O que há no caminho? A sombra do caminhante que a seu lado o acompanha. Pois seu passo é solitário, mas suas mãos buscam companhia. O coração anda sereno, mas a mente turbilhona em pensamentos vários. É que tudo a seu redor lhe é pertinente. Tem interesse no mundo. Sente inveja até daqueles que nada pensam, que se cansam e se entediam de tudo, pois descansam eternamente (será que morte? se pergunta). É que pensar dói e cansa e morrer é tão indolor. Mas que seria uma vida vazia, um corpo sem alma, um copo vazio, um lamento, um substrato sem sua essência? A alma do idiota talvez esteja perdida, apenas seu corpo é que sereno (cale este riso tolo e lhe dedique um minuto de silêncio). A luz do pensamento enerva. Então que se pensasse com calma, nunca esse furacão de pensamentos. Tendo só a eterna sombra por companheira. Que há de ser quando o Sol e a Lua sumirem e deixarem de emitir sua luz? O que sobra num mundo sem sombras e sem luz? A aniquilação definitiva das diferenças fará sobrar apenas a igualdade do nada. Esta luz intensa que enlouquece, a tortura da escuridão que esvazia. Quisera transformar-se em gelo e não ter que escolher nada.
Quantas coisas disse, mas não disse nada, talvez a mais cruel obsessão de quem escreve é este indefinido problema. Indefinido assim por lhe faltar as devidas condições de contorno. A falta, assim como o excesso, é uma necessária etapa da vida.
Quantas coisas disse, mas não disse nada, talvez a mais cruel obsessão de quem escreve é este indefinido problema. Indefinido assim por lhe faltar as devidas condições de contorno. A falta, assim como o excesso, é uma necessária etapa da vida.
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