Ordálio via tudo a sua volta ruir. Não conseguiu jamais ver as flores que se estendiam em seu caminho e, assim, jamais pode colhê-las. Só via pedras e, por isso, viveu tropeçando nelas.
Acho que era falta de amor. Não é o amor que cega, mas a sua falta.
Não é que o amor lhe tivesse negado os favores. Não, isso não. Nunca o amor fez isso a ninguém. Mas o que dizer dos que não o enxergam. Na verdade, Ordálio, com medo, fugia e se escondia do amor o tempo todo. Os olhos iluminados que lhe procuravam insistentes jamais o encontraram.
Ah! Tantas tristezas acumuladas, empilhadas como se fossem moedas de ouro. Enquanto isso, a felicidade era sempre atirada no lixo. Por outro lado, isso, por vezes, fazia um mendigo feliz.