me vejo no espelho, me sinto um rei
o olhar dominador, a juba imponente
o porte assustador, me vejo um Leão
mas, no fundo, eu sei que sou só um gato
Uma tarde na praça
O velhinho na praça, sentado no banco, pensa com seus botões:
"Eita, casalzinho descarado. Olha só! A vadia se esfrega no marido
como fosse transar com ele aqui mesmo, em plena praça!"
"E o marido, sem-vergonha, passando a mão na bunda da esposa? Tão sem-vergonha
que não respeita nem a própria esposa."
Neste pensar do velhinho, havia dois erros.
Primeiro: apesar de condenar, ele bem que queria estar lá!
Segundo: os dois eram casados, mas não um com o outro!!!
Valtencir
Valtencir era uma garoto genial que extraía raiz quadrada sem pensar. Ele desenvolveu um tipo de vegetal geneticamente modificado que tinha raízes quadradas, e ele não precisava pensar quando extraía suas raízes. Aliás, não pensar era um de suas atividades preferidas. Desenvolvera uma verdadeira arte de não pensar e obtinha grandes frutos deste não-pensar. Por exemplo, pouco importava a ele que uma guerra estava neste mesmo momento sendo disputada e que a morte ceifava diariamente um enorme número de vidas inocentes da face da Terra. A ataraxia (nos vocabulários céptico e estóico, estado em que a alma, pelo equilíbrio e moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais, atinge o ideal supremo da felicidade: a imperturbabilidade) era seu grande produto. Ele simplesmente não tinha defeitos. Era perfeito! Perfeito, mas nem tanto. Tinha um pequeno defeito na língua que o impedia de falar corretamente. Trocava a letra “a” por asurbanipalnabucodonosor. Assim, quando ia falar uma palavra simples como banana, por exemplo, invariavelmente saía:
- basurbanipalnabucodonosornarsurbanipalnabucodonosornasurbanipalnabucodonosor.
Era realmente muito difícil entender, ainda que muito divertido, o que Valtencir dizia quando o que dizia envolvesse a letra “a”, mas isto não queria dizer grande coisa, já que não há grande interesse em saber o que pensa alguém que não pensa. Outro defeitinho, me lembrei ainda agora. Matou seu irmão com uma bala por causa de uma bala. Brigaram por conta de uma bala de menta já meio chupada. Não sei se era de menta ou de anis ( Erva da família das umbelíferas -Pimpinella anisum- originária do Egito, a qual fornece a essência de anis, usada na fabricação de licores e xaropes; erva-doce, pimpinela), mas não importa. Cada um dizia, por sua vez, que a bala de menta (ou de anis?) era sua. Não chegaram a um entendimento. Valtencir não mais se controlou e, se valendo da própria bala de menta (ou de anis?), surrou seu irmão. Não se sabe muito bem como se pode surrar até a morte outra pessoa com uma simples bala de anis (ou de menta?), mas esta é a estória que contam. por aí Morrer assim é terrível, tão terrível como morrer de qualquer outro jeito. Afora isso, Valtencir era de morrer de rir!
Coração de Pedra
Vai-te embora e leva contigo meu coração. Ele já não me servirá de nada sem você. Você o roubou de mim e a ti pertence.
Sei que não te servirá de nada, sei que te fará pesar a bagagem, mas se não o queres, livre-se dele e o atire nas correntezas de um rio, para servir de alimento aos peixes, ou o enterre no campo para adubar a terra. Quem sabe as suas carnes enrugadas se tornem um lindo peixe dourado ou um maravilhosa e colorida flor. Será uma última chance de vê-lo sorrir, acostumado ao pranto e a dor que tem sido.
Acho que o melhor para mim é ter uma cavidade vazia no peito no lugar de um coração que só me dá desconsolo. Ou, então, transplanto um pedra fria e sem vida para substituir o seu pulsar.
Me confortaria a quietude da rocha no lugar do impaciente e intranqüilo pulsar desta posta de carne retalhada e indócil.
Acho que vou melhor sem sentimentos do que tê-los todos não correspondidos. Talvez seja melhor ser um objeto sem préstimo, inerte e coberto de musgos do que ter a ânsia a me corroer as entranhas. Jamais vi uma pedra coberta do limo do tempo chorar. Nunca vi um lago sofrer e das estrelas nunca ouvi os lamentos. É essa vida que, ao mesmo tempo que nos empurra e retrai, que faz correnteza nas veias, que faz palpitar o coração, que nos faz o sofrer e chorar. Livre da alma serei coisa e encontrarei, enfim, a paz que nunca tive.
Quem sabe você saiba conviver melhor com teus sentimentos, pois eu já desisti deles e prefiro ser só uma pedra de sal.
"Eita, casalzinho descarado. Olha só! A vadia se esfrega no marido
como fosse transar com ele aqui mesmo, em plena praça!"
"E o marido, sem-vergonha, passando a mão na bunda da esposa? Tão sem-vergonha
que não respeita nem a própria esposa."
Neste pensar do velhinho, havia dois erros.
Primeiro: apesar de condenar, ele bem que queria estar lá!
Segundo: os dois eram casados, mas não um com o outro!!!
Valtencir
Valtencir era uma garoto genial que extraía raiz quadrada sem pensar. Ele desenvolveu um tipo de vegetal geneticamente modificado que tinha raízes quadradas, e ele não precisava pensar quando extraía suas raízes. Aliás, não pensar era um de suas atividades preferidas. Desenvolvera uma verdadeira arte de não pensar e obtinha grandes frutos deste não-pensar. Por exemplo, pouco importava a ele que uma guerra estava neste mesmo momento sendo disputada e que a morte ceifava diariamente um enorme número de vidas inocentes da face da Terra. A ataraxia (nos vocabulários céptico e estóico, estado em que a alma, pelo equilíbrio e moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais, atinge o ideal supremo da felicidade: a imperturbabilidade) era seu grande produto. Ele simplesmente não tinha defeitos. Era perfeito! Perfeito, mas nem tanto. Tinha um pequeno defeito na língua que o impedia de falar corretamente. Trocava a letra “a” por asurbanipalnabucodonosor. Assim, quando ia falar uma palavra simples como banana, por exemplo, invariavelmente saía:
- basurbanipalnabucodonosornarsurbanipalnabucodonosornasurbanipalnabucodonosor.
Era realmente muito difícil entender, ainda que muito divertido, o que Valtencir dizia quando o que dizia envolvesse a letra “a”, mas isto não queria dizer grande coisa, já que não há grande interesse em saber o que pensa alguém que não pensa. Outro defeitinho, me lembrei ainda agora. Matou seu irmão com uma bala por causa de uma bala. Brigaram por conta de uma bala de menta já meio chupada. Não sei se era de menta ou de anis ( Erva da família das umbelíferas -Pimpinella anisum- originária do Egito, a qual fornece a essência de anis, usada na fabricação de licores e xaropes; erva-doce, pimpinela), mas não importa. Cada um dizia, por sua vez, que a bala de menta (ou de anis?) era sua. Não chegaram a um entendimento. Valtencir não mais se controlou e, se valendo da própria bala de menta (ou de anis?), surrou seu irmão. Não se sabe muito bem como se pode surrar até a morte outra pessoa com uma simples bala de anis (ou de menta?), mas esta é a estória que contam. por aí Morrer assim é terrível, tão terrível como morrer de qualquer outro jeito. Afora isso, Valtencir era de morrer de rir!
Coração de Pedra
Vai-te embora e leva contigo meu coração. Ele já não me servirá de nada sem você. Você o roubou de mim e a ti pertence.
Sei que não te servirá de nada, sei que te fará pesar a bagagem, mas se não o queres, livre-se dele e o atire nas correntezas de um rio, para servir de alimento aos peixes, ou o enterre no campo para adubar a terra. Quem sabe as suas carnes enrugadas se tornem um lindo peixe dourado ou um maravilhosa e colorida flor. Será uma última chance de vê-lo sorrir, acostumado ao pranto e a dor que tem sido.
Acho que o melhor para mim é ter uma cavidade vazia no peito no lugar de um coração que só me dá desconsolo. Ou, então, transplanto um pedra fria e sem vida para substituir o seu pulsar.
Me confortaria a quietude da rocha no lugar do impaciente e intranqüilo pulsar desta posta de carne retalhada e indócil.
Acho que vou melhor sem sentimentos do que tê-los todos não correspondidos. Talvez seja melhor ser um objeto sem préstimo, inerte e coberto de musgos do que ter a ânsia a me corroer as entranhas. Jamais vi uma pedra coberta do limo do tempo chorar. Nunca vi um lago sofrer e das estrelas nunca ouvi os lamentos. É essa vida que, ao mesmo tempo que nos empurra e retrai, que faz correnteza nas veias, que faz palpitar o coração, que nos faz o sofrer e chorar. Livre da alma serei coisa e encontrarei, enfim, a paz que nunca tive.
Quem sabe você saiba conviver melhor com teus sentimentos, pois eu já desisti deles e prefiro ser só uma pedra de sal.
Deliciso ler voce...
ResponderExcluirBeijos!
Hummm.. adoro gatos...
ResponderExcluirMas que não tenham corações de pedra...rs
Mais beijos...
Benno, Natal é amor, é paz, é harmania, é felicidade...
ResponderExcluirNatal é amizade, é festa, é riso é alegria....
Natal é ter amigos como voce, que durante todo o ano alimenta a nossa alma com palavras de amor e carinho...
Que bom ter voce como amigo... ter feito parte da sua vida, mesmo que virtual, mas sempre tão presente...
Beijos e muita paz em seu coração....