quarta-feira, 10 de julho de 2013

não repare esta ruga
que vinca bem fundo
meu carregado sobrecenho
e nem na voz triste e mortiça
e o tom meio roquenho
mas o sorrir cheio de gosto
vivaz e bem esperto
que ainda insiste
em cortar todo o meu rosto
pois é bem simples a lei
que deste sempre sei
que rege o meu olhar
sem menor pestanejar
e que registra a minha face

- a noite sempre cai
mas vem o dia e me renasce -

não observe a curvatura
produzida no corpo
pelos meus doridos anos

-tantos anos
tantas marcas
tantas barcas
tantos danos -

mas repare a minha cultura
e o olhar corajoso
e jamais depoente
que ostento orgulhoso
sobre os meus vis oponentes
não repare o lado poente
em que o meu Sol triste mergulha
um lado escuro e sem memória
perdido na História
e do qual ninguém se orgulha
mas me espere amanhã
com aparência leve o louçã
enfrentando a ventania
pois eu hei de nascer de novo
e iluminar sempre o teu dia

Um comentário:

  1. Como sempre disse minha mãe, o importante é a beleza que carregamos e poucos conseguem ver. O corpo é apenas uma casca. Parabéns pelo texto!
    Um abraço!

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