sábado, 25 de junho de 2016

Resta um de meus anos. Transformá-lo em cem ou em mil é o que me resta.

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Cheira a flor o sabor de vida. A abelha traduz esperança, a criança que ainda há de mim.
E percebo a crista escarpada da serra, onde os ventos se encontram e conversam em mútuos pés-de-ouvido. De deleite em deleite, sigo através do dia, em cada canto um surpresa, em cada surpresa um momento escondido. Ora é a ave que rasante do mar se aproxima, ora é a nuvem fugaz das horas que ensombra o Sol por instantes. Tão lépida a ave e vasto o Sol, tão tênue a nuvem ante a escandalosa luz solar. Ao findar o dia, em um explosão colorida que, aos poucos, se transmuta em vinho e escuridão, eis que a noite nos traz novidades A água da chuva, pois a água é vida e a vida é a água. Antes as gotas foram um rio, um lago ou o mar, depois vapor, neblina ou nuvem, eis que agora retornam ao relento calmo de seu original elemento : o seio escuro e frio da terra. Hei de esperar, insone, as estrelas se libertarem e rodarem estonteadas pelo breu profundo e azulado do zênite, até o a alvorada desponte e tudo recomece em seu eterno ciclo.


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Dela escapei, mas fez a volta pelo outro lado da quadra e me reencontrou na esquina. Só o mistério é que vem depois. Se é a escuridão ou luz, quem me dirá?


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Amei-te como um louco, esqueci e depois recomecei a te amar, agora mais brando, mais calmo e maduro, nos céus etéreos da memória.