Estes textos já foram postados. É só um repeteco. É que eu gosto de rever o que eu escrevi, assim como ler livros que já li há muito tempo, rever filmes antigos e coisas assim. Sem tirar o pé do futuro, mantenho um pé no passado, pois, se sou uma promessa, sou também uma história.
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Três irmãs muito formosas foram infelizes cada qual a sua própria maneira.
A primeira, Julinha, era a mais bela das três e conquistou o mais requisitado dos rapazes. Ele era o herói da turma, forte, vistoso, batia em todo mundo. Tinha vários sacos de pancada. Hoje, Julinha, casou-se com ele e faz às vezes de saco de pancada. Aliás, o guri não deu para nada nessa vida. Ficou barrigudo, não trabalha e é Julinha que o sustenta.
A segunda, Verônica, era muito bonita e não gostava de estudar. Queria muito ser dondoca e casou com um rapaz de família bem rica. O moço, tadinho, nada bom das idéias, volta e meia tem um surto. Hoje, a coitada, ao invés de bater pernas nos shoppings das grandes capitais fazendo compras, tem que internar regularmente o marido. Não tem tempo nem para amantes.
A terceira, Vera, casou com um rapaz que apreciava a velocidade. Derrapou numa curva e morreu. Vera o amava de verdade e, hoje, verte lágrimas sobre seu túmulo e deposita flores todos os dias.
A vizinha, Adelaide, na qual ninguém reparava (nem eu, que não a citei no começo desta narrativa) e que nem de longe era tão bonita quanto as três, casou com um rapaz calado que ninguém reparava. O rapaz, apesar de tímido, era até bem apessoado e se dedicava ao máximo a tudo que fazia. Dedicou-se ao trabalho e teve uma vida confortável. Dedicou-se a Adelaide e ela foi a mais feliz das quatro.
(Não sei se devia falar da outa vizinha, Lucelinda, mas seu fim foi tão terrível que preferi me calar)
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Vilarmino tinha um defeito. Ele gostava das coisas dos outros. Bastava um menino ganhar um bola, um skate, um brinquedo qualquer, para ele desejar com a mais intensa das vontades.
Desejou ter as notas dos colegas quando era menino. Depois, desejou passar na mesma faculdade que seu amigo passou. Mais tarde, desejou o emprego de outro amigo. E, por fim, desejou a mulher de ainda um outro amigo. Tanto desejou que conseguiu a mulher e fazer de um amigo, seu inimigo.
Derramou-se e esvaiu-se dentro da mulher do amigo, mas três balas alojadas na cabeça e muito sangue espalhado pelo chão foi seu fim.
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Abelarda era carne, Valenciana, uma redoma de vidro. Uma perecia de braço em braço, a outra, conservada em formol, nunca foi tocada.
Uma carne apodreceu em mil doenças. A outra carne, apesar de morta, conservou-se eternamente.
Filme de terror : A zumbi e a Múmia. Pelo menos, é um bom título.
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Do resto, eu esqueci.
O esquecimento é um santo remédio.
Abençoado os que esquecem. Livres do ódio, possuem o coração para amar.
Até que um enfarte os carregue.
Não se enganem, pois ser bom é bom por si, mas os bons morrem do mesmo jeito.
Amem pelo próprio prazer de amar e não para ganhar um prêmio. É tão feio ser interesseiro.
POEMAS
Ponto final
Lá no fim do meu poema
tem um ponto final
depois dele o silêncio
tudo fica muito mal
e volta ao seu normal
A felicidade é tão breve
escrever me deixa leve
mas a vida segue e me chama
apaga a minha chama
e me atira de novo à lama
do dia a dia banal.
Saudades
Saudades
dor que nos arrebenta por dentro
dor cuja voz nada faz calar
Qual a razão da saudade?
não sei!
ninguém sabe!
pois a saudade é como uma flor
e uma flor não tem razão se ser
pois não há razão nenhuma
para ela florescer e encantar nossos olhos
não há nenhuma razão para ela exalar tão suave e inebriante perfume
e não há o menor motivo para que ela irradie cores
em toda volta do lugar em que antes só havia sua ausência
mas uma flor
uma não mais que singela flor
diz mais e muito mais
que toda pergunta e que toda resposta
e da mesma forma
a saudade diz bem mais que qualquer poema
pois você não estava aí quando eu mais precisei
e por isso e apenas isso
eu senti a dor lancinante da mais profunda saudade
se quer uma explicação, então deixa eu tentar
saudade é falta
saudade é vazio
saudade é, talvez, procura
mas a razão da saudade é tua ausência
e eu senti tua falta e senti um vazio e ter procurei
e não encontrei
porque me faltaste agora que tanto te desejava?
sentir saudade dói tanto como quando
a gente ajuda alguém e acaba sainda prejudicado
e quem a gente ajudou ainda fica com raiva da gente
(e pior ainda, quando se percebe que no fundo
não se queria ajudar a ninguém mais fora a gente)
queria sentir
da tua presença que nunca tive
do teu cheiro gosto que nunca inalei
da tua voz que nunca ouvi
do teu olhar que nunca olhei
queria sentir saudades de tudo isto
mas sinto apenas a saudade de tuas palavras
pois sempre as li
LUANA é LUZ
Luana é a Luz da Lua.
Luana na noite, a prata dos olhos ardentes sob a luz da Lua, o prato prateado reflete seu rosto.
Luana ao Luar a pensar em dar seu corpo a qualquer seu súdito. Luana a sonhar que é rainha. Ter os homens aos seus pés submissos aos seus caprichos.
Luana sonha se dama, mas na verdade é piranha, é o prêmio maior de quem a queira, pois Luana é a Lua e andam juntas suas luzes. A luz da Lua, tomada ao Sol, a luz de Luana furtada aos seus sonhos.
Luana na rua, Luana na Lua, Luana é meu sonho e seu sonho é também ser sua a Lua . Luana é luz da inocência, na indecência da noite, na excrescência das ruas, na avidez de escuridão que tem a Lua. Qual queres das duas? A Lua e seu romantismo ou a a falta de decoro de Luana?
O que responde a vida: a morte, pois sua inclemência não perdoa!
Mas Luana é eterna e não morre (e no fundo este é seu desejo). Dá só para quem é especial e ela bem descobriu que todos o são.
Luana é cheia de graça, mas não é de graça, ... bom, é quase isso...
Luana na rua, Luana na noite, ela é minha ou é tua? Luana é nossa assim como o é a Luz da Lua, pois sua luz é democrática e vadia e se projeta igualmente sobre todos.
Mas...sempre quando você tiver uma oportunidade de rir, ria; sempre quando você tiver uma oportunidade de dançar, dance; sempre quando você tiver uma oportunidade de cantar, cante – e um dia você descobrirá que você criou seu paraíso....não é assim poeta??
ResponderExcluirBeij0
Hoje quero agradecer por todas as vezes que você me fazer sorrir com tua linda visita em meu blog, por me fazer acreditar que existem pessoas e pessoas…
ResponderExcluirObrigada…
Simplesmente obrigada…
Que Deus te abençoe sempre…
Um lindo final de semana.
Beijos
Ani
o texto das 3 irmãs, não é que eu queria saber o destino da vizinha Lucelinda.. (lol)
ResponderExcluirobrigada
:)
Seus textos e poemas são o espelho de você mesmo e da realidade, que o rodeia.
ResponderExcluirPobre das três irmãs. É preciso ter muito azar!
Luana, que é a Luz da Lua, como diz, ora pode ser dele ou tua, portanto, é demos, ou seja é do povo.
Boa semana.
Beijo.
PS: voltei a postar, mas coisa pouca, no "Luzes e Luares". Passe lá, quando lhe for possível. Obrigada!
Olá Benno,
ResponderExcluirGostei de todos os textos. Uns carregam humor, todos a sensibilidade de quem saber traduzir o que vê, o que sente sente. E para isso não há diploma. Não há como ensinar. Há como aprender. Mas somos nós mesmos os nossos professores. Um abração! :)
Oi Benno,
ResponderExcluirEu comentei na postagem desse texto quando publicaste. Todos eles são excelente. É bom reler novamente...Como sou curiosa, continuo ainda a pensar qual foi o fim da Lucelinda???!!!
Defeito grave esse do Vilarmino, Esse cara gosta mesmo das coisas outros.Tanto procurou que terminou duro debaixo de 7 palmo de terra.
Beijos e ótima semana!