terça-feira, 24 de novembro de 2009



escalar com língua voluptuosa a íngreme vereda que serpenteia em
direção ao cume agudo do teu seio
esculpir meu coração sangrado e perfurado pela seta afilada da paixão
no contorno do aveludado do teu ereto mamilo
incandescer meus olhos e ocultar minha face no vale exótico e tropical
que pulula de vida entre as tuas coxas
recolher-me das bravias intempéries na gruta santa e saciar nas tuas
umidades a sede com que me castigam as secas
enveredar meu tronco pela ravina receptiva a úmida com que me esperas
ousada e serena


Benno

terça-feira, 10 de novembro de 2009

INTEMPÉRIE



u
m tufão
passou em minha vida
e me deixou molhado
(de desejo e de prazer)

mas depois
me deixou inclemente
sem remédio e sem bandeira
(acabou-se a brincadeira)

eu a lembrar entristecido
que nunca nada parecido
me castigou tão cruamente
intempérie em meu caminho
um mau tempo em meu destino

e agora
esta nua tempestade
que encharca as ruas da cidade
foi molhar em outros mares
foi olhar que mais havia
por tantos outros continentes

fui apenas mais um penitente
no caminho de um tornado
que erode o coração da gente

hoje sou um tronco arriado
de uma antiga azaléia
retorcido e desenraizado
que um vento arrancou da aléia

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

estes meus olhos...


estes meus olhos
cansados
de tanto ler
já não te enxergam
eis-me então
encharcado de tanto saber
mas privado
de toda beleza

estes meus dedos
atrevidos
exploram tuas reentrâncias
e compensam
o descuido dos meus olhos

Benno