No meio do caminho
havia uma pedra no caminho
mas há tantas pedras
que uma a mais não fará diferença
e sem pedras o caminho é sempre o mesmo, liso e igual,
tão sem graça
que a pedra por magia nele se faça
ora, uma pedra não é assim tão mau
mas se for uma pedra grande
tão grande
que bloqueie o meu caminho
só mesmo dinamite
Sabedoria
No justo caminho
a verdade paira (o vinho)
só um gole
na estreita garganta
a sabedoria santa
me engole
e me deixa
entre o ter e o ser
entre a arrogância e a modéstia
da luz uma réstia
entre a coragem e a covardia
sobra mais um dia
que se vive sem saber
Solidão
é tão imenso
( e triste)
o mar
entre duas ilhas
Pérola
lágrima:
pérola solitária
nascida no bojo escuro
do ostracismo
...
Não a rua
mas sim a calçada
que me importa a cidade
se posso me perder
na multidão
e ainda ser alguém
sábado, 28 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
I - A mulher ideal
Amo a puta que existe
dentro de uma mulher
que faz de mim e dos outros
tudo aquilo que bem quer
e ao que os outros é abjeto
a mim é coisa que muito agrada
ser um homem-objeto
de uma moça safada
mas só para contradizer
amo também a outra parte
e tenho muito a dizer
se permitir minha arte
da mulher que me é submissa
que é decente e vai a missa
e faz tudo que eu quero
na cama e na cozinha
que sempre foi apenas minha
e por isso mesmo a venero
mas isso tudo é bem pouco
a poesia é imensa
e o poeta é um louco
que tudo diz sem ofensa
e tanta coisa adora inventar
que nada na vida lhe faz mal
por isso agora vou cantar
da mulher que a mim é igual
pois ela mais do que tudo
de qualquer maneira que seja
de paixão me deixa mudo
e está comigo pois me deseja
mais que tudo no mundo
e meu viver se torna fecundo
mas a mulher que mais amo
e da qual nunca reclamo
é aquela que resuma
todas aquelas em uma
II- Estranho
Não me chame
pelo meu nome
sou apenas um desconhecido
sem nome e sem coração
que invadiu tua noite
e incendiou o teu corpo
Amo a puta que existe
dentro de uma mulher
que faz de mim e dos outros
tudo aquilo que bem quer
e ao que os outros é abjeto
a mim é coisa que muito agrada
ser um homem-objeto
de uma moça safada
mas só para contradizer
amo também a outra parte
e tenho muito a dizer
se permitir minha arte
da mulher que me é submissa
que é decente e vai a missa
e faz tudo que eu quero
na cama e na cozinha
que sempre foi apenas minha
e por isso mesmo a venero
mas isso tudo é bem pouco
a poesia é imensa
e o poeta é um louco
que tudo diz sem ofensa
e tanta coisa adora inventar
que nada na vida lhe faz mal
por isso agora vou cantar
da mulher que a mim é igual
pois ela mais do que tudo
de qualquer maneira que seja
de paixão me deixa mudo
e está comigo pois me deseja
mais que tudo no mundo
e meu viver se torna fecundo
mas a mulher que mais amo
e da qual nunca reclamo
é aquela que resuma
todas aquelas em uma
II- Estranho
Não me chame
pelo meu nome
sou apenas um desconhecido
sem nome e sem coração
que invadiu tua noite
e incendiou o teu corpo
domingo, 15 de agosto de 2010
"As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveria viagens nem aventuras nem novas descobertas." - Voltaire
As paixões não têm razões, mas são as únicas razões que encontramos. Sem elas a vida não vale a pena ser vivida, ainda que elas nos causem dor e problemas, que nem sempre sejam seguras e certeiras, muitas vezes nos levando ao erro. Mas há que se tentar, pois a alternativa seria nada fazer e nada fazer seria não existir. Ajo, logo existo. Se só se agisse diante da certeza do resultado, nada teria sido feito, pois a certeza não pode preceder o feito. Diante do erro, que nunca é fracasso (o único fracasso de fato é nem tentar) nada resta a não ser levantar a cabeça e tentar de novo.
"Pois tudo que é grandioso é perigoso; e é verdade, como diz o adágio, que o que é belo é difícil." - Sócrates (A República)
As paixões não têm razões, mas são as únicas razões que encontramos. Sem elas a vida não vale a pena ser vivida, ainda que elas nos causem dor e problemas, que nem sempre sejam seguras e certeiras, muitas vezes nos levando ao erro. Mas há que se tentar, pois a alternativa seria nada fazer e nada fazer seria não existir. Ajo, logo existo. Se só se agisse diante da certeza do resultado, nada teria sido feito, pois a certeza não pode preceder o feito. Diante do erro, que nunca é fracasso (o único fracasso de fato é nem tentar) nada resta a não ser levantar a cabeça e tentar de novo.
"Pois tudo que é grandioso é perigoso; e é verdade, como diz o adágio, que o que é belo é difícil." - Sócrates (A República)
É tão simples ficar em casa sem fazer nada, mas a vida vai passando na janela e quando percebemos que ela passou já é bem tarde. Vemos a sombra da vida não vivida se esvair no horizonte à medida que o Sol se põe. Mas não percamos a esperança. A luz vai romper do outro lado, novamente e poderemos nos levantar e mudar tudo isso. Talvez seja o último dia pois toda a hora é uma boa hora para se morrer. Mas se esta hora não tiver ainda chegado, que se viva!
Tudo deu errado, mas vivi e não havia nada mais nobre a ser feito, pois amei. E amar é tudo, mesmo que se tenha deixado amar, pois quem amou ainda ama, nem que seja a lembrança de um doce beijo.
Tudo deu errado, mas vivi e não havia nada mais nobre a ser feito, pois amei. E amar é tudo, mesmo que se tenha deixado amar, pois quem amou ainda ama, nem que seja a lembrança de um doce beijo.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Multiplicação
completam-se
nossos corpos
nossos corpos
fundem-se
nossas almas
nossas almas
em orgasmos múltiplos
multiplicam-se os nós
que nos amarram
multiplicam-se os nós
que nos amarram
Desejo
em volta do teu umbigo
meu desejo passeia
ânsia de te possuir lento
abrigado ou ao relento
na tua ou na minha cama
sobre a grama ou a areia
tuas curvas acentuadas
e tua pele dourada
mexem tanto comigo
fazem vibrar minhas veias
que derretem-se ígneas
tenho-te sempre aqui dentro
em minha circulação sanguínea
meu desejo passeia
ânsia de te possuir lento
abrigado ou ao relento
na tua ou na minha cama
sobre a grama ou a areia
tuas curvas acentuadas
e tua pele dourada
mexem tanto comigo
fazem vibrar minhas veias
que derretem-se ígneas
tenho-te sempre aqui dentro
em minha circulação sanguínea
Língua venenosa
tua língua entre lábios vermelhos
me provoca
entres os pelos do meu peito se enrosca
AR
o vento
este leve ar que lentamente sopras
insufla meus pulmões
de desejos
MILAGRE
a doçura do olhar
me engana
doce engôdoeste em que caio
só não caio o bastante
SANGUE
Doarei meu sangue e meus olhos
por um momento em ti
pois quando lá
nada mais verei
a não ser teu cerne
e a fusão difusa de nossas veias
dispensará o pulsar do meu coração
e bastará o teu
terça-feira, 10 de agosto de 2010
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Viagem ao redor do nada.
Vontades, é tudo que há, apenas vontades. Vontade de te ver, vontade de nunca mais te ver, te amo e odeio a um só tempo, beijo a boca e ofendo a fenda, funde-se de opostos e de sombras o teu rosto, na maquiagem que o tempo traçou em rugas tuas histórias. Sobras de madeixas espalhadas pela casa, rastros do teu desespero, dizem-me mais as folhas orvalhadas espalhadas na varanda. O amanhecer me deixa sonolento, mas o anoitecer desperta o vampiro que me habita. Esta ânsia plangente de devorar o sangue de tuas regras e vomitar todas almas que em vão sorvi. No futuro e no presente eu estou e não estou. Entre o sonho e o acordado, olhos abertos e fechado, zumbi sonâmbulo a vagar na noite. Eu nunca mais deixei que as coisas acontecessem, elas têm ido por si só. A arte de deixar-se ir arrastado pela correnteza da vida, a levar em direção a foz da morte. É lá no mar que hei de morrer, como os navegantes que cruzaram só a metade do oceano. É tudo que resta, a vontade de deixar-se ir.
Vontades, é tudo que há, apenas vontades. Vontade de te ver, vontade de nunca mais te ver, te amo e odeio a um só tempo, beijo a boca e ofendo a fenda, funde-se de opostos e de sombras o teu rosto, na maquiagem que o tempo traçou em rugas tuas histórias. Sobras de madeixas espalhadas pela casa, rastros do teu desespero, dizem-me mais as folhas orvalhadas espalhadas na varanda. O amanhecer me deixa sonolento, mas o anoitecer desperta o vampiro que me habita. Esta ânsia plangente de devorar o sangue de tuas regras e vomitar todas almas que em vão sorvi. No futuro e no presente eu estou e não estou. Entre o sonho e o acordado, olhos abertos e fechado, zumbi sonâmbulo a vagar na noite. Eu nunca mais deixei que as coisas acontecessem, elas têm ido por si só. A arte de deixar-se ir arrastado pela correnteza da vida, a levar em direção a foz da morte. É lá no mar que hei de morrer, como os navegantes que cruzaram só a metade do oceano. É tudo que resta, a vontade de deixar-se ir.
Perdas
Só se sabe o valor de alguma coisa quando é perdida. Todos já lamentaram alguma perda. Algumas inclusive serão para sempre lamentadas. De nada adianta lamentar, entretanto. Há perdas inevitáveis que são duras de aceitar, dentre estas as mais duras são as de pessoas que amamos, sempre irreparáveis perdas, quase sempre inevitáveis. Objetos são sempre descartáveis à excessão das obras de arte . Mas as perdas mais lamentáveis são aquelas que poderiamos ter evitado. Um amor que não cultivamos, uma amizade que se perdeu por falta de cuidado. Aí temos que centrar nossa atenção. Temos que saber porque as perdemos, para não perdemos de novo.
Viagem
Viajar é um grande aprendizado. Aprendemos a respeitar as diferenças. A viagem não deve ser uma fuga da nossa própria vida, pois nos levamos juntos nas viagens e lá dentro de nós ela permanece com todos os seus problemas. Mas trocamos um pouco de alma durante as viagens e ficamos renovados para enfrentar as nossas vidas. Surgem novas idéias, pois viajar é também viver, e viver até mais intensamente.Poema
dorme aqui em mim o triste sentimento
da flama opaca que se insufla num momento
nos olhos o aço a frio da fé feroz verbera
um frêmito olfato que se traduz da fera
da presa inerme e exangue jamais se compadece
pois do que o coração tão só em si carece
excede a mão atroz do ato que arrefece
esconde a intenção em vão pois transparece
dorme aqui em mim o triste sentimento
da flama opaca que se insufla num momento
nos olhos o aço a frio da fé feroz verbera
um frêmito olfato que se traduz da fera
da presa inerme e exangue jamais se compadece
pois do que o coração tão só em si carece
excede a mão atroz do ato que arrefece
esconde a intenção em vão pois transparece
Benno
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