sábado, 29 de novembro de 2008




Tantas vezes as palavras me perseguem
outras tantas eu que em vão as persigo
a inspiração que surge às vezes do nada
se esconde quando dela eu mais preciso

pois se surge ao vento um verso de repente
a mão afoita agarra e a retém segura
mas a força da mão é traída pela mente
se na fraca memória depois a procura

quisera ter caneta e papel nestes momentos
pois o traçado de uma em outra perdura
pelo mesmo tempo que tento em inútil esforço
no mundo da poesia, da criação e da aventura

sou só mas o papel em branco é meu companheiro
assim como a o teclado ou a caneta e o tinteiro
pois as horas passageiras se passam num instante
nesta busca recorrente, inprofícua e desgastante


Benno Assmann

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Sol brilha radiante lá fora
mas é a noite que tomou os meus dias
meu olhar gelou nas sombras
minhas pegadas pregaram nas sobras
e o juízo entorpeceu
meus sonhos foram roubados pela realidade
hoje meus olhos, encharcados de lágrimas,
vêem tudo turvo e apagado
no jardim retinem as cores das flores
mas sou cego ao que belo e só enxergo a dor
as aves cantam e inebriam com seus trinados requintados
mas sou surdo à música e consigo ouvir lamentos
qual a luz que poderá me despertar deste sono?
esta é a luz, a luz em que perco meus dias
a luz que persigo mas não consigo ver
como o tonto inseto que gira loucamente ao redor da chama
é a luz que um dia alucinou meu raciocínio
a paixão que azedou o que era nata em mim
pois a paixão que é incompleta e esta é a minha
a que mora em um e morre no outro
e se embatem como a montanha e o vale
não é luz, mas sim escuridão
a escuridão que morre aqui no peito