A Arte da Separação
Um dos momentos mais cruciais na vida de uma pessoa é a hora de dizer adeus. Há um momento certo para cada adeus que se dá.
Temos que perceber que quando tudo já acabou, quando já não adianta juntar os cacos e que os cacos que restam espalhados pelo chão já não se encaixam. É um momento dolorido, mas necessário. Enfrentar de peito aberto a dor de dizer adeus a alguém e a quem se amou loucamente é ter a coragem e sabedoria de suportar uma grande dor em detrimento do prolongamento de uma dor muito maior, que é a de viver um mundo de aparências.
Não há dor maior que estampar um sorriso falso quando está sangrando o coração.
Entretanto, nem todo tipo de adeus é definitivo. É triste ver tanta gente aprisionada a amores que se extinguiram. É como estar aprisionado na cratera de um vulcão extinto. A dor aguda da separação é menos dolorosa que a dor velada e continua da vida em disfarce. O ser que não é ele mesmo, que representa um papel que, no fundo, não desejaria representar, é menos que um ser, é quase um não-ser. Ser negado e ser que se nega. Negação mútua. O nada se relacionando a coisa nenhuma através de um relacionamento inexistente. E perde-se as oportunidades de voltar a amar. Mortos insepultos aqueles que vivem relações de aparências e desistem para sempre de amar.
Quantos amores ainda nos restam por serem amados! Quem sabe na próxima esquina não te depares com uma nova paixão. A nova paixão é sempre a paixão! Quem ama, ama como se fosse a primeira vez. Quem ama, ama como se fosse a última vez.
Há, além da arte da separação necessária e definitiva, a arte da separação provisória. A dor de uma separação provisória, se encarada do devido ângulo, não é uma dor, mas alegria. É que a dor da separação provisória é uma tempero da felicidade futura. Uma breve separação excita e apimenta os amores que, de estarem tanto tempo juntos, já sofreram certo desgaste.
Além do mais, quando nos afastamos provisoriamente de alguém, estamos fazendo uma longa caminhada cujo ponto de partida e o ponto final são os mesmos. Uma caminhada em círculos é assim: quando mais se afasta mais se aproxima. A cada passo que se dá, se afasta o ponto de partida, mas se aproxima o ponto da chegada. Quando digo até logo e me afasto, não estou indo, mas, desde já, voltando. E digo assim para o meu amor: cada passo que dou para longe, estou mais perto de ti, pois mais se aproxima a minha volta.. E assim, nos separamos felizes da vida! E, na volta, nosso amor engrandeceu-se na proporção da distância e do tempo que nos afastamos.
Temos que perceber que quando tudo já acabou, quando já não adianta juntar os cacos e que os cacos que restam espalhados pelo chão já não se encaixam. É um momento dolorido, mas necessário. Enfrentar de peito aberto a dor de dizer adeus a alguém e a quem se amou loucamente é ter a coragem e sabedoria de suportar uma grande dor em detrimento do prolongamento de uma dor muito maior, que é a de viver um mundo de aparências.
Não há dor maior que estampar um sorriso falso quando está sangrando o coração.
Entretanto, nem todo tipo de adeus é definitivo. É triste ver tanta gente aprisionada a amores que se extinguiram. É como estar aprisionado na cratera de um vulcão extinto. A dor aguda da separação é menos dolorosa que a dor velada e continua da vida em disfarce. O ser que não é ele mesmo, que representa um papel que, no fundo, não desejaria representar, é menos que um ser, é quase um não-ser. Ser negado e ser que se nega. Negação mútua. O nada se relacionando a coisa nenhuma através de um relacionamento inexistente. E perde-se as oportunidades de voltar a amar. Mortos insepultos aqueles que vivem relações de aparências e desistem para sempre de amar.
Quantos amores ainda nos restam por serem amados! Quem sabe na próxima esquina não te depares com uma nova paixão. A nova paixão é sempre a paixão! Quem ama, ama como se fosse a primeira vez. Quem ama, ama como se fosse a última vez.
Há, além da arte da separação necessária e definitiva, a arte da separação provisória. A dor de uma separação provisória, se encarada do devido ângulo, não é uma dor, mas alegria. É que a dor da separação provisória é uma tempero da felicidade futura. Uma breve separação excita e apimenta os amores que, de estarem tanto tempo juntos, já sofreram certo desgaste.
Além do mais, quando nos afastamos provisoriamente de alguém, estamos fazendo uma longa caminhada cujo ponto de partida e o ponto final são os mesmos. Uma caminhada em círculos é assim: quando mais se afasta mais se aproxima. A cada passo que se dá, se afasta o ponto de partida, mas se aproxima o ponto da chegada. Quando digo até logo e me afasto, não estou indo, mas, desde já, voltando. E digo assim para o meu amor: cada passo que dou para longe, estou mais perto de ti, pois mais se aproxima a minha volta.. E assim, nos separamos felizes da vida! E, na volta, nosso amor engrandeceu-se na proporção da distância e do tempo que nos afastamos.
Tudo que é bom dura pouco
Tudo que é bom dura pouco
o prazer é um momento louco
um orgasmo que leva um instante
Já estou velho porém fui infante
mas a paixão é um curto pavio
arde intenso depois resta frio
o ocaso é átimo colorido
mas não é muito comprido
e a flor quando desabrocha
reverbera fulgurante qual tocha
mas logo a seguir sempre murcha
após ela só fica a aridez da rocha
a iguaria mais tenra e gostosa
comemos em parte por ser cheirosa
sofregos como nunca acabar fosse
mas eis que acaba-se o que era doce
da beleza noturna os matizes
tinge sombrios de amantes os deslizes
mas são logo quebrados pelo brilho solar
quando a manhá rompe pelo ar
As cores do dia são as atrizes
que as da noite torna infelizes
vãos beijos que de um segundo não passam
momentos sublimes que logo fracassam
toda felicidade é efêmera e fugaz
a tristeza um inimigo invencível e audaz
Só a amizade e o verdadeiro amor
em meio a tanta tristeza e dor
hão de para todo sempre perdurar
se cultivados seja do jeito que for
as feridas do tempo haverão de curar
Tudo que é bom dura pouco
o prazer é um momento louco
um orgasmo que leva um instante
Já estou velho porém fui infante
mas a paixão é um curto pavio
arde intenso depois resta frio
o ocaso é átimo colorido
mas não é muito comprido
e a flor quando desabrocha
reverbera fulgurante qual tocha
mas logo a seguir sempre murcha
após ela só fica a aridez da rocha
a iguaria mais tenra e gostosa
comemos em parte por ser cheirosa
sofregos como nunca acabar fosse
mas eis que acaba-se o que era doce
da beleza noturna os matizes
tinge sombrios de amantes os deslizes
mas são logo quebrados pelo brilho solar
quando a manhá rompe pelo ar
As cores do dia são as atrizes
que as da noite torna infelizes
vãos beijos que de um segundo não passam
momentos sublimes que logo fracassam
toda felicidade é efêmera e fugaz
a tristeza um inimigo invencível e audaz
Só a amizade e o verdadeiro amor
em meio a tanta tristeza e dor
hão de para todo sempre perdurar
se cultivados seja do jeito que for
as feridas do tempo haverão de curar
Benno Assmann