou a ilha abandonada, pois Leopoldo não tinha herdeiros e era o último dos Kinsters, que a ilha foi tomada pela floresta e pelas serpentes venenosas e a casa ficou definitivamente abandonada.


Parte 2 - a excursão até a casa mal assombrada

Com tantas histórias que se contava sobre a ilha dos Kinster, nunca ninguém tinha coragem e se atrevia a atracar ou se aventurar na ilha.
Eu sempre fui muito curioso e sonhava com uma aventura na ilha. Durante um ano planejei cuidadosamente  aquela supina aventura. Não podiam faltar recursos, tais como água, alimento, fogo, armas para me proteger dos predadores venenosos. Não acreditava muito nas histórias que contavam, nem a das cobras, mas, não se podia desleixar nos cuidados.  Convenci um amigo a ir comigo, pois não convinha ir sozinho,  e deixei um recado lacrado contando o que eu ia fazer, pois não convinha estar em lugar indeterminado em caso de emergência. No envelope escrevi, abrir apenas no dia ... se eu não tiver voltado. Era um dia depois do que eu planejava voltar.

Um barco, uma tenda para dormir, fósforos para acender uma fogueira... Tudo pronto.
Ao amanhecer de uma quinta feira iniciamos, eu e André Alemar, meu corajoso colega, a ousada empreitada.
 O trajeto do porto até a ilha foi tranquilo. O tempo estava bom, o Sol brilhava intensamente e apenas algumas cirrus pincelavam de branco a tela azul cerúleo do céu.  A orla amarelo-terra da ilha despontava orlando de ouro-sujo a escuro-verdejante encosta enquanto  aves soturnas flanavam por todo lado, mostrando que não devia haver tantas serpentes assim.
Logo que aportamos na praia que circunda a enseada principal onde ainda há um pier construído pelos antigos moradores da ilha, pegamos as mochilas e partimos.
Realmente, haviam muitas serpentes pelo caminho e conseguimos até matar algumas delas, mas, certamente, eram bem menos do que se dizia. Havia também escorpiões e aranhas, assim como sapos. Nada de mais. Depois de uma hora de caminhada através do caminho íngreme, porém calçado, apesar de tomado pelo mato e pelo musgo, em forma de degraus, por isso precisávamos andar com muito cuidados para não escorregar, avistamos o casarão tomado por trepadeiras.
 O conjunto, visto de longe, já era bastante assustador, fazendo jus as mais macabras histórias que se contavam. Porém, a medida que nos aproximávamos, o aspecto ia se tornando mais terrível, ultrapassando os limites da imaginação. Por todo parte a podridão, o abandono, as serpentes, sapos e escorpiões, sem falar em uma população enorme de morcegos, ratos e outros vadios noturnos.

Parte 3 - o parque de diversões secreto
Tinha que ter muita coragem para entrar ali. Imponente, porém sinistro, era um verdadeiro castelo, daqueles saídos das páginas de um romance de horror.
Arrodeamos a murada externa e encontramos o portão principal. Estava aberto. As portas rangiam tal come se gemessem de dor quando movimentadas. No interior do castelo o vento passeava por portas, janelas e frestas fazendo um som de lamúrias, como se almas penadas chorassem intensamente os tempos passados. Ali havia certamente uma história triste, de sofrimento. O que nos espantou foi encontrar pegadas sobre a poeira secular do assoalho. Quem poderia ter entrado ali recentemente?
Seguimos as pegadas e qual não foi nossa surpresa quando percebemos que, a medida que adentravamos o castelo, a esta pegada se juntavam outras, diferentes, pegadas de vários tamanhos, mas principalmente pequenas, de mulheres, crianças, quem sabe anões. Anões, isso mesmo! Uma das mais improváveis histórias que se contava a boca miúda nos bares mais escuros e nas esquinas mais solitárias sobre Leopoldo era que ele fazia experiências genéticas e que havia feito experiências com genes de anões. Diziam que havia descoberto a maneira de replicar anões. A história não era das mais populares, pois se considerava inteiramente improvável tanto as experiências do alquimista charlatão, quanto mais esta absurda descoberta. Consideravam simplesmente como mera fábula.
A medida que desciamos escadas tenebrosas, escuras, mais pegadas. E mais pegadas, até que começamos a ouvir  gritinhos alegres, mas ainda que fossem alegres, nosso sangue congelou nas veias. O jeito foi acelerar a batida dos nossos corações para que o sangue voltasse a circular nas veias e aquecer o corpo.
Enfim, um grande portão com uma bilheteria ao lado. Em cima, um cartaz anunciava altissonante  O grande parque de diversões de Kinster.
O que? Um parque de diversões secreto no porão do porão do porão do castelo? Não podia ser verdade, simplesmente era impossível. Abrimos o portão e nos estarrecemos vendo funcionar a todo vapor as máquinas maravilhosas e perigosas do incrível mas verdadeiro Leopoldo Kinster. E brincando alegremente e gritando de alegria, anões. Muitos anões, todos eles iguaizinhos. Eles simplesmente se comportavam como robôs. Eram incapazes de nos perceber. Só viam os brinquedos, apenas os brinquedos e nada mais.

Parte 4 - O laboratório e o livro de mágicas

Saímos do parque e seguimos procurando, não sabiamos muito bem o que. Na verdade sabíamos, apenas não queríamos no confessar um ao outro. O que queríamos, era o laboratório de Leopoldo, encontrar seus instrumentos, seu livro secreto de mágicas. Queríamos saber como funcionavam aquelas máquinas assustadoras e maravilhosas e, principalmente, como produzir anões robóticos e imortais, que não precisavam de alimento ou combustível para funcionar.
E, de fato, encontramos o tal laboratório e, o que era mais precioso, o livro de mágicas.
Infelizmente, o livro estava escrito numa linguagem única, uma mistura de Panonês arcaico com ilirio medieval e mais uma pitada de dalmácio moderno. Ninguém sabia como traduzir esta estranha e única  linguagem. Ainda bem que o documento foi considerado legítimo e conseguimos vendê-lo por uma pequena fortuna para um colecionador. O parque secreto foi aberto ao público o que nos rendeu notoriedade. Os anões foram estudados e muitas ONGs protetoras dos direitos humanos se revoltaram com as experiências a que foram submetidos.

domingo, 24 de julho de 2016

Associação de idéias - A Sociedade das Viúvas Negras

A ideia é escrever um conto associando três conceitos aleatórios.
Neste primeiro exercício, associei três ideias sugeridas em uma página de internet. Logo em seguida, vou associar três ideias sugeridas pelos leitores.

Os conceitos são os seguintes :
Medo de aranhas; Um estranho com aspectos sinistro; um anel desaparecido.

Parte 1 - Morte e Funeral
Nem sempre tive medo de aranhas. Isso começou há muito tempo quando entrei certo dia na cozinha para assaltar a geladeira ou beber água e a vi, gigantesca, espalhando todas as suas mil peludas patas por toda a parede e seus mil olhos por todas as direções que poderia apontar uma rosa dos ventos. Anos depois, para solidificar essa minha aracnofobia, assisti ao filme de mesmo nome e fiquei perturbado e insone por muitas noites.
Hoje, estou aqui no meu escritório e exercendo essa minha atividade de detive, que é esperar um novo caso, na maior parte as vezes, e resolvê-los o restante do tempo, e, enquanto espero, vou  relembrando e tomando notas a respeito dos últimos casos resolvidos, e, porque não confessar, daqueles poucos, que não são tão poucos assim, que jamais consegui chegar perto da solução.
Um deles, este que agora descrevo, aconteceu completamente por acaso, ao contrário dos demais.
Pois estava eu, a rua, fazendo qualquer coisa, ou me deslocando para algum lugar, não me lembro bem, quando me chamou a atenção naquele homem, vestido de terno preto, pois este tinha um anel cuja pedra, transparente, continha inerte uma pegajosa e peçonhenta aranha.
De repente, não é que o sujeito cai mortinho da silva, espalhando seu enorme e obeso corpanzil pela calçada, assim como a mão, espalhando os dedos envolvido um dos quais pelo tal anel e a tal aranha a qual me referi.
Por mais repulsa que me causasse a aranha, não poderia deixar de ajudar o sujeito, chamando imediatamente a emergência, ainda que tivesse sido tarde, pois ele sofrera uma apoplexia fatal e instantânea.
Não sei porque cargas d´água, provavelmente por causa do misterioso anel e seu estranho habitante, acabei fazendo contato com a família e compareci tanto ao velório como o funeral.
O funeral aconteceu no dia seguinte, um dia cinzento lastimado pelo vento e chorado pela chuva, tal como se os elementos estivessem também entristecidos com o lúgubre evento.
Antes do féretro, quando ainda estava aberto o caixão foi que dei pelo sumiço do anel. Tinha certeza de ter visto o anel no dedo do morto durante o velório, mas agora, percebia que não estava mais lá.
Curioso que sou, como todo bom detetive deve ser, e olha que minha modéstia não me impede de me incluir entre os tais, olhei entre os presentes e reparei que um pouco mais distante, como se estivesse por acaso acompanhando o enterro, um sujeito bastante estranho que parecia querer passar despercebido de todos portava em seu dedo um anel em tudo idêntico ao anel desaparecido. O .anel brilhava intensamente, mostrando sua unicidade para o universo. Não poderia ser outro, apesar de a igualdade ser coisa dificil de determinar, acho que este era um caso meio óbvio.

Parte 2 - A perseguição

Logo após o enterro, o estranho se retirou e eu, mais que depressa, o segui, pois sabia que ali estava um caso bastante misterioso e o mistério é a coisa que mais me atrai desde a mais tenra idade. Eu sempre gostei de assistir filmes e ler romances de mistério. Meu diretor favorito  : Hitchcock. Meus escritores favoritos : Poe, Conan Doyle e Agatha Christie. Meu sonho : ser o Dupin, um Sherlock Holmes ou um Hercule Poirot, sem deixar de citar Miss Marple, para não me taxarem de sexista.
Como dizia, ele pegou um taxi e eu peguei outro, logo a seguir. Para o motorista o tradicional, "siga aquele carro!"
Os taxis foram andando e cada vez se avizanhavam das cercanias da cidade, até ultrapassá-las e seguir para as bandas rurais, uma estrada bastante isolada e por mim desconhecida. De repente, um longo muro margeando a estrada e, logo mais, um grande e majestoso portão.
O taxi parou e o outro taxi um pouco mais atrás. O sujeito estranho saiu, pagou a conta e adentrou a propriedade. Eu o segui pulando o muro e fui seguindo até as paredes do casarão. O sujeito foi margeando a casa e dobrou uma de suas quinas. Eu virei logo em seguida, mas o sujeito havia desaparecido.

Uma imensa parede de um lado, do outro, uma imensa planície. Não podia ter escalado a lisa e vertical parede sem janelas, nem corrido até sumir no horizonte em tão pouco tempo. Só podia haver uma entrada secreta. Procurei cautelosamente pela parede e pelo chão, até que encontrei uma argola de ferro e esta argola presa a um alçapão. Abri o alçapão e entrei. 


Parte 3 - A sociedade das Viúvas Negras

Longa queda se seguiu. Através de um tubo. Talvez não fosse tão longa, mas foi esta a minha impressão. Quando cheguei ao chão, vi que estava em uma ante-sala. Ao lado, um armário continha vestimentas estranhas, com capuz tipo aqueles da ku-klux-klan. As vestimentas eram negras e na região do peitoral tinham um círculo com uma aranha no centro. Havia uma porta ao final do corredor. A um canto, uma enorme arca repousava. Foi atrás desta que me escondi ao ouvir o barulho descendo pelo tubo, aquele mesmo ruido que ouvi durante a minha própria descida.
O cara foi e pegou uma das vestimentas e começou a vesti-la. Nem percebeu eu chegando por trás e o acertando na cabeça com o meu cacetete, pois sempre trago um para estas horas. Vão me questionar pelo meu ato, mas fui movido pela certeza de que se tratava de assuntos obscuros e ilegais. Amarrei o cara, pois no meu kit detetive sempre trago corda também, o amordacei com um pedaço rasgado de sua camisa e o escondi atrás da arca. Coloquei a roupa e entrei pela porta que ficava ao final do corredor.
Lá dentro, várias pessoas vestidas com aquela mesma vestimenta se apinhavam em torno de um círculo, No centro do círculo, um bebe dormia tranquilamente dentro de um cesto. Todos possuíam também um anel de aranha igual aquele que tinha desaparecido do dedo do morto e aparecido no dedo do homem sinistro. Um deles, provavelmente o chefe, pois possuía em sua vestimenta uma aranha maior começou um discurso. As partes mais importantes que me lembro são aquelas em que, para o meu horror, descrevia a finalidade da Sociedade das Viúvas Negras e daquele ato. A finalidade da Sociedade das Viúvas Negras era vingar aqueles casais que haviam perdido seus bebês nos primeiros dias por maus tratos ou erros médicos. Ele se vingavam roubando crianças e as sacrificando. O princípio do ritual havia surgido da corrente de pensamento místico denominada Irracionalismo, criada na Panônia no século XVIII, Esta corrente, que era um culto místico que tinha por objetivo realizar o sofrimento que o fizera sofrer para purgar o sofrimento. A principal razão para fazer isso é a falta de lógica do ato, princípio básico do irracionalismo, criado por um tal de Ralpft Rolmster, antigo, curandeiro, místico e alquimista.
O que me deixava cabreiro era sujeito estranho e misterioso ter roubado o anel. Isso não fazia sentido, pois cada membro da Sociedade das Viúvas Negras tinha seu próprio anel. A única explicação plausível era que o sujeito não pertencia a Sociedade e era uma invasor tal como eu
A certa altura, quando o lider da seita empunhava uma faca para sacrificar o bebe, apareceu um cara a gritou : Tem algum invasor entre nós. Encontramos um dos nossos amarrado atrás da arca na ante-sala. Todos terão que retirar o capuz. Exatamente nesta hora, um dos encapuzados sacou uma arma e gritou : Policia, estão todos presos por assassinato de menores.
Era o sujeito estranho. Ele era policial e estava investigando a Sociedade. 
Exatamente nesta hora, um dos sujeitos se aproximou e ia atingir o policial por trás, mas eu o acertei com meu cacetete, que sempre trago comigo.
Assim, estava dissolvida e exterminada a Sociedade das Viúvas Negras e para sempre afastado o perigo que rondava suas pequenas e potenciais vítimas.
Mais um caso encerrado.

domingo, 17 de julho de 2016

Ana amava perdidamente e respeitava acima de tudo seu marido José. José tinha uma paixão louca e secreta  por Alfredo. Mas este queria mesmo era Ana.
José, desesperado, resolveu se livrar de Ana, pondo formicida em seu café.
Alfredo, desejando cada vez mais loucamente Ana, declarou-se a esta e, para disfarçando, presenteou Alfredo com uma garrafa de uísque no qual colocou uma quantidade mortal de arsênico.
Ana, irada com a ousadia de Alfredo, foi até seu apartamento e, sem que ele pudesse esboçar reação, acertou um tiro bem no meio de sua testa.
Foi para casa, jantou e tomou um café. Logo começou a se sentir mal e começou a vomitar. Enquanto isso, José a via se contorcer em dores enquanto tomava tranquilamente uma dose de uísque, daquele presenteado por Alfredo.
Nanci, esposa de Alfredo, não se conformando, num acesso de fúria matou os filhos e depois acabou com a própria vida.
Todos terminaram de um jeito que não esperavam :  nas manchetes, fazendo parte do cardápio de leitura daqueles que se alimentam do sangue que jorra das páginas líquidas dos jornais

-x-

 Sua vida levou exatos dez minutos.
No primeiro minuto, sentiu fome.
No segundo, roubou uma laranja na feira e saiu correndo.
No terceiro minuto, sua mãe morreu durante o parto de seu décimo irmão.
No quarto minuto, foi a vez de seu pai, baleado durante um assalto a padaria.
No quinto minuto ele foi reprovado pela terceira vez no quarto ano do primeiro grau.
No sexto minuto, ele desistiu de aprender a ler.
Ao sétimo minuto de sua curtíssima vida, ele fumou sua primeira pedra de crack.
No oitavo minuto ele estava dormindo na calçada de uma rua deserta, quanto tomou um surra.
Nono minuto, a semelhança de seu pai, foi baleado logo após bater uma carteira e sair correndo.
O décimo minuto foi incompleto, pois já nada sentia, nem ao menos o gosto das formigas que passeavam em sua boca.





Os três esperavam na esquina. Tinham entre 14 e 16 anos.
A qualquer momento o mensageiro iria passar levando uma valise cheia de dinheiro para a folha de pagamento da empresa. O contador deu o serviço. Era bico. Só atirar e pegar o dinheiro. Depois, pernas pra que vos quero?
Deu certo, apesar de ser errado. Mas só no começo. Um deles pensou - porque dividir se eu posso ficar com tudo. Só  separar o dinheiro do contador. Logo depois de matar o mensageiro, atirou num é noutro comparsa. Assim é  o pensamento criminoso, sem palavra, sem honra.
De nada adiantou, o contador pensou do mesmo jeito e ele ficou sem dinheiro e sem vida.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

-x-

só em teu corpo
a minha boca se cala
: mergulho


-x-


teus lábios
 : ancoradouro
onde atracam-se
os meus

depois : buscar outros portos?

- x -

duas nuvens uma chuva
chora a manhã
com seus olhos de névoa
as saudades da noite
a Lua
pálida e medrosa
esconde-se no horizonte
o Sol
orgulhoso e reticente
despontando sobre o cume das montanhas
dita as regras do dia
agradecidas as flores
em sorrisos coloridos
o riacho risca em giz azul
a lousa verde  da campina

 -x- Incógnita

cinismo, catarse, tristeza ou alegria ?
vontadedemeestontearloucamente ?
em teus olhos dúbios
eis o x da questão

-x-

quem sou eu?
quem eu desejaria ser?

o que fazer para deixar de ser o que sou e ser o que desejaria?
eu preciso ser outro todo dia
outro dia é tudo que eu preciso
eu preciso ser ninguém
eu preciso ser alguém
eu preciso ser
eu preciso de alguém
eu não preciso de ninguém


 


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Sua língua é como mil línguas quando passeia  na minha
e então em  braços múltiplos que meu corpo se aninha
os seus olhos são mil olhos nos meus
quando  me vejo infinitamente repetido nos seus
multiplica-se o amor em mim quando me amas
se pérolas brilham nas lágrimas que derramas
és como a superfície multifacetada de um diamante
pois és as mil promessas que se faz ao seu amante
mil quilates repousam sobre meu peito
da pureza cristalina, indelével e sem defeito

segunda-feira, 4 de julho de 2016


a verdade nua e crua
não é só sua
mas é minha
e é de todos
também
mas a mentira
coitadinha
não tem dono
e vive no desterro
juntamente com o erro
ambas expulsas
e renegadas
justamente
por quem foram geradas

aqueles mesmos de quem falávamos

domingo, 3 de julho de 2016

Encontro fatal

Dalva era solteira. Já com trinta anos, nunca fora atraente. Isso não a impedia de sonhar os beijos ardentes e úmidos de um príncipe encantador qualquer que por acaso lhe aparecesse.
Ronildo era um inveterado assassino de mulheres solteironas. Ele se aproximava especialmente das solteironas sem encanto e se aproveitava de sua fragilidade, jogando sua irresistível boa conversa e as envolvendo com facilidade.
Cada um vivera sua vida de forma apartada.
Pois não é que Ronildo entrou na vida de Dalva, para a infelicidade de ambos.
Ela nem bebia, mas certa noite, não se sabe muito bem porque, mas, enfim, essas são coisas do destino, este falastrão cômico e brincalhão pois  vive nos aplicando peças, resolveu tomar uma cervejinha no bar.
Quem dera tivesse sido só uma, mas uma primeira cerveja chama uma segunda e esta uma terceira e eis que resta o coração desprotegido e, então, as já frágeis resistências se afrouxam.
Acompanhando, com olhos ávidos e gananciosos, Ronildo já urdia seu plano sinistro.
Quando os olhos de Dalva passearam, distraídos, sobre os seus, ele sorriu seu melhor e mais sedutor sorriso e piscou levemente um dos olhos. Ela, bastante desacostumada a ser alvo de paqueras, logo se encantou. Não era para menos. Ronildo era bonito e simpático, seu olhos transmitiam infinita segurança de si mesmos, um indício perigoso, mas extremamente sedutores às mulheres, ainda mais quando estão carentes.
Começaram a conversar e, em pouco tempo, pareciam se conhecer há muito tempo. Ficaram logo íntimos, amigos e não demorou muito para Dalva estar caidinha de amores pelo seu nefasto namorado. 
Começaram a se encontrar regularmente e, enfim, chegou o dia do casório. Ela tinha suas posses, um renda garantida, além de trabalhar como professora de História na universidade. Além do apartamento, ela possuía quatro lotes de terreno no subúrbio e uma chácara na região serrana, frutos de uma herança.
Não havia passado um mês e ela começou a desconfiar. Em especial de sua atividade. Ele dizia ser representante de aparelhos para surdez. Mas ela nunca viu ele abrir sua valise, sempre trancada. O que ele fazia o dia todo? - perguntava-se Dalva. Ele dizia visitar médicos fonoaudiólogos, fazer apresentações do funcionamento dos aparelhos, dar manutenção nos aparelhos. Haviam poucos fonoaudiólogos na cidade e ela nunca o viu receber nada pelo correio. Estranho, muito estranho.
Um dia, ela aproveitou uma de suas muitas ausências e resolveu procurar a polícia.
Detetive Leverton é experiente e tem renome. Já foram vários casos por ele deslindados. Dentro os quais o célebre caso da testemunha arrependida que recentemente ocupou as manchetes dos jornais Ele ficou encarregado de saber mais sobre Ronildo. Com a foto e o nome ele enviou consultas aos banco de dados das mais diversas delegacias, estendendo sua consulta a uma área de vasta abrangência.
Enquanto isso, Ronildo planejava o "acidente" do qual Dalva seria vítima. Fora com acidentes forjados que se livrara das mais de dez esposas que já tivera Nenhuma delas sequer desconfiara de Ronildo o que facilitou bastante os seus planos. Uma delas caiu da escada, outra foi eletrocutada, outra ainda caiu do décimo andar de um prédio tentando limpar uma mancha do lado de fora da janela. O acidente de carro forjado foi outra alternativa utilizada. Mas, dessa vez, pois ele gostava de variar para não criar um padrão que pudesse ser rastreado, ele queria utilizar o artificio da sufocação por esgasgamento.  A idéia seria pegar ela de surpresa e causar o sufocamento com um travesseiro e depois emular o engasgue introduzindo um pedaço de alimento em sua traquéia.
Enquanto isso, o detetive Leverton recebia informações sobre o suspeito. Ele havia se envolvido em mais de um caso com a policia. Fotos mostravam que era a mesma pessoa, mas com identidades variadas. Temendo por Dalva, o detetive contactou policiais para deterem o sujeito. A força policial chegou a casa de Dalva, pouco tempo depois de sua morte, mas a tempo de prender o finório, que desta vez se deu mal.

Foi assim que do encontro fez o desencontro, que da junção dos corpos e das intenções opostas partiram as almas cada qual para o seu lado.
Ora, não fique triste. Nem sempre as histórias acabam bem. Esta acabou meio mal e meio bem, e, portanto, não tão mal assim.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O que é a inteligência? Dizem alguns que seria uma grande capacidade de memorizar. Dizem outros que a capacidade de raciocinar e resolver complicados  problemas matemáticos. Mas, na verdade, a inteligência é a capacidade de se adaptar a qualquer situação de maneira a realizar o máximo possível de felicidade em si e nos outros. E há tantos gênios que foram infelizes.


Leituras :

Tenho buscado listas de melhores livros de todos os tempos e tentado ler o máximo possível. "Non multa sed multum," ditado latino que significa que não se deve ler muitas coisas, mas ler coisas muito importantes. As listas variam bastante, esta aqui é um exemplo até certo ponto muito bom, mas todas elas pecam de um ou outra forma, talvez até porque seria impossível relacionar adequadamente tudo que há de melhor. Mas, parte dos livros quase sempre aparece entre os melhores.
Nesta abaixo, boa parte aparece na maior parte das listas, mas faltam alguns que quase sempre aparecem no topo, tais como  O Estrangeiro de Albert Camus que li recentemente, assim como Adeus às armas de Hemingway e Laraja Mecânica de Anthony Burgees, ambos também recentmente lidos. Estou lendo o Ulysses de James Joyce bastante difícil de digerir ao contrário de outros desta lista.


1 . In Search of Lost Time by Marcel Proust
Tenho o livro mas ainda não li.
2 . Ulysses by James Joyce
Estou lendo
3 . Don Quixote by Miguel de Cervantes
Li
4 . Moby Dick by Herman Melville
Li
5 . Hamlet by William Shakespeare
Li
6 . War and Peace by Leo Tolstoy
Li
7 . The Odyssey by Homer
Li apenas uma adaptação
8 . The Great Gatsby by F. Scott Fitzgerald
Li
9 . The Divine Comedy by Dante Alighieri
Li  O inferno e O purgatório, mas não li o Paraíso
10 . Madame Bovary by Gustave Flaubert
Li
11 . The Brothers Karamazov by Fyodor Dostoyevsky
Li
12 . One Hundred Years of Solitude by Gabriel Garcia Marquez
Li
13 . The Adventures of Huckleberry Finn by Mark Twain
Li
14 . The Iliad by Homer
Li uma adaptação
15 . Lolita by Vladimir Nabokov
Não
16 . Anna Karenina by Leo Tolstoy
Li
17 . Crime and Punishment by Fyodor Dostoyevsky
Li
18 . Alice's Adventures in Wonderland by Lewis Carroll
Não
19 . The Sound and the Fury by William Faulkner
Não
20 . Pride and Prejudice by Jane Austen
Li

Pretendo completar esta lista (faltam apenas 5) e continuar com o restante da lista até 40.

Minhas leituras mais recentes :
1889 - Laurentino Gomes; O irmão alemão - Chico Buarque de Holanda; Escuridão Total sem Estrelas - Stephen King; Adeus ás armas - Heminghway; O estrangeiro - Albert Camus; A guerra do fim do mundo - Vargas Llosa; Comer, Rezar, Amar - Elizabeth Gilbert; A estepe - Anton Tchekhov;

Leituras atuais - Ulysses - James Joyce, Desespero - Stephen King;

Próximas leituras - Em busca do tempo perdido, Marcel Proust; Os Buddenbrooks - Thomas Mann.

-x-

Lá se vão os últimos silfos de uma derradeira sinfonia. Tolo arquiteto, indireto diapasão. O que nasce, um dia morre, disse um senhor pessimista, mas só pode morrer o que ainda vive, responde a senhorita cheia de vida. Vou colocando uma letra atrás da outra, procurando que se produza algum sentido, mas mas o temor contém a mão que treme, enquanto arfa e freme o peito. Admetus preferiu a vida do que o amor incondicional de Alceste, porém Medéia preferiu a morte dos filhos do que perda do amor de Jasão.

Cada dia que passa eu tenho mais certeza de que tudo se resume a uma grande dúvida. Os que tem certeza não passam de tolos. A dadivosa mãe do conhecimento sempre foi a Humildade. Por isso, luto e aguardo ansioso a derrota final dos arrogantes.