Nasceu no bosque uma pequena flor. Pétalas singelas, cores suaves
como nenhum pintor jamais seria capaz de combinar, em perfeita harmonia
com a paisagem que lhe cerca. Escondida sob as gramíneas e distante dos
olhares, dela ninguém se dá conta, pois germinou longe do caminho dos
homens. Mas ela, por sua vez, também não se dá conta de quem vai pela
estrada. Ela não precisa de olhares. Ela se basta. Lhe basta o simples
amor de uma errante abelha que atrevida roube seu néctar e leve seu
pólen a outras paragens ou de fugaz beija-flor que dela se enamore. Talvez se vá em breve, pois uma flor dura
pouco, sem que jamais tenha sido vista. Mas, que lhe importa ter sido
esquecida?
Assim é também o destino do verso que nunca
foi publicado. Nasceu na alma do poeta apaixonado para traduzir seu
sentimento único e morreu em seu esquecimento. Parece triste, mas na
verdade o verso, quando iluminado pela verdade do sentimento, basta em
si por sua luz, assim como a flor que desabrocha isolada dos olhares e
desaparece sob as folhas secas do campo.
Os olhares são apenas intrusos.
.... no entanto, a pele é lugar de tantas alegrias.
ResponderExcluirviver o real....isso nao tem preço.
[gostei da ilustração]
bj
beijo
Quantas raras e pequeninas flores eu surpreendi sendo polinizadas? Mas as respeitei na sua intimidade. Abelhas, pássaros e flores têm uma relação de dança e prazer que vão além da poesia e a própria ciência já se sente e obrigada a reconhecer.
ResponderExcluirBelos momentos passei aqui, Benno. Obrigada! Posso voltar? Será que estou me excedendo no teu universo poético? Abraço!