terça-feira, 26 de janeiro de 2010

a beleza mórbida
deste gélido teu olhar
detalhe sórdido
que adivinho em teu esgar
procurei uma maneira
de tua alma perscrutar
e alguma poesia
enfim nela escutar
mas em teu coração
nada havia
além de densa escuridão
teu destino e tua sina
é viver na solidão
e viver sem mim
é o teu triste fim

Ora, nem sei porque escrevo se escrever é apenas uma parte de mim, já que as palavras são minhas tanto verbos quanto substantivos, esta tão triste e pequena metonímia é bem tola e despropositada sina, bem menor que eu mesmo. Qual a razão de fazer algo menor do eu, eu que já tão pequeno sou? Melhor seria apenas ser, coisa bem mais completa e bastante, ser sem me ultrapassar nem ficar aquém de mim. Esta parte que se desprende de mim, a palavra proferida ou escrita, é sempre uma parte menor, nem mesmo a melhor, do meu pensar, e por isso proveito e aprovação de todos menos meu, pois a alguém certamente acrescenta e avulta mas que a mim só subtrai e avilta.

4 comentários:

  1. Oi Benno, por aqui lendo voce...

    As vezes suas palavras são tão cortantes, que preciso de tempo para digerir...
    Vc tem as palavrs sob seu domínio e com elas faz estragos...

    Um beijo carinhoso...

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  2. Querido amigo,

    Vim te ler e encontro um poema de despedida? Pobre de quem ficou sem uma pessoa linda como vc. Um encanto de poeta que desenha mundos com as palavras.


    Beijosssss

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  3. escreve porque suas palavras soam lindamente nos corações que escutam...

    simples assim.

    adorei Poeta!

    beijos

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  4. Suspenso...existindo apenas sem questionar... magnifico modo de nos cumprir-mos... mas o acto de criar não nos permite esta vã gloria!

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