segunda-feira, 14 de julho de 2008



mergulha a Lua no horizonte
adormece a noite
despertando o meu pensar
só a noite é capaz
de me despertar por dentro
a luz me acorda para o mundo
a escuridão me acorda para mim mesmo

voraz o tempo
que consome contente meus dias
e provoca sem prometer

voraz tua boca
que consome com raiva meu ser
e possessa possui minha língua

louca fantasia
esta em que andam
mergulhados meus sonhos
este mar de tormentos
estas tormentas implacáveis
em que singram meu dedos instáveis
afogo-me em teus desejos
sou brinquedo singelo
em tuas mãos infantis
paisagem castigada
na natureza intocada
de teus olhos perdidos

sexta-feira, 4 de julho de 2008

hei ainda de amar-te
quando teu corpo curvar-se
sob império de muitos anos
e mesmo se os seios murcharem
e a pele toda enrugar-se
como as flores que encantam os dias
e depois perdem suas pétalas
hei de amar-te ainda tanto
quanto te amo nesta hora
pois te amo mais que teu corpo
amo-te mais do que a vida
amo-te ainda mais que me amo

Penso, logo...

penso
logo insisto

o pensamento deixa a gente cabeça-dura
mas, por outro lado
só o pensamento faz a gente mudar
por isso insisto em pensar

chorar?
mas porque?
melhor sorrir
o sorriso
perante o choro
é como o carvão
frente ao diamante
acho que sou um carvão
que tem um diamante
em seu miolo

um dia
olhando estrelas
tive um estalo
estrelado o céu
como o céu da boca
estrelados os dentes
restaurações metálicas
o frio envolve minha língua
o calor em meio aos meus lábios
sorriso de aço
banhado em lágrimas de crocodilo
que o tornam gélido
mas a carne viva e vermelha
de tua boca vem o aquece
sou uma boca solitária
sorridente e aberta
feito larga cicratiz
umidecida fartamente
pelas lágrimas de saudade
que minam meus olhos
a espera da tua