domingo, 29 de novembro de 2020

 Faz tanto tempo que eu não vinha aqui. Andava tão esquecido do meu blog. Tanta coisa aconteceu nesse meio tempo, nem sei se ainda sou o mesmo. Surpresa saber que ainda existe um blog onde eu o havia deixado. Por vezes a gente pensa que o passado não deixa marcas, mas ele na verdade é onipresente em todos nóes. Sempre fica alguma coisa do que deixamos para trás. 

Agora, são outros dias. Dias de pandemia, mudou tanto tudo a minha volta, não consigo mais me reconhecer nem reconhecer ninguém que já tenha conhecido? Acho que ficaram dos passado as boas lembranças, das ruins prefiro nem lembrar. Logo agora, quando eu estava pertinho de eu deixar Natal e o nordeste, voltando para o Rio de Janeiro, tive essa volta adiada pela pandemia. Me enchi de esperanças de viver um novo tempo. Sei que agora vivo num mundo diferente e é por isso que preciso me reinventar. Mas é um mundo certamente pior. 

As pessoas não se entendem mais e não querem ouvir ou ler, fora a si mesmas. Tempos de negação, tempos terra plana e outras idiotices ainda piores. Realmente é o fim da picada, chega a dar vergonha de pertencer ao tempo idiota como esse. por outro lado, não estou nem um pouco a fim de discutir com gente que pensa desse jeito. Sei que é uma perda de tempo e não tenho mais paciências para ouvir besteira. Realmente, não pense mais naquele cara tolerante de antes. A burrice é realmente perdoável. Mas eu descobri que ela não consegue ser humilde, ele só sabe ser arrogante e é por isso que eu não a perdoo. Ela me faz lembrar de certa vez que uma pessoa, que não era muito de ler, me perguntar se eu tinha lindo um best seller que não me interessava. Perguntou se eu era o único que ainda não o tinha lido. Eu perguntei se ela já tinha lido algum livro de Dostoievski e ela, obviamente, respondeu que não. Bom, eu estava em atraso alguns dias, mas ela estava atrasada quase 100 anos. Que vou fazer? Deixa para lá. Acho que ela ficou sem entender. Talvez eu não fosse capaz de entender também.

Vamos falar de coisas melhores. Andei relendo alguns textos. Já nem lembrava do que havia escrito um dia. Abandonei miseravelmente as letras. Mas será que ainda servem a alguém palavras de reflexão? Será que alguém usa um pouco a caixola, num tempo que as cabeças ficam dedicadas só a seus próprios pensamentos. Não vejo mais espaço para o amor. São tempos de ódio. Achei que eles tinham ficado num passado remoto, mas acabaram voltando. Será que tem alguém que ainda quer ler um poema? Os poetas se calaram para sempre ou não os querem ouvir? Alguém, me responde o que é que é, o andar do ponteiro de relógio, as palavras perdidas no vão das portas, a solidão das quarentenas se acumulando junto ao pó nos cantos das paredes, no silêncio infinito das esquinas. Onde foram todos? Não sei mais dizer o que tenho a dizer nem a quem dizer, talvez nem queiram me ouvir ou ler.  Ou seja, não sei se tenho coisa melhor para falar, apesar de ter tentado. Será que consigo encontrar dentro do meu coração o que andava perdido. Será que poderia encontrar aquele  vontade que eu tinha de deixar minha almas nas palavras, mesmo se elas não significassem nada para ninguém?

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