quinta-feira, 24 de abril de 2014

que o mundo exploda ou renasça
e a vida se faça ou se desfaça
se em teus braços não me importa
depois que chegas e abro a porta
as horas passam sem custar
os ponteiros rodam loucamente
rodopiam idéias na mente
que o mundo exista ou não exista
quem há de dizer sem espanto
sob o traiçoeiro encanto
do feitiço do teu olhar?

só o Sol quando amanhece
e sob sua luz tão intensa
a estranha teia que tece
e a natureza toda a se espreguiçar
poderia dizer a um coitado
que jamais amou ou foi amado
que nunca passeou pelo teu corpo
(e isso é igual a estar morto)
que o mundo não é feito  de gelo
que se derrete todo ao apelo
teu corpo aberto a clamar
-x-x-x-
No final de semana vou postar algumas fotos do lugares que visitei durante minhas férias na Califórnia.

O roteiro foi o seguinte : Natal/São Paulo/Miami/Las Vegas/Death Valley/Trona Pinacles(Ridgecrest)/ Randsburg, Fresno, Sequoia Park, Mariposa/ Yosemite/ Groveland/ San Francisco/ Carmel/ Big Sur/ Solvang/Santa Barbara, Los Angeles/ San Diego/ Miami/ Salvador/Natal

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Voltei

Eu sou mudo

e todos tão surdos

que adianta dizer

se ninguém ouve?

que adianta escrever

se todos são tão cegos?


(e eu fui tão cego

em não te escrever

e tu fostes cega

em não me ler

fomos ambos cegos e  surdos

neste mútuo esquecer)

estão todos ocupados demais

com seus próprios pensamentos

para se preocupar

com o que os outros se preocupam

até eu, até eu, que sou ateu

(que me perdoe Deus por ser assim)

devo a todos confessar

( o que me faz o único humano errado no mundo

confessar é ser criminoso

e só os que pecam escondidos são puros

neste mundo de confessas aparências)

egoístas, é isso que somos!


não adianta chamar

trimmmmmmmmmmmmm

pois só dá tú tú tú tú tú

todos só querem ler

o que eles próprios escrevem

ou então ler alguém muito famoso

(mesmo que só seja besteira)

não porque se interessem

mas para não ficarem por fora

que esperança pode ter

um desconhecido escritor?

uma linha não tem o devido valor

um livro custa tanto a escrever

(ele é feito apenas de linhas, vírgulas e pontos

nem sempre de idéias)

e não sei se vale o esforço

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

eu não sou você

nós não somos vós

vós não sois alguém

ninguém é de ninguém

alguém não é ninguém

nós nem somos nossos avós

os netos que temos nós não somos

mas somos todos tão parecidos

bem mais parecidos do que supomos

x-x-x-x-x-x-x-x-x-

o retrato

que repousa na parede

sobre a rede

em que repouso

me faz esquecer

ao invés de lembrar

tenho a memória invertida

só lembro do futuro

o passado aprendi a esquecer

-x-

amanhã

será o mesmo dia

tudo é sempre igual

sob Sol e sob chuva

só eu mesmo

é que posso mudar

está em minhas mãos

impedir que o passado se repita

mas, não

eu só sei ficar reclamando das coisas

e dos outros

devia reclamar de mim

Abro a janela

e grito

não deveria gritar

o mundo é reconstruído com silêncio

as cores berram

o retrato em preto branco exprime

só o que deve ser expresso

-x-

Nem sempre soube o que sei

mas ainda sei tão pouco

por outro lado, todo mundo sabe tudo

(ou pensa saber)

a arrogância

é parente

da ignorância

talvez seu disfarce

o saber exige tempo e esforço

a ignorância exige arrogância

( a descrença e quase um saber)

é tão difícil plantar

a semente da dúvida

no solo infértil da ignorância

- falta-lhe a imaginação

sobram-lhe dogmas

-  muletas argumentativas -

diferentemente

o solo sábio

é fértil

a semente da dúvida logo germina

e cria novos mundos

-x-

o mar

é distante

do mar

quando estou triste

o teu olhar

sumiu

nas areias do tempo

o meu lar

não é meu lar

minha rua

não é minha rua

eu sozinho

eu abandonado

eu sem-teto

sob a umidade

branca da Lua

a frieza da calçada

aquece meu coração

teu corpo é meu lar

só me sinto em casa

quando estou dentro dele