o passar das ondas
pelas pedras redondas
que ao longo da costa se estendem
apagam as pegadas
nas areias marcadas
pelos amantes que não mais se entendem
(mas sempre restam as memórias
do que foi e do que virá)
o amor quando acaba
em meio a tantas emoções
não deixa vestígios pelo caminho
apenas nos corações
eu andava assim
com o olhar perdido no horizonte
e não vi o amor passar
é assim distraído que deixo a vida
por entre as mãos escoar
e ai daqueles que prestam atenção
no passar do vento
e sentem o tempo por eles passar
quero acordar um dia
e de nada mais disso lembrar
viver a vida de novo
romper a casca antiga do ovo
e novamente amar
como se nunca a tivesse vivido
como se nunca tivesse amado
como se nunca tivesse nascido
como se nunca tivesse morrido
o verso que componho
é sempre o primeiro verso
eterno principiante que sou
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
meu poema é tal e qual uma flor
que no quintal esquecida
desabrocha encantada
sem iluminar nenhum olhar
sem que chame atenção
do mais pobre leitor
e se não há quem o leia
que importa que a veia
palpite tão intensamente?
melhor seria calar esse verso
ou escondê-lo em um baú
enterrá-lo no quintal
para que se alimente a terra
do sal de minhas lágrimas
que um dia caíram sobre o papel
em que alucinado o compunha
quem sabe um dia o verso vire flor
e um olhar passageiro e vadio caia
sobre sua pétala colorida e comum
e distraído a entreveja
e isso ilumine o seu coração
-x-
duas vezes me perdi
em teu olhos dúbios
(o verde que verte
o azul fica na espera)
nas duas vezes que de ti
tirei por mim
em parte e inteira
a inverossímel quimera
me encontrei uma vez
no vale abismal
que se aprofunda
entre teus seios
ali então perdido
ou mesmo me encontrado
desvencilhar-me de ti
faltou-me meios
(a calma plácida
que dos cumes íngremes
as ígneas lavas
se enleva
um outro cume
que ereto
e embranquiçado
nele neva)
o rio caudaloso
do teu ventre
torrente indômita
levou meu corpo
nossos corpos
algozes mútuos
no entre si se devoram
e se imploram
nossos fogos
ardentes se ateiam
o líquido farto
que jorra de mim
desincendeiam
sabe que em silêncio choro porém nunca reclamo
é que eu...
sabe, eu vinha ....
não é bem isso, é que...
eu queria...
desisto!
a verdade última é que não sei dizer quanto te amo
-x-
Escreveu o poeta
muitos versos de amor
mas ninguém os quis ler
enfim, sua pena calou-se
e muitos versos natimortos
jazem para sempre
no gélido mausoléu
do seu coração
-x-
O que adianta dizer
que a saudade dói
se isso é coisa que todos sabem?
(todos no mundo
sentiram a falta de alguém)
Para quê dizer
que o amor é ventura
e o que beijo da amada enleva
se quem amou bem o sabe
e quem não amou não entende?
Triste é a sina do poeta:
dizer o óbvio
ou então
não ser entendido.
-x-
hei ainda de amar-te
quando teu corpo curvar-se
sob o império de muitos anos
e mesmo se os seios murcharem
e a pele toda enrugar-se
como as flores que encantam os dias
e depois perdem suas pétalas
hei de amar-te ainda tanto
quanto te amo nesta hora
pois te amo mais que teu corpo
amo-te mais do que a vida
amo-te ainda mais que me amo
-x-
Ariadne
Tuas pernas
labirinto
: nelas me perdi
teu sexo
absinto
: em que me verti
(ali eu fui todo
bocas e líquidos)
teus seios
: o vale
...
(que o verso aqui se cale)
era o fio de Ariadne
(teu coração
exsudava uma corrente indômita
que me arrastou)
e me levou
a tua boca
eis ,enfim a saída,
e, mirando teus olhos,
(que me olhavam cândidos)
por fim sorri
Há que se perder
antes de se encontrar
(intessante:
os parênteses,
que quase nunca lemos,
dizem o mais importante)
que no quintal esquecida
desabrocha encantada
sem iluminar nenhum olhar
sem que chame atenção
do mais pobre leitor
e se não há quem o leia
que importa que a veia
palpite tão intensamente?
melhor seria calar esse verso
ou escondê-lo em um baú
enterrá-lo no quintal
para que se alimente a terra
do sal de minhas lágrimas
que um dia caíram sobre o papel
em que alucinado o compunha
quem sabe um dia o verso vire flor
e um olhar passageiro e vadio caia
sobre sua pétala colorida e comum
e distraído a entreveja
e isso ilumine o seu coração
-x-
duas vezes me perdi
em teu olhos dúbios
(o verde que verte
o azul fica na espera)
nas duas vezes que de ti
tirei por mim
em parte e inteira
a inverossímel quimera
me encontrei uma vez
no vale abismal
que se aprofunda
entre teus seios
ali então perdido
ou mesmo me encontrado
desvencilhar-me de ti
faltou-me meios
(a calma plácida
que dos cumes íngremes
as ígneas lavas
se enleva
um outro cume
que ereto
e embranquiçado
nele neva)
o rio caudaloso
do teu ventre
torrente indômita
levou meu corpo
nossos corpos
algozes mútuos
no entre si se devoram
e se imploram
nossos fogos
ardentes se ateiam
o líquido farto
que jorra de mim
desincendeiam
sabe que em silêncio choro porém nunca reclamo
é que eu...
sabe, eu vinha ....
não é bem isso, é que...
eu queria...
desisto!
a verdade última é que não sei dizer quanto te amo
-x-
Escreveu o poeta
muitos versos de amor
mas ninguém os quis ler
enfim, sua pena calou-se
e muitos versos natimortos
jazem para sempre
no gélido mausoléu
do seu coração
-x-
O que adianta dizer
que a saudade dói
se isso é coisa que todos sabem?
(todos no mundo
sentiram a falta de alguém)
Para quê dizer
que o amor é ventura
e o que beijo da amada enleva
se quem amou bem o sabe
e quem não amou não entende?
Triste é a sina do poeta:
dizer o óbvio
ou então
não ser entendido.
-x-
hei ainda de amar-te
quando teu corpo curvar-se
sob o império de muitos anos
e mesmo se os seios murcharem
e a pele toda enrugar-se
como as flores que encantam os dias
e depois perdem suas pétalas
hei de amar-te ainda tanto
quanto te amo nesta hora
pois te amo mais que teu corpo
amo-te mais do que a vida
amo-te ainda mais que me amo
-x-
Ariadne
Tuas pernas
labirinto
: nelas me perdi
teu sexo
absinto
: em que me verti
(ali eu fui todo
bocas e líquidos)
teus seios
: o vale
...
(que o verso aqui se cale)
era o fio de Ariadne
(teu coração
exsudava uma corrente indômita
que me arrastou)
e me levou
a tua boca
eis ,enfim a saída,
e, mirando teus olhos,
(que me olhavam cândidos)
por fim sorri
Há que se perder
antes de se encontrar
(intessante:
os parênteses,
que quase nunca lemos,
dizem o mais importante)
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