terça-feira, 7 de abril de 2015

meu poema
é só pó
não o pó que não cheiro
mas o pó de minha estrada
o que deixei de minha estada
é o pó que o vento espalha
e que me corta qual navalha
é o pó do pó
do vale do Pó
que está cheio de pó do vale

(abelhas andam
a espalhar seu pó-len
pelas suas encostas empoeiradas)

meu poema vale um vale
: "entrada no paraíso"
é um vale-sorriso
meu poema é um só
é bom estar tão só
pô! o pó
que meu poema é
é o pó que é meu poema
(ai que dó!)
é o pó de pirlimpimpim
é de onde eu vim
o que restará de mim
o pó ao qual voltarei
se quiser é Voltaire
pois se pó não é Deus
precisaria ser inventado
sou pó a teus pés se sou poeta
e se me deixas a porta aberta
é aí que a coisa aperta
se o que se aperta é um baseado
meu poema é
e nada mais
é princípio e fim de mim
é do não e do sim o meu fim
antes que me esqueça,  meu poema
é a mãe!
não a tua
mas a minha
a mãe do meu sorriso
(leia-se lágrima)
foi de lá que nasci
e hei de morrer ali
neste útero antes úmido
que de tanto me parir secou

afinal
meu poema não é só meu
meu poema é meu e de quem quiser!

quarta-feira, 1 de abril de 2015

1-solidão

ruas solitárias
apinhadas de gente

corações vazios


2-mesmos dias

hoje
é o ontem
com nova roupa

3-já ou ainda

não sei
já não era sem tempo
ou se já era tarde
mas fiz


4-caro diário

hoje não fiz nada
que já não tinha feito
mas hoje prometo ser diferente

5-
O que se faz é o que se leva
mas, o que eleva é o que se faz
o que se tem
é o que não se tem,
mas emprestado ao tempo
por isso não reclame
se o que o tempo trouxe
o tempo tomar

O que é grande ? o que está a sua volta
quem é importante ? quem está ao seu lado

a hora mais apropriada :
agora

o melhor a fazer :
o que precisa ser feito
a pessoa mais indicada :
você

não deixe passar o SEU momento
ele é qualquer um que tenha a sorte de dispor
Você possui esta rara honra de ser dono de seu próprio mundo

6-
perca-se e se ache
morra para depois renascer
abra-se ao mundo
que ele se abre para você

7-
duas pessoas se cruzam
se olham e se atraem
sonham

(sonho de desejo e sangue)

mas, cadê a coragem

seguem, entristecidas, seus áridos caminhos