quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

 era menino
e havia um campo
no qual sonhava amar
mas quisera ter amado em qualquer lugar

( o amor não veio)

o campo é hoje feito de cinzas
os sonhos morreram
o amor se acabou
o menino cresceu
ficou forte seu corpo
mas um coração desapaixonado
repousa calado em seu peito

(quisera ser fraco, mas ter amado
pelo menos por um dia)

o rapaz que ontem seguia em frente
sem medos
envelhecido precocemente
prefere agora ficar quieto
no seu lugar
na segurança absoluta do nada


-x-

Acordou, olhou para os lados. Não sabia onde estava. Voltou a dormir. Em seu sonho (que, como nas televisões e fotografias antigas, era em preto e branco) nada viu. A escuridão mais absoluta o cercava (tanto na vida como no sonho). Seu coração estava gelado, mas a pele ardia em febre. Morreu assim, solitário e adormecido. Não sentiu a vida, nem sentiu a morte. Ninguém chorou por si, nem compareceu ao enterro. Hoje, ninguém se lembra dele e o local onde foi enterrado nascem flores ao acaso. Foi assim seu ocaso.
Mas, em uma outra parte do globo terrestre, uma mocinha cheia de vida cantava a canção da moda.
Numa floresta nem tão distante, gorjeava alegremente um colorido passarinho. Num lago azul pululavam pexinhos. Todos eles e até as flores que brotejam nos bosques, as cascatas que se projetam incólumes nas pedras e todas as coisas que não sabem se são tristes ou alegres, mesmo essas ignoravam totalmente o destino dos que foram abandonados.




2 comentários:

  1. Em seus belos versos, a ausência do amor, o sonho não realizado, a vida estagnada, já que é movida pelo sentimento. Em seu texto, um triste fim, na morada da solidão. Enquanto isso, continuou a vida seu caminho. Uma lindeza de postagem! Abraço.

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  2. Boa Tarde Benno!
    Eita quanto tempo!
    Desculpa por não ter vindo antes. Me ausentei um pouco mais eu sempre volto. Fiquei feliz com sua presença.
    Seu texto é muito bonito, mais contem muita angústia.
    Feliz Natal e tudo de bom pra você.
    Fiz uma atualização por lá.
    Abraço!

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