tag:blogger.com,1999:blog-1825142400145652232024-03-27T02:18:38.056-07:00As Noites Insones em ClaroBennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.comBlogger174125tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-66005699231777237782022-07-24T17:16:00.000-07:002022-07-24T17:16:52.780-07:00<div style="text-align: center;">
<b>A experiência</b></div>
<br />
(A história a seguir pode parecer bem repetitiva, mas a repetição, faz parte...)<br />
<br />
Egberto
fazia sempre as mesmas coisas. Acordava à mesma hora, tomava o mesmo
café da manhã e saia para o dia de Sol, pois era sempre Sol e nunca
chovia. Bem na hora que ele saia de casa, ele via saindo de sua casa a
Sua vizinha, Andréia, loura e de olhos azuis, e seu vizinho balofo e
estranho, Severino. Ele tinha vontade de se declarar para Andréia, mas
não o fazia, pois era tímido, mas o balofo e ridículo do Severino
soltava uma beijinho para Andréia e ela correspondia. Ele ficava com
raiva, fechava a cara e voltava para casa e dormia de novo.<br />
<br />
Severino
fazia sempre as mesmas coisas. Acordava à mesma hora, tomava o
mesmo café da manhã e saia para o dia de Sol, pois era sempre Sol e
nunca chovia. Bem na hora que ele saia de casa, ele via saindo de sua
casa a sua vizinha, Andréia, loura e de olhos azuis, e seu vizinho
magrelo e estranho, Egberto. Ele percebia que Egberto desejava se
declarar para
Andréia, mas não o fazia, pois era tímido, e, para não perder tempo, ele
soltava uma beijinho para Andréia e ela correspondia, mas Egberto
ficava com raiva e voltava para casa. Andréia mudava de humor e fechava a
cara, voltando para casa para dormir. Severino
ficava com raiva também, fechava a cara e voltava para casa e dormia de
novo.<br />
<br />
Andréia fazia sempre as mesmas coisas. Acordava à
mesma hora, tomava
o
mesmo café da manhã e saia para o dia de Sol, pois era sempre Sol e
nunca chovia. Bem na hora que ela saia de casa, via saindo de sua
casa as seus vizinhos, Egberto, que era magrinho e tímido, e Severino
que era gordo e ousado. Ela desejava muito que Egberto, seu preferido,
se declarasse, mas era sempre Severino soltava uma beijinho, que ela,
para ser educada, correspondia, mas Egberto
ficava com raiva e voltava para casa. Andréia, com raiva, fechava a cara
e voltava para dormir.<br />
<br />
Enquanto isso, um cientista
elaborava um programa e enviava os sinais através de um miríade de fios
para três cérebros megulhados em cubas fumegantes.<br />
Ainda estava na seção "manhã" do programa, mas, aos poucos ele ia criando "vida" dentro daqueles cérebros. <br />
<br />
Egberto fazia sempre as mesmas coisas. Acordava à mesma hora, tomava o
mesmo café da manhã e saia para o dia de Sol, pois era sempre Sol e
nunca chovia. Bem na hora que ele saia de casa, ele via saindo de sua
casa a Sua vizinha, Andréia, loura e de olhos azuis, e seu vizinho
balofo e estranho, Severino. Ele tinha vontade de se declarar para
Andréia, mas não o fazia, pois era tímido, mas o balofo e ridículo do
Severino soltava uma beijinho para Andréia e ela correspondia. Ele
ficava com raiva e, batia com uma luva na face de Severino, desafiando para um duelo.<br />
<br />
Severino
fazia sempre as mesmas coisas. Acordava à mesma hora, tomava o
mesmo café da manhã e saia para o dia de Sol, pois era sempre Sol e
nunca chovia. Bem na hora que ele saia de casa, ele via saindo de sua
casa a sua vizinha, Andréia, loura e de olhos azuis, e seu vizinho
magrelo e estranho, Egberto. Ele percebia que Egberto desejava se
declarar para
Andréia, mas não o fazia, pois era tímido, e, para não perder tempo, ele
soltava uma beijinho para Andréia e ela correspondia, mas Egberto
ficava com raiva e voltava para casa. Andréia mudava de humor e fechava a
cara, voltando para casa para dormir. Severino
ficava com raiva também, fechava a cara e voltava para casa e dormia de
novo.<br />
<br />
Andréia fazia sempre as mesmas coisas. Acordava à
mesma hora, tomava
o
mesmo café da manhã e saia para o dia de Sol, pois era sempre Sol e
nunca chovia. Bem na hora que ela saia de casa, via saindo de sua
casa as seus vizinhos, Egberto, que era magrinho e tímido, e Severino
que era gordo e ousado. Ela desejava muito que Egberto, seu preferido,
se declarasse, mas era sempre Severino soltava uma beijinho, que ela,
para ser educada, correspondia, mas Egberto
ficava com raiva e voltava para casa. Andréia, com raiva, fechava a cara
e voltava para dormir.<br />
<br />
Enquanto isso, em seu laboratório o cientista, entre retortas e cubas, pipetas e tubos de ensaios fumegantes, admirava sua inusitadata, admirável e execrável experiência. Três cérebros humanos, dentre de bolhas de vidro cheias de tubos e eletrodos que se inseriam em diversos gomos cinzentos, dormiam um sono cheio de cenas que o cientista ia criando,. Ele ainda estava no começo da programação, por isso só havia o inicio da manhã na vida repetida dos três cérebros.<br />
<br />
O objetivo, ao final das contas, era ser Deus daquele reduzido mundo. Um Deus o pequenininho, mas ainda assim um Deus.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
. <br />
<br />
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-66118970397587584192022-07-01T08:30:00.000-07:002022-07-01T08:30:01.806-07:00Qual desses poemas você prefere?1- O poeta o papel e a eternidade<br />
<br />
o papel em branco<br />
do poema<br />
a eternidade separa<br />
<br />
o papel em branco<br />
da eternidade<br />
o poema separa<br />
<br />
a eternidade<br />
do poema<br />
o papel em branco separa<br />
<br />
separam-se<br />
poema e papel em branco<br />
eternamente<br />
<br />
eternos<br />
papel e poema<br />
<br />
transitório poeta<br />
<br />
<br />
2- Sem Maquiagem<br />
<br />
Exangue, pálida<br />
<br />
e esquálida,<br />
<br />
no atáude,<br />
<br />
perdida saúde,<br />
<br />
reluz a tez,<br />
<br />
qual corpo branco<br />
<br />
de vela,<br />
<br />
extinta a chama,<br />
<br />
que a lágrima de cera<br />
<br />
percorre<br />
<br />
pela última vez.<br />
<br />
<br />
3- CREDO<br />
<br />
creio<br />
piamente<br />
em tua boca<br />
e no céu<br />
que lá existe<br />
<br />
(único céu<br />
que ainda me resta<br />
: o outro<br />
para sempre<br />
jaz perdido)<br />
<br />
creio no santo poder<br />
dos teu olhos<br />
sobre meu ser<br />
(dos meus<br />
inconfessáveis pecados<br />
faz be-atos)<br />
<br />
sob a luz<br />
que emanas<br />
em meu caminho<br />
tudo é sagrado<br />
mas se na escuridão<br />
de tua lamentada ausência<br />
trevas<br />
<br />
(só a luz do teu olhar<br />
acende meus faróis)<br />
<br />
creio sobretudo<br />
na divindade<br />
de tua pélvis<br />
<br />
(apaixonadamente<br />
ali mergulho<br />
: batismo de sangue)<br />
<br />
teus olhos são-me guias<br />
abrem olhos antes cegos<br />
a verdade que mora em teu ser<br />
dissipa nuvens eternas<br />
do contumaz ceticismo<br />
que me anuvia<br />
derrete seu calor<br />
neves sempre brancas do meu gelo<br />
<br />
trocaria a eternidade<br />
por um breve momento ao teu lado<br />
<br />
e todas as minhas idades<br />
vividas ou ainda por viver<br />
<br />
todos beijos que já sonhei<br />
por um único beijo teu<br />
<br />
resignar-me-ia até à eterna dor<br />
para ter um breve instante do teu amor<br />
<br />
<br />
<br />
4- ARIADNE<br />
<br />
Tuas pernas<br />
labirinto<br />
: nelas me perdi<br />
<br />
teu sexo<br />
absinto<br />
: em que me verti<br />
<br />
(ali eu fui todo<br />
bocas e líquidos)<br />
<br />
teus seios<br />
: o vale<br />
...<br />
(que o verso aqui se cale)<br />
<br />
era o fio de Ariadne<br />
(teu coração<br />
exsudava uma corrente indômita<br />
que me arrastou)<br />
e me levou<br />
a tua boca<br />
<br />
eis ,enfim a saída,<br />
e, mirando teus olhos,<br />
(que me olhavam cândidos)<br />
por fim sorri<br />
<br />
Há que se perder<br />
antes de se encontrar<br />
<br />
(intessante:<br />
os parênteses,<br />
que quase nunca lemos,<br />
dizem o mais importante)<br />
<br />
5-<br />
<br />
hei ainda de amar-te<br />
quando teu corpo curvar-se<br />
sob império de muitos anos<br />
e mesmo se os seios murcharem<br />
e a pele toda enrugar-se<br />
como as flores que encantam os dias<br />
e depois perdem suas pétalas<br />
hei de amar-te ainda tanto<br />
quanto te amo nesta hora<br />
pois te amo mais que teu corpo<br />
amo-te mais do que a vida<br />
amo-te ainda mais que me amo<br />
<br />
<br />
<br />
6 - ALPISTE<br />
<br />
Deus<br />
não sei se existe<br />
mas acredito<br />
na verdade<br />
do alpiste<br />
e seu dom<br />
de realizar<br />
o milagre do vôo<br />
dos pássaros.<br />
<br />
<br />
7-<br />
<br />
o ouro<br />
a prata<br />
e o ferro<br />
<br />
o silêncio<br />
a palavra<br />
e o berro<br />
<br />
o infinito<br />
a unidade<br />
e o zero<br />
<br />
não necessariamente nessa ordem<br />
<br />
<br />
8-<br />
<br />
olhos fechados<br />
boca velada<br />
silêncio em teu olhar<br />
(antes eles diziam tanto)<br />
morre o dia<br />
esmaece a cor<br />
o amor, antes luz<br />
agora é noite<br />
(apagou-se alguma coisa em mim)<br />
<br />
9-<br />
<br />
a paixão<br />
é a fogueira<br />
que crepita<br />
em Lua cheia<br />
dissolve-se em fagulhas<br />
mil agudas agulhas<br />
e arde intensamente<br />
mas gradativamente<br />
derrete sua luz<br />
e depois vira noiteBennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-59363206564274192062022-01-25T07:02:00.000-08:002022-01-25T07:02:36.189-08:00<p>um dia como outro </p><p>Este dia é um dia qualquer</p><p>Mas todo dia mesmo que o mesmo</p><p>É um dia para você</p><p>esqueci o que queria dizer</p><p>mas não esqueci de te amar</p><p>tantos dias tantas noites</p><p>tantas tardes sem te ver</p><p>O vazio deste dia</p><p>Ocupa inteiro o teu Ser</p><p>Este nada que eu seria</p><p>Se não me ocupasse a tua falta</p><p>Inteiramente meu viver</p><p><br /></p><p>Amar ou não Amar?</p><p>Tanta diferença faz</p><p>Na escuridão da existência</p><p>Quem não ama jaz</p><p>No sofrimento do desencontro</p><p>Quem ama se compraz</p><p>Pois neste delicioso penar</p><p>O amante vive as mil vidas </p><p>Que quem não ama se desfaz</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p> <br /></p><p><br /></p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/06330720209254863974noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-20108442746399538372021-02-24T16:12:00.001-08:002021-02-24T16:12:45.205-08:00<p> Ruas solitárias, ruas perdidas</p><p>como eu, no meio da cidade abandonada<br /></p><p>ando lentamente, mentalmente pelas vielas</p><p>já faz tempo que não ando por elas <br /></p><p>sinto saudades delas cheias, tão vazias que andam<br /></p><p>ando tão sozinho aqui dentro de mim</p><p>sem ninguém para conversar, converso comigo<br /></p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/06330720209254863974noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-33821507320133231522020-12-05T05:41:00.027-08:002020-12-27T09:01:17.497-08:00<p> Você é o Sol</p><p>pois é a luz dos meus olhos</p><p>Você é o sal</p><p>de todo sabor que eu sinto</p><p>Você é mais que ciência</p><p>é a essência</p><p>de tudo que eu penso</p><p>Você é a estrada infinita</p><p>é o céu salpicado de estrelas</p><p>por onde passeiam meus sonhos</p><p><br /></p><p>Quando digo o que digo eu não digo</p><p>tudo aquilo o que eu quisera tanto dizer</p><p>é assim como eu faço o que faço</p><p>mas não faço o tanto que eu quisera fazer</p><p>sou humano e menor sou do que eu me sinto</p><p>e o que eu sinto é muito mais do que eu poderia ser </p><p>uma explosão arde em meu peito da qual você é o estopim<br /></p><p>a palavra certamente me falta quando o sentimento transborda</p><p>sou como o rio que enche mais </p><p>do que as margens poderiam suportar<br /></p><p>sou um primavera que incontida no seio congelado da terra </p><p>se funde por fim em mil flores</p><p>e ilumina e colore tudo que eu quisera abraçar </p><p>é o mar, e é o mar que estende além do horizonte, </p><p>se expande pelo infinito em milhares de galáxias<br /></p><p>tudo que eu sinto em minha alma<br /></p><p>fica muito além do que seria possível dizer</p><p>a palavra "impossível" faz minha língua tremer</p><p>e a palavra amar toma conta do meu ser <br /></p><p>Faltam palavras, mas as palavras que me sobram </p><p>dão uma pálida ideia</p><p>de tudo que eu diria se pudesse dizer <br /></p><p> <br /></p><p>convém portanto que suponhas <br /></p><p>no que lês tudo muito mais do que lês</p><p>no que supões mas ainda do que sonhas <br /></p><p> e que adivinhes o que diria seu eu o soubesse dizer<br /></p><p>pois além das palavras que exprimo</p><p>há outras que nem sequer foram inventadas</p><p>mas que a imaginação permite de alguma forma entrever <br /></p><p>muito além do além, há o aquém em que existo</p><p>e muito mais do que lá incluo eu aqui suprimo <br /></p><p>e o inexprimível ainda fica ainda por escrever</p><p>a palavra é feita de sílabas, letras e limites</p><p>que constrangem e me deixam pouco a vontade <br /></p><p>e o que sinto fica muito além destes simples blocos</p><p>com que insisto em tentar me descrever<br /></p><p> <br /></p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-61730889246937895722020-12-05T04:00:00.002-08:002020-12-05T09:17:12.302-08:00A teoria de inutilidade universal de todas as coisas<p>Em a Ética a Nicômaco, Aristóteles introduz o conceito do que é útil, A utilidade é aquilo que serve para obter outra coisa. Ou seja, a utilidade tem por essência ser um meio, em não ser um fim em si mesmo. As virtudes são o meio termo entre duas disposições de caráter extremas e opostas, dois vícios, a extrema direita e a extrema esquerda das ações. Por exemplo, a coragem é o meio termo entre o a covardia e a temeridade. No primeiro caso, a covardia ocorre quando a pessoa tem medo mesmo quando existe um bem maior, como a vida, ameaçado, enquanto a temeridade ocorre quando a pessoa arrisca a própria integridade física e, em especial, a dos outros, sem maiores finalidades. Mas nada disso importa aqui, apenas saber que as virtudes, apesar de admiráveis, são úteis e servem para uma finalidade que não elas mesmas. Como consequência, deve-se entender que <span> quem </span>vive pela virtude não vive com verdadeiros propósitos, se pauta em falsos ídolos e não deve estar entendendo nada do que entendeu nada do que eu estou falando (nem do que Aristóteles estava falando há 25 séculos atrás). <br /></p><p>Os utilitaristas, escola do pensamento que teve como próceres Bentham e John Stuart Mill, elegeram as coisas úteis como as únicas coisas importantes que existem. Inventaram até uma equação para descrever o máximo de utilidade que pautaria as tomadas decisão dos agentes políticos.<br /></p><p>É interessante, pois os utilitaristas pareciam doidos que não conseguiam entender direito do que estavam falando. Se uma coisa tem a finalidade em propiciar outra é óbvio que ela não é importante, pois importante seria a outra coisa, ou seja, a coisa a ser obtida. Assim, a utilidade se caracterizaria pela sua falta de importância, ou importância secundária se preferirem. Eles falavam em obter o máximo de bem estar, mas isso é uma coisa indefinível e diferente para cada pessoa. <br /></p><p>Assim como Murphy, que lançou as bases para a Teoria da Perversidade Universal da Matéria, que busca explicar porque as coisas dão erradas, eu proponho a teoria universal da inutilidade de todas as coisas baseada no princípio evidente de que as coisas importantes não são as coisas úteis, mas sim as coisa que não são úteis que elas visam, que são fins em si próprias. A utilidade é o adiamento da finalidade. O bem, esta coisa que resta indefinível, seria o verdadeiro propósito de toda utilidade. Já este bem, esta coisa que não serve para nada, é a inutilidade em si. Se as coisas úteis servem tão somente para obter as coisas inúteis, a inutilidade do fim a que se destina a utilidade a contamina e a toda utilidade resta inútil. É esse o princípio básico da teoria universal da inutilidade de todas as coisas. Em suma, se está procurando alguma coisa útil para ler, vá procurar outra leitura. <br /></p><p>Por exemplo, a arte não serve para nada assim como os bons livros, os bons poemas, as crianças recém nascidas, as crianças comportadas, as crianças traquinas, as invenções (sim, surpreenda-se, as invenções em sua origem servem para o deleite do inventor e visam obter o ócio e a felicidade, essas coisas de natureza absolutamente inútil, e só se tornam úteis quando um capitalista selvagem as explora e explora pessoas para obter o máximo lucro através da máxima criação de infelicidade) , os beijos, os lábios da amada, os abraços, as declarações de amor (desde que sinceras, bem entendido), o próprio amor e, espero, tudo que escrevo, não servem para nada, são completamente inúteis e é pelas coisas inúteis que devemos viver. Na medida do possível, devem ser afastadas como propósitos em si todas as coisas úteis. O dinheiro, a cultura, o sucesso, a popularidade, os bens materiais e todos os símbolos de status são falsos ídolos que levam a mais retumbante infelicidade quando são tratados como fins em si e não como simples meios para se obter o que verdadeiramente importa. </p><p>Isso não significa. é claro, que você deva doar seus bens e viver na rua. Eu não estou dizendo para ninguém virar trouxa, mas viver com finalidades elevadas, ser uma pessoa boa ao ficar dizendo que é isso para os outros para que acreditem em sua hipocrisia, como muita gente faz hoje em dia, acreditar realmente em alguma coisa ao invés de usar sua crenças como desculpa.<br /></p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-11278778539300591072020-12-02T15:55:00.003-08:002020-12-02T15:55:44.654-08:00<p> era menino<br />
e havia um campo<br />
no qual sonhava amar<br />
mas quisera ter amado em qualquer lugar<br />
<br />
( o amor não veio)<br />
<br />
o campo é hoje feito de cinzas<br />
os sonhos morreram<br />
o amor se acabou<br />
o menino cresceu<br />
ficou forte seu corpo<br />
mas um coração desapaixonado<br />
repousa calado em seu peito <br />
<br />
(quisera ser fraco, mas ter amado<br />
pelo menos por um dia) <br />
<br />
o rapaz que ontem seguia em frente<br />
sem medos<br />
envelhecido precocemente <br />
prefere agora ficar quieto<br />
no seu lugar<br />
na segurança absoluta do nada<br />
<br />
<br />
-x-<br />
<br />
Acordou, olhou para os lados. Não sabia onde estava. Voltou a dormir. Em
seu sonho (que, como nas televisões e fotografias antigas, era em
preto e branco) nada viu. A escuridão mais absoluta o cercava (tanto na
vida como no sonho). Seu coração estava gelado, mas a pele ardia em
febre. Morreu assim, solitário e adormecido. Não sentiu a vida, nem
sentiu a morte. Ninguém chorou por si, nem compareceu ao enterro. Hoje,
ninguém se lembra dele e o local onde foi enterrado nascem flores ao
acaso. Foi assim seu ocaso.<br />
Mas, em uma outra parte do globo terrestre, uma mocinha cheia de vida cantava a canção da moda.<br />
Numa floresta nem tão distante, gorjeava alegremente um colorido
passarinho. Num lago azul pululavam pexinhos. Todos eles e até as flores
que brotejam nos bosques, as cascatas que se projetam incólumes nas
pedras e todas as coisas que não sabem se são tristes ou alegres, mesmo
essas ignoravam totalmente o destino dos que foram abandonados.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
</p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-62709754125821230262020-11-30T16:25:00.000-08:002020-11-30T16:25:53.274-08:00Me dá um beijo, vai?Beijo. Queria só um beijo. O que é um beijo? Um
<div style="text-align: justify;">simples momento? Um instante? Um átimo? Qual o
mistério do beijo que nos faz delirar na duração
de sua fugacidade? De um mero tocar de lábios
ansiosos à exploração mútua das línguas, dos céus
das bocas, exploração que leva ao céu paradisíaco
do amor, todo beijo é a eternidade resumida num
momento. Não há instante em que meu coração pulsa
mais acelerado, fazendo latejar minhas artérias,
minhas veias, meu coração trepida num frêmito
oscilando entre a delícia e o gozo, do que o
singelo instante de beijar minha amada. É um
encontro de almas que se dá através da carne
espessa dos lábios. Meu corpo se alucina e dança
sôfrego num bailado desequilibrado do mais puro
desejo quando vejo teus lábios úmidos, carnudos,
pedindo os meus. Quando flexiono meu corpo em
direção ao teu e nossos rostos se aproximam, o
primeiro sinal do teu desejo é teu gostoso hálito
que me inebria e aquece. Nunca toco teus lábios
com os meus olhos olhando teus olhos, pois fecho
os meus para me concentrar só na umidade da tua
carne. A aí conversamos esta conversa sem
palavras e sem sons que é o beijo. A sintaxe do
meu beijo é a exploração sem destino certo da
minha língua que erra perdida nos prazeres de tua
boca que neste instante se torna infinita e
inescrutável. Não há momento mais mágico que este
quando nossas bocas se unem e se entendem, se
exploram e se descobrem, se perdem e se acham. E
se por um lado o beijo se concentra nas bocas, por
outro se reflete no corpo todo, nos pulmões que se
expandem em busca de ar, nas veias que pulsam
irrigando as mucosas das bocas e até mesmo nos fios
de cabelos que se espalham no veludo da pele que
se eriçam como se estendessem os braços aos céus
agradecendo tanta ventura numa eterna prece. Se o
beijo que traz em si a alma e o corpo é fugaz e
eterno, o que dizer do beijo que nunca te dei, mas
com que sonho desde toda eternidade. O beijo
sonhado, o beijo que se desenha com os dedos no ar
com traços imaginários. O beijo que ocupa todos
desejos e que existe sem nunca ter existido. O
beijo prometido, o beijo pedido, o beijo
implorado. Este beijo que almejo com todas as
forças que ainda tenho e te imploro, eu te peço. Me
conceder este beijo é me condenar pela eternidade
a te amar. Antes mesmo de todo primeiro beijo os
enamorados se beijam, pois "o primeiro beijo, seja
isso bem claro, não o dão os lábios mas os
olhos"(O K Bernardi, Don Juan) . Que beijo mais
saboroso pode haver do que aquele, que apesar de
negado em palavras se concretiza. Uma moça
inteligente é a que sabe como recusar um beijo sem
se privar dele. Beijo.. no sonho ou na carne, não
tem como explicar este doce mistério da vida. Não
quero saber por que me inebria ou me enfeitiça,
não quero saber tuas razões nem teus paraquês e
nem porquês, só quero sentir o mel de teus lábios
adocicando para sempre os meus, pois o beijo,
mesmo depois de terminado, permanece nos lábios da
lembrança para sempre.
</div>
BennoBennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-26401642039558090482020-11-30T15:24:00.003-08:002020-11-30T15:24:50.067-08:00Ansiedade<p> <span style="font-size: x-large;"><b>S</b></span>ou apressado e quero que as coisas
venham antes da hora. Tenho pressa em viver e acabo deixando a vida de
lado. Não sinto o cheiro de terra molhada pela chuva, não presto
atenção no Sol se pondo e as canções nunca chegam ao fim.<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A</span>prendi
tantas coisas, mas esqueci de aprender o que era essencial, pois quando
"você trata cada situação como uma questão de vida ou morte, morrerá
muitas vezes" (Dean Smith). Este o meu problema, ficar morrendo muitas
vezes por dia na ânsia de viver muito. Tudo me é preocupante e sei que
não deveria temer, pois " a coisa que se deve ter mais medo é o próprio
medo" (Montaigne) e "não há infortúnio maior do que esperar o
infortúnio" (Calderón de la Barca). Mas, apesar de tudo, eu temo.<br />
<span style="font-size: x-large;"><br /></span><br />
<span style="font-size: x-large;">O</span>s problemas, não
são problemas, mas medo, ansiedade, a espera de um infortúnio que só
deveria causar medo quando se tornasse realidade. Pode-se perfeitamente
precaver contra infortúnios sem sofrê-los, mas não é isso que faço. Eu
sofro por golpes imaginários. <br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">S</span>ei o que devo fazer, mas de que me adianta o saber
se não sei aplicá-lo? Será que o saber é uma coisa que só vale quando
já não serve? Pois é só quando estamos velhos que nos arrependemos de
não ter aproveitado a juventude. Reclamamos da falta de tempo, mas não
sabemos o que fazer com ele quando ele sobra e acabamos ficando
entediados. São perguntas que me faço, que sei responder, mas as
respostas de nada me servem, pois não as aplico.<br />
<br />
-x-<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><span face="Verdana, sans-serif">P</span></span>erdura verso que escrevo<br />
muito e muito além<br />
deste seu pobre autor<br />
sobreviva ao nobre sentimento<br />
que um dia o inspirou<br />
e mesmo muito depois<br />
de sua amada não mais ser sua<br />
e de muitos outros a terem amado<br />
que sobreviva o sentimento<br />
no calor pulsante do verso<br />
e mesmo após a explosão<br />
da imensidão do universo<br />
que ainda alguém o diga<br />
com profunda emoção<br />
<br />
e mesmo quando as mãos<br />
descarnadas e enrugadas<br />
do seu encarquilhado escritor<br />
não puderem segurar nem um lápis<br />
que ainda exista a lembrança<br />
desde imenso e eterno amor<br />
<br />
</p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-49936110229051805442020-11-29T16:47:00.001-08:002020-11-29T16:47:52.687-08:00<p> Faz tanto tempo que eu não vinha aqui. Andava tão esquecido do meu blog. Tanta coisa aconteceu nesse meio tempo, nem sei se ainda sou o mesmo. Surpresa saber que ainda existe um blog onde eu o havia deixado. Por vezes a gente pensa que o passado não deixa marcas, mas ele na verdade é onipresente em todos nóes. Sempre fica alguma coisa do que deixamos para trás. </p><p>Agora, são outros dias. Dias de pandemia, mudou tanto tudo a minha volta, não consigo mais me reconhecer nem reconhecer ninguém que já tenha conhecido? Acho que ficaram dos passado as boas lembranças, das ruins prefiro nem lembrar. Logo agora, quando eu estava pertinho de eu deixar Natal e o nordeste, voltando para o Rio de Janeiro, tive essa volta adiada pela pandemia. Me enchi de esperanças de viver um novo tempo. Sei que agora vivo num mundo diferente e é por isso que preciso me reinventar. Mas é um mundo certamente pior. </p><p>As pessoas não se entendem mais e não querem ouvir ou ler, fora a si mesmas. Tempos de negação, tempos terra plana e outras idiotices ainda piores. Realmente é o fim da picada, chega a dar vergonha de pertencer ao tempo idiota como esse. por outro lado, não estou nem um pouco a fim de discutir com gente que pensa desse jeito. Sei que é uma perda de tempo e não tenho mais paciências para ouvir besteira. Realmente, não pense mais naquele cara tolerante de antes. A burrice é realmente perdoável. Mas eu descobri que ela não consegue ser humilde, ele só sabe ser arrogante e é por isso que eu não a perdoo. Ela me faz lembrar de certa vez que uma pessoa, que não era muito de ler, me perguntar se eu tinha lindo um best seller que não me interessava. Perguntou se eu era o único que ainda não o tinha lido. Eu perguntei se ela já tinha lido algum livro de Dostoievski e ela, obviamente, respondeu que não. Bom, eu estava em atraso alguns dias, mas ela estava atrasada quase 100 anos. Que vou fazer? Deixa para lá. Acho que ela ficou sem entender. Talvez eu não fosse capaz de entender também. <br /></p><p>Vamos falar de coisas melhores. Andei relendo alguns textos. Já nem lembrava do que havia escrito um dia. Abandonei miseravelmente as letras. Mas será que ainda servem a alguém palavras de reflexão? Será que alguém usa um pouco a caixola, num tempo que as cabeças ficam dedicadas só a seus próprios pensamentos. Não vejo mais espaço para o amor. São tempos de ódio. Achei que eles tinham ficado num passado remoto, mas acabaram voltando. Será que tem alguém que ainda quer ler um poema? Os poetas se calaram para sempre ou não os querem ouvir? Alguém, me responde o que é que é, o andar do ponteiro de relógio, as palavras perdidas no vão das portas, a solidão das quarentenas se acumulando junto ao pó nos cantos das paredes, no silêncio infinito das esquinas. Onde foram todos? Não sei mais dizer o que tenho a dizer nem a quem dizer, talvez nem queiram me ouvir ou ler. Ou seja, não sei se tenho coisa melhor para falar, apesar de ter tentado. Será que consigo encontrar dentro do meu coração o que andava perdido. Será que poderia encontrar aquele vontade que eu tinha de deixar minha almas nas palavras, mesmo se elas não significassem nada para ninguém?<br /></p>Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-21007049765486746292020-11-29T16:02:00.003-08:002020-11-29T16:02:37.956-08:00a solidão é o beijo que ao vento se solta<br />
o prisioneiro sem escolta <br />
a lágrima que o túmulo percola<br />
uma vazia garrafa de coca cola<br />
é o filho que ainda não nasceu<br />
ou o filho que já morreu<br />
é a pedra que se atira ao solo<br />
o amor que faltou declarar<br />
a garrafa jogada ao mar <br />
é a mãe sem bebê ao colo<br />
é a goiaba que apodrece no galho<br />
é uma casa sem assoalho<br />
a solidão que é um tipo de morte<br />
uma certa falta de sorte<br />
que pouco a pouco me vai secando<br />
uma faca qualquer que bem afiada me corte<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-51309893897323595792018-11-25T05:15:00.003-08:002018-11-25T05:51:02.609-08:00Falando de Baratas, Natureza e Solidão<br />
<br />
As baratas são indestrutíveis. Elas existem desde o inicio dos tempos, muito antes do homem aparecer na Terra e permanecerão ainda muito tempo depois destes se extinguirem. O homem sempre tentou exterminar a barata, mas esta é uma batalha perdida. Basta você lembrar das tantas vezes em que você acertou uma sapatada em cheio em uma barata e ela ainda saiu se movendo de forma repugnante, arrastando os pedaços destroçados, para saber que elas são quase indestrutíveis. Mesmo que conseguisse matá-la, de nada adiantaria, pois os ovos que deixou logo eclodiriam em miríades de baratinhas. Por incrível que pareça, as baratas surgiram naturalmente e não são fruto de qualquer experiência genética mal sucedida. A laranja, por outro lado, é uma fruta que foi criada pelo ser humano. Ela é um híbrido entre o pomelo e a tangerina. Muitas frutas são híbridas e aperfeiçoadas geneticamente. As frutas naturais são muito menos saborosas do que as criadas. O que nos causa repulsa ou medo, nem sempre vem da maldade, como a repulsa que todos temos, assim como o medo que as mulheres, em especial, têm de baratas. Por outro lado, nem sempre o que é criado pelo homem é pior ou faz mal.<br />
Jonas pensava diferente. Ela considerava a natureza uma coisa completamente amiga do homem. Ao pensar isso, ele desconsiderava totalmente os desastres naturais, os muitos venenos que existem em frutas e outros vegetais e as feras do mato. Não há verdade alguma no lema dos defensores da cannabis sativa, que o que é natural não pode fazer mal, os cogumelos, as raízes, as serpentes, as águas vivas e outros seres naturais venenosos que o digam. <br />
Jonas tinha apenas medo do ser humano. Desejou ser um ermitão e resolveu ir morar na floresta. Ele imaginou ser assim como uma espécie de Henry Thoreau, que viveu sozinho numa cabana por dois anos dois meses e vinte e dois dias. O problema é que ele não sabia muito a respeito de como viver na floresta, nunca tinha lido Walden de Thoreau ou mesmo Robinson Crusoe de Daniel Defoe. Não sabia que Santo Tomás de Aquino, de forma totalmente aristotélica, havia dito que o ser humano é um ser social, excetuando os casos em que ele se considera um Deus, muito superior aos demais, quando é um animal ou quando tem má sorte, como no caso do Náufrago, atirado a um ermo lugar acidentalmente, mas ele não era nada disso. Não sabia como construir uma habitação segura, ou fazer fogo, procurar água potável, não conhecia as frutas da floresta, como se proteger dos animais, como caçá-los, e muito menos como se orientar.<br />
E foi assim que, iludido com a doce quimera da natureza gentil, que ele partiu para a floresta.<br />
Lá sofreu horrores, se perdeu, passou fome e sede, foi atacado por animais, comeu frutas que lhe causaram vômito e diarreia, o que ainda mais o debilitou.<br />
A sorte dele foi ter encontrado um grupo de caçadores que o ajudou a sair daquela situação.<br />
Ficou alguns dias com o grupo e pode aprender a viver um pouco mais em sociedade. Deixou de ser antissocial e passou até a gostar dos seus semelhantes. Ainda assim, continuou sonhando com as coisas da floresta. Passou a ler coisas sobre a floresta. Leu Walden. Leu Robinson Crusoe. E aprendeu que ali estava a natureza, mas também estava o homem, que mesmo estando sozinho, se socializava com seus semelhantes compartilhando sua experiência, afinal, Thoreau visitava os seus vizinhos e deixou a solidão da floresta voluntariamente após o período que programara experimentar, alegando ser aquela apenas uma das vidas que queria viver. Robinson Crusoé precisou de sexta-feira. E O Náufrago vivido por Tom Hanks precisou imaginar que uma bola fosse Wilson para não pirar de tanta solidão. Conhecer a natureza é um pouco isso, é conhecer também a relação do ser humano com a floresta, como pode haver simbiose entre coisas distintas. Isto é entender também sobre o ser humano, aceitar suas diferenças. Aqueles que ignoram o ser humano e levam em conta apenas a natureza, acabam sendo destruídos por ela ou contribuem para acelerar sua degradação. São bem parecidos com aqueles que não levam em consideração nem seus semelhantes nem a natureza. Em tempos de ódio, cada vez fica mais evidente como este se auto-alimenta e cria uma situação cada vez pior. É bem comum encontrar nos dias quem se sinta um daqueles três solitários de Santo Tomás de Aquino, se sentindo um Deus, quando na verdade é um animal que teve a má sorte de nascer entre outros tantos animais. Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-662625442330129082017-11-21T01:34:00.001-08:002018-01-21T15:02:34.021-08:00O Dente da Girafa<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chegou o grande dia. Teresa finalmente vai casar com um lindo mancebo. Pedro. Bem situado na vida e elegante, lá vem o noivo, com seu fraque eum lenço no bolso. Dentro daquele bonito lenço porém, há um segredo escondido. Todo mundo traz um segredo, nem sempre no bolso, muitas vezes no coração. Este segredo estava apenas no bolso e no passado de Pedro. Qual seria? Deixemos o casamento rolar, que isto vai por si só se esclarecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, vai entrando a noiva com seu pai e, logo a seguir as damas de honra. Quando o noivo vê uma das damas de honra, ele fica gelado de pálido, tudo porque a dama de honra que estava prevista foi substituída por outra, e ele não fazia ideia que a melhor amiga de infância e que ela tinha perdido contato, era justamente a Maria Helena, que tem tudo a ver com o segredo que ele esconde dentro do lenço.A mesma Maria Helena que ele havia conhecido quando adolescente num lugar bem distante dali alguns anos atrás.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo começou quando Pedro foi participar de um safári na África. Ele queria ver finalmente uma girafa em seu habitat natural, como tantas vezes ele já havia visto nos episódios que ele assistia no mundo animal. Foi lá que ele aprendeu que as girafas são seres muito diferentes. São os animais mais altos do mundo. Nisto, tanto ele como Maria Helena se pareciam, pois eram muito altos. Já Teresa, a noiva, era baixinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por outro lado, as girafas dormem em pequenos cochilos e ficam em pé quase o tempo todo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nisto também são parecidos Maria Helena e Pedro quase nunca dorme, ao contrário de Teresa que dorme muito.</div>
<div style="text-align: justify;">
As girafas, apesar de serem muito altas correm muito rápido podendo atingir quase 70 quilõmetros por hora, no que se parecem muito com Teresa que, apesar de ser baixinha, foi campeã de 100 metros rasos nos jogos universitários.</div>
<div style="text-align: justify;">
Reza uma lenda africana que a troca de dentes girafa, quando acompanham uma jura de amor no dia em que a mulher perde a virgindade, possui grandes poderes. Tem o poder de realizar qualquer desejo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois não é que Maria Helena era guia no safári? Durante o safári, eles se envolveram e acabaram fazendo juras de amor, tiveram sua primeira relação sexual em que Maria Helena perdeu sua virgindade, e se ´prometeram casar um dia e serem felizes. Tudo isso acompanhado de troca de destes de girafa, como havia sugerido um feiticeiro dias atrás.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando acabou o safári, os dois de separaram e Pedro esqueceu Maria Helena, mas não do dente. E Maria Helena esqueceu do dente de girafa mas não de Pedro,</div>
<div style="text-align: justify;">
Passados os anos, Maria Helena nunca tivera notícias de Pedro, Tinha o dente guardado no fundo do baú e não se lembrava deste pequeno detalhe. Não acreditava na lenda. Mas lembrava de todo o resto, do seu romance com Pedro, das juras de amor, de prometerem se reencontrar já com as vidas feitas e se casarem, terem filhos e serem felizes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pedro, por outro lado, rapidamente esqueceu Maria Helena. Mas trazia sempre guardado em um lenço o dente de girafa e, sempre que tinha uma dificuldade, o dente de girafa o assistia.. Foi assim que cresceu na vida, se tornou bem sucedido, hoje estava rico. Era hora de casar e constituir familia, Nem pensou em suas promessas ou em Maria Helena. Ela fora apenas uma aventura de férias, nunca levou isso a sério. Não sabia que não se podia prometer e descumprir para uma moça apaixonada. Não sabia também, e esta era uma parte da lenda que ele havia esquecido ou não prestara atenção quando o feiticeiro o alertou, que o demônio ou entidade que era invocada pelas juras de amor quando da cerimônia da troca de dentes de girafa, não perdoava o descumprimento das promessas e, caso isso acontecesse, ela viria depois cobrar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Dias atrás, qual não foi a surpresa para Maria Helena, quando sua antiga amiga de infância, disse que ia casar e a convidou para ser dama de honra em lugar de uma outra amiga que tivera que viajar repentinamente. Ainda maior foi sua surpresa quando viu estampado no convite o nome de Pedro. Na carta, Teresa havia incluido uma foto de seu noivo. Não havia dúvida, era o mesmo Pedro por quem continuava apaixonada. </div>
<div style="text-align: justify;">
Agora era chegado o dia do casamento e lá estava Pedro, com seu fraque e com seu talismã secreto o dente de Girafa. Teresa sorrindo, Maria Helena escondendo o choro, Pedro apertando o seu dente de girafa. Antes de vir para a igreja, Maria Helena finalmente lembrara do dente de girafa, procurou e achou no fundo do baú onde o havia deixado. De uma hora para outra, lembrou-se da lenda e de que a voto descumprida conferia poder a talismã de propiciar a vingança do amor traído.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como soube que Pedro melhorara muita de vida depois de sua aventura na África, ela supôs que o talismã fora responsável pelo sucesso, mas o outro dente de girafa que nunca fora usado ainda esta novo, com sua fonte de poder ainda intacta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esclarecidas as coisas, voltemos ao momento do casa que ensejou esta retrospectiva. Na hora do casamento ante o espanto de Pedro, Maria Helena invocou o dente e pediu que acontecesse alguma coisa com o vestido de noiva, que ele levantasse. Um vento forte soprou um vento muito forte mesmo, soprou e levantou o vestido de noiva, A noiva, desesperada, tentava controlar o vestido, mas o vento era mais forte. O vestido subiu e subiu e subiu muito alto, Agora todos já podiam ver, em todo esplendor, a calcinha, o sutiã e o rosto vermelhos de Teresa. Maria Helena, muito feliz, pediu que o vestido queimasse. No mesmo instante, o vento fez uma vela cair sobre o vestido de Teresa, e o vestido ardeu rapidamente. Pedro, desesperado, correu para acudir e tirar o vestido, ao mesmo tempo que tentava apagar o fogo. Teresa urrava de dor pelas muitas queimaduras que havia sofrido. Maria Helena pediu ao dente que Pedro perdesse o seu dente de girafa para sempre. Em meio ao combate as chamas, o lenço de Pedro caiu de seu bolso. Outra pessoa que tentava também ajudar, pisou em cima do lenço e na mesma hora, o dente se partiu em mil pedaços, virando poeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
Maria Helena, satisfeita, saiu e fez ainda um último pedido. - Que o teto desabe e o dois noivos morram... Sentenciou.</div>
<br />
<br />
<br />
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-27344590782940969162017-11-15T00:57:00.000-08:002019-06-15T09:02:41.129-07:00O Giz e as Borboletas Azuis<div style="text-align: justify;">
O novo professor de matemática era sério, mas bonitão. As moças
ficaram logo encantadas, especialmente Regina. Ela era uma aluna mediana
que não gostava muito de matemática, mas, com aquele professor, ela
começou a se interessar. Nunca antes quisera saber de logaritmos,
trigonometria ou álgebra, apenas de batom, maquiagem e roupas sexys.
Aquilo tudo de matemática parecia uma grande embrulhada. Mas a voz do
professor, profunda e máscula, lhe mexia as entranhas, provocava sua
libido, atiçava até quem diria, a sua curiosidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Começou a se
interessar pelas coisas da matemática que de uma embrulhada passou a ser
o código que regia o mundo. A música, aprendeu a partir de então, que tanto lhe
embalava o espírito, era uma tradução daquele código antigo, como uma
simbologia druídica que animava os seres vivos e não vivos.</div>
<div style="text-align: justify;">
O que
Regina não sabia é que tinha um grande admirador secreto logo ao seu
lado. O estranho Paulo, que não desgrudava os olhos da menina. Ele
achava nela tudo de atraente e encantador, mas nunca revelara nada a
ninguém. Não se achava merecedor, mas mesmo assim sonhava e todo mundo
pode sonhar sem interferência se mantiver seu sonho só para
si. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, coitado, não havia nascido com atrativos e as moças não
davam bola para ele. Os outros meninos também não gostavam dele. Ele
sabia disso e por isso não se atrevia a se declarar para Regina. </div>
<div style="text-align: justify;">
Todo dia ele acordava cedo e se aprontava antes dos outros para ir observar a menina indo para a escola.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ficou
com um verdadeiro ódio quando percebeu que todas as atenções dela se
concentravam no professor. Lhe causava mais ódio ainda o fato de ele
adorar matemática e ela odiar e, também, a mania que ela tinha de pegar o
giz que o professor usava durante a aula e guardar na bolsa. Todo dia
ela pegava um giz e colocava na bolsa. Para que ele não podia adivinhar e
justamente por isso ele detestava aquele hábito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia, cismado
com a mania de colecionar giz usado pelo professor, pensando que,
talvez, o giz fosse para ela um elemento erótico, percebeu que uma
borboleta azul o seguia. Ele sentou num banco de praça e percebeu que a
borboleta pousou em seu ombro. Ficou observando a borboleta, mas não a
conseguia ver pois só conseguia ver Regina. Ali estava, a sua
disposição, em todas as suas cores o esplendor natural de uma borboleta,
que por qualquer motivo desconhecido o confundira com uma flor. O mundo
todo rejeitara Paulo, mas Paulo rejeitara a borboleta porque não
conseguia ver nada além de Regina e o professor de matemática, as fontes
de todo o seu amor e ódio. Talvez a borboleta azul fosse atraída
exatamente o que rejeitavam os humanos. </div>
<div style="text-align: justify;">
A borboleta o seguiu o
dia todo, mas ao final da tarde encontrou uma flor onde pousou e
desistiu de Paulo. A partir desse dia, sempre havia uma ou mais
borboletas por perto de Paulo, mas ele deixou de repara nisso. </div>
<div style="text-align: justify;">
Regina,
por sua vez, chegava em casa, olhava para o seu giz e imaginava ele
todo cheio do cheiro do professor. E imaginava-se perdendo em seus
braços, misturando seu corpo ao dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela começou a segui-lo. Não
percebeu que por sua vez era seguida. Um dia, o viu entrar em um café.
Ela se decidiu e entrou em seu caminho, dando uma trombada e caindo em
seus braços. Seus olhos, fingindo surpresa e esbanjando sedução,
pousaram nos olhos do professor e este se sentiu fortemente atraído.
Não era para menos, Regina nascera com aquele encanto que deixa os
homens desarmados. Ele pediu desculpas e a convidou para tomar uma café.
Em pouco tempo estavam conversando como velhos conhecidos. Ela e o
professor esbanjavam tudo que tanto faltava a Paulo. Não demorou e ele a
convidou para sua casa. O que lá aconteceu não foi conhecido mas
adivinhado por Paulo, que não parava de os seguir. Ele fotografou tudo.
Eles se encontrando no café, conversando, entrando na casa do professor,
saindo horas depois com um sorriso de felicidade no rosto. Sim, Tinha
sido a primeira vez de Regina, Enfim, seu primeiro homem. E ela ficou
completamente apaixonada. Ele, nem tanto, Era só mais uma. Era casado e
aproveitara o fato da esposa estar viajando para dar uma fugida e,
apesar de Regina ser linda, ele não queria comprometer sua vidinha
arranjada e pacata.</div>
<div style="text-align: justify;">
Paulo, morrendo de ódio, levou as fotos para a
diretoria. A diretoria, ao saber do acontecido, convocou o professor e o
demitiu, </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Regina, ao saber que o professor sido
demitido e havia mudado de cidade, entrou em desespero. Dois dias
depois, foi encontrada morta, abraçada a um saco cheio de pedaços de
giz molhados por uma substância que depois constataram provir de
lágrimas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nunca mais ouviram falar de Paulo. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Um ano
depois, quando ninguém mais lembrava da tragédia, uma garota desapareceu
da escola. Encontram-na dias depois na mata, seu corpo nu e sem vida na
floresta. A arma do crime, sua calcinha e sua bolsa foram mais do que
suficientes para incriminar o zelador da escola, apesar deste alegar não saber como aquelas coisas foram para ali. Ninguém reparou que a
vítima era muito parecida com Regina e seu corpo fora encontrado coberto
de borboletas azuis.</div>
Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-82109256245705840442017-11-13T01:40:00.002-08:002017-11-16T02:12:24.614-08:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sergisvaldo era assim desde menino. Com seu olhar,
dominava a todos. Os pais, os amigos, os professores, adultos, velhos e
crianças morriam de medo daquele olhar. Ele se acostumou com aquilo e
obtinha tudo que queria com um simples olhar. Seu olhar era uma ordem e
pronto. Nunca ninguém havia tentado descobrir o que aconteceria em caso
contrário. </div>
<div style="text-align: justify;">
Sempre foi assim, até conhecer Marisnalva. Ela
tinha o olhar ainda mais poderoso, pelo menos para ele. Ela também foi a
primeira a contestar seu olhar e a sua primeira mulher de verdade
também. Foi amor a primeira vista e foi a primeira vista que ele se
entregou aos seus comandos. Se casaram em pouco tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele
obedecia e tinha medo. Ela o surrava vez por outra com um terrível
chicote e ele simplesmente não conseguia reagir àquele olhar. El,e que
de mandão virou submisso, de lobo se viu transformado em cordeiro,
aguentou aquela situação apenas por algum tempo. Um ano e meio, para ser
mais exato.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia, quando ele quis de verdade realizar uma
fantasia sexual e Marisnalva não o permitiu, apesar de suas insistência e
apesar de ele nunca ter se recusado nada a ela, por mais estranho e
humilhante que fosse. Não só recusou como acabou o surrando com o
chicote e enchendo suas costas de lanhos sangrentos, e o amor se
transformou em ódio, na mesma intensidade só que ao contrário.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele
decidiu que só tinha um jeito. Era matar Marisnalva ou se condenar a
submissão por todo o sempre. Ficou com a segunda opção, é claro. </div>
<div style="text-align: justify;">
Ele
deixou um facão sob a almofada do sofá. Não havia perigo dela descobrir
pois ele é quem arrumava a casa. Isto ela deixou claro desde o
princípio. Mas, chegado o momento dele executar seu plano, aproveitar
que ela estava distraída e golpeá-la pelas costas, ela se virou e o
fuzilou com seu olhar mais indiscutível e ele recuou e desistiu como
sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
Num primeiro momento, ele desistiu da ideia, mas depois
descobriu por acaso que ela o estava traindo com outro homem e
resolveu-se novamente a enfrentá-la. Mas, para isso, primeiro precisava
treinar. Talvez, se se acostumasse a matar, enfrentasse a situação e se
acostuma-se a ela, talvez não recuasse numa outra tentativa. Resolveu
começar com alguma vítima ao mesmo tempo aleatória e indefesa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma criança. Porém as crianças tem pais. Mesmo assim, é um bom começo, não tem força nem experiência para se defender.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi
ao parque. Os brinquedos ficam ao lado de uma floresta. Um lugar muito
estratégico. Observou o parque a procura de uma mãe distraída. Havia uma
que deixava sua filha a vontade, enquanto lia. Durante uma hora, apenas
uma vez foi verificar como estava a filha. Depois, continuou lendo. Ele
atraiu a menina oferecendo um pirulito. Foi a chamando em direção a
floresta. Lá chegando, viu a criança a sua disposição. O seu lindo
pescocinho a disposição para ser esganado. Mas, que nada. Sergisvaldo
ficou com pena. Pensou consigo - O que é que estou fazendo? Matar uma
criança ? Que covardia. Deixou a criança ir.Foi seu primeiro fracasso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Da
segunda vez, resolveu atacar uma velhinha. Sim, uma velhinha seria uma
boa. Indefesa, já viveu bastante e tem pouco por viver. Como treino
seria legal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Soraia, tinha oitenta e dois anos. Foi sua primeira
vítima. A coitadinha mancava e não enxergava bem e, por isso, não pode
oferecer muita resistência. Para começar foi bom. A velhinha gostava de
passear com seus gatos à noite e fio fácil surpreendê-la numa viela
escura e solitária, dessas que existem em quase todos arrabaldes pobres
das cidades.</div>
<div style="text-align: justify;">
Da terceira vez foi mais ousado. Acompanhou um
rapazinho por dias, estudou seus movimentos. Viu que ele era calado e
solitário e, por isso, sofria bulying dos colegas. Não tinha amigos e
gostava de buscar os caminhos mais longos e solitários tanto para ir
para a escola como para voltar para casas. Era claro que o menino não se
sentia feliz nem em casa nem na escola, ou seja, não era feliz em lugar
algum. Começou a encontrar um sentido nas coisas que estava fazendo.
Matar aquele rapaz seria livrá-lo de um peso. Sentiu orgulho e percebeu
que começara a gostar do que estava fazendo, esquecendo por completo das
muitas vezes que humilhara seus colegas na escola quando ainda era um
menino. Desta vez, ao praticar seu ato atroz, não sentiu nojo. Teve até
prazer no que fez. Em seu delírio chegou a ver gratidão nos olhos que na
verdade expressavam pavor na hora da morte.</div>
<div style="text-align: justify;">
E aí foram muitas
vezes, muitos assassinatos. Ele foi para as manchetes dos jornais -
Assassino em série atava de novo. E foi ficando viciado em matar. E foi
adiando seguidas vezes o assassinato que no inicio serviu de pretexto
para ele se tornar o que era. Um psicopata cruel que sente prazer no
sofrimento dos outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
Porém não praticara todos aqueles
assassinatos. Pois não é que um outro assassino lhe seguia os passos e
imitava seus métodos. Boa parte dos assassinatos não fora ele que
cometera, mas outro ou, quem sabe, outros assassinos que atuavam na
região. Este outro era até mais cruel, pois sempre deixava sinais de ter
torturado a vítima o que causava mais horror. </div>
<div style="text-align: justify;">
Finalmente,
já se sentia seguro para concluir seu plano, ou seja, assassinar a
mulher. Ele já se sentia forte o suficiente para enfrentar aqueles olhos
dominadores. </div>
<div style="text-align: justify;">
Entrou decidido foi procurar debaixo da almofada do sofá onde havia escondido o facão com que pretendia golpear a sua última vítima.
Sim, última. Decidira abandonar aquela vida de crimes após atingir sua
meta final. Sabia que era errado continuar aquilo. O outro assassino
acabaria recebendo a fama pelos seus crimes, mas ele não se importava
com a repercussão. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, surpresa! O facão não estava lá. Alguém o
tinha retirado, tinha certeza. Quando começou a se ligar de quem
poderia ter sido, já foi tarde demais. Recebeu o primeiro golpe pelas
costas e caiu no chão, prostrado e inerme. Logo em seguida, escutou a
voz de sua esposa. </div>
<div style="text-align: justify;">
- Você achou mesmo que poderia ter feito tudo
isso sem que eu descobrisse? Não só descobri como fiz o mesmo. Eu sabia
que você ia querer me matar, que era para isso que você estava treinando
para pegar coragem. HAHAHAHA. Que ridículo que você é. Quando você vai,
eu já estou voltando, será que ainda não entendeu isso?</div>
<div style="text-align: justify;">
Golpeou várias vezes até vê-lo bem morto, afogado em uma poça de sangue. </div>
<div style="text-align: justify;">
Ao terminar, ouviu as sirenes dos carros de polícia ao redor da casa. Saiu de braços levantados e gritou. </div>
<div style="text-align: justify;">
-
O assassino era o meu marido, descobri ontem e tenho provas disto. Ele
ia me matar. Deixou isto escrito em seu diário. Eu o matei em legítima
defesa. Ele está aqui no chão da cozinha mortinho da Silva. </div>
<div style="text-align: justify;">
Será que Marisnalva ia conseguir explicar a razão de tantas facadas. Só o ódio as poderiam explicar.</div>
Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-20858409992540570952017-10-24T07:40:00.000-07:002017-10-24T08:38:24.639-07:00A coisa<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-dc1hNRQCZAE/We9dLBqMWZI/AAAAAAAAARI/DydsG17kq_oe-SjzO6YU765iaaiqmtjZQCLcBGAs/s1600/foice.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="259" data-original-width="194" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-dc1hNRQCZAE/We9dLBqMWZI/AAAAAAAAARI/DydsG17kq_oe-SjzO6YU765iaaiqmtjZQCLcBGAs/s200/foice.jpg" width="149" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-large;">E</span></span>ra já noite avançada e eu dormia a sono solto. Despertei ouvindo um ruído, cacos de vidro partindo, estilhaços, rangidos, um misto de tudo isso e ainda mais. Depois, não ouvi mais nada, só o silêncio da noite. O silêncio da noite é como um sussurro, que não diz nada, mas diz tão profundamente que assusta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi em meio a este silêncio que se seguiu ao ruído, que a coisa, um vulto obscuro e tenebroso, se aproximou de mim . Não sabia se era uma sensação ou alguma outra coisa. Se era real ou imaginário. Só sei que estava ali, se aproximou e me tomou e eu passei a ser dois ao invés de apenas um. Senti que era uma coisa terrível que vinha de algum lugar tenebroso e o qual iria conviver por muito tempo. Era alguma coisa que, perdida e sem corpo, procurou um para compartilhar e achou o meu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, eu não sou apenas eu, mas sou dois. E este outro com que compartilhava tudo, digo até que contra a minha vontade, era mais forte do que eu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensei em me matar, mas a coisa me tomava e dizia - fique, tenho outros planos para nós, mas não era bem assim que ela dizia, pois dizia algo assim como se fosse um sussurro, sem palavras distinguíveis, como tentáculos que nos apertam a garganta e nos fazem sufocar, mas que eram tão convincentes que não restava outra senão atender sua ordem. Ordem! Comando! Sim, era assim que a coisa comandava a mim e a meu corpo. E entendia que não podia haver mais ninguém em minha vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A partir deste dia fui eliminando as pessoas que faziam parte da minha vida, pois agora minha vida era ser o veículo em que a coisa realizaria seus propósitos, desculpa se insisto em chamá-la de coisa, mas não sei mais do que chamar. Ela não se apresentou, só possui meu ser e pronto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Naquela mesma noite, Sueli, minha namorada, vinha me visitar. Era o dia da semana em que nos encontrávamos. Namorada não é bem o termo, pois só nos encontrávamos para ter sexo. Ela era casada, mas o marido havia arranjado uma amante e acabaram fazendo aquele acordo tácito em que cada um podia procurar satisfação fora do casamento. Era meu dia favorito da semana, pois ela era linda e sensual. Seu cheiro me inebriava. Não sei como o louco do marido a deixava para mim. Talvez pensasse assim apenas por não conhecer a outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bom, ela veio esta noite vestida para matar. Se fosse eu sozinho a estar dentro de mim, eu a teria agarrado ali mesmo e a amado como todos meus poros, suor, coração e lágrimas, teria fundido as nossas carnes numa erupção ardente de brasas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a coisa não me deixou reagir do jeito que eu costumava, como o ardente amante que eu sou. A coisa começou me dizendo - você precisa se livrar dela. Somos só eu e você agora. Não precisamos e ninguém para nos atrapalhar. E aí eu respondia para a coisa - o que quer dizer com se livrar dela? - Mate-a, estragule-a, sufoque-a. Deixe-a sem ar e sem vida. Na verdade ele nada me dizia, mas eu ia traduzindo, em total sintonia, o que ele me transmitia telepaticamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas fazer isso como ? Eu nunca fiz isso, nem sequer cogitei matar alguém, acha que é assim, que basta dizer mate e a pessoa já sabe matar? Mas a coisa, ao invés de responder me deixou claro, telepaticamente, indiscutivelmente o que era para eu fazer. E todo o método frio e desumano de matar alguém me surgiu pronto na mente, como se fosse o resultado de anos de reflexão, mas tudo se deu em apenas segundos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem pensar comecei a preparar tudo. Ela estava deitada, esperando meus carinhos. Eu começava sempre por um beijo demorado. Ela gostava de sentir minha língua e me perguntar qual era o sabor que eu sentia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A coisa me fez entender de forma diferente o que ela queria com aquela pergunta. Não sei se era isso, acho que não, sempre pensei que ela queria saber se estava saborosa, cheirosa, mas a Coisa me induziu a pensar que, talvez, eu pudesse sentir o gosto de outro beijo. Me subiu uma raiva e a sufoquei, sem pensar, com o travesseiro. Senti ela perdendo as forças. Aquela vadia. Quando dei por mim, vi que quem dizia aquilo era a Coisa e não eu. Por um momento , ela assumira o total comando, tempo o suficiente para que Sueli tivesse morrido asfixiada. Tive que destruir as provas. A coisa foi me dizendo o que fazer. Na verdade, a coisa não dizia nada para mim. Iam surgindo os comandos na cabeça, sem que ninguém precisasse dizer nada. Realmente, é uma coisa difícil de explicar, tenho certeza que ninguém vai entender porque fiz o que fiz. Não foi por escolha, mas por que eu tinha que fazer, eu não podia contradizer aquilo que me invadiu no silêncio da noite, para me fazer de instrumento dos seus desígnios. Como eu dizia, eu cortei o corpo em pedaços e os dissolvi em ácido. Ácido, que ácido? O ácido apareceu lá. Estava no fundo do porão. Não sei porque algum dia eu teria precisado de ácido sulfúrico e clorídrico, mas meu subconsciente havia pedido e eu atendi sem saber o porque. Era como me a coisa não apenas tivesse tomado a mim, mas ao meu passado, à minha história. Era se ela possuísse a minha identidade. Mas, eu juro. Não era eu que estava ali, era apenas a Coisa exercendo sua tirania sobre mim. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Da mesma foram todos os outros, os amigos, os parentes, fui convidando um por um para ir lá em casa e os fui eliminando até não sobrar mais ninguém. Aí a coisa disse para eu seguir em frente com a execução dos seus planos.Nunca tive consciência do que ela pretendia e até hoje não sei. Ela sempre se recusou a me explicar seus planos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu era apenas uma peça no seu tabuleiro de xadrez. Não tinha consideração por mim e apenas usava o meu corpo, pois ela não possuia um que fosse seu. Quer dizer, meu corpo era seu, por assim dizer, mas eu ainda existia ali, de uma certa forma. Eu era como um ser mantido vivo apenas para ser consumido. Acho que se não houvesse mais eu dentro de mim, meu corpo iria junto e é por isso que ela me mantinha vivo, como que respirando por máquinas e mantendo as funções vitais apenas para que meu corpo não morresse. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sei que parece absurdo, mas eu garanto ser verdade. Há muita coisa além da ciência e da realidade. Além disso, há o mistério. Quem é que poderia viver sem ele?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de ter eliminado uma por uma as pessoas que poderiam interferir, me deixando só neste mundo, a Coisa colocou seu plano em ação. Qual ele seja, não sei. Ela nunca me contou. Tentem entender vocês, pois eu não consigo compreender. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro, ela me fez ir ao cemitério e, diariamente, comecei a roubar os corpos dos túmulos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-J0Xq7zVUuNs/We9eVRpii_I/AAAAAAAAARQ/3ZfcS0YxDiohXpLgWAPOVnpw7iTKKRZtgCLcBGAs/s1600/cemit%25C3%25A9rio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" src="https://3.bp.blogspot.com/-J0Xq7zVUuNs/We9eVRpii_I/AAAAAAAAARQ/3ZfcS0YxDiohXpLgWAPOVnpw7iTKKRZtgCLcBGAs/s1600/cemit%25C3%25A9rio.jpg" /></a></div>
<br /><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nossa amada Leninha, descanse em paz. Descanse eternamente, pai. Passant, ne pleure pas ma mort, Si je vivais tu serais mort.. Passei a colecionar mentalmente epitáfios. Acho que era para distrair a mente do horror que eu fazia. É que nem por um momento deixei de ter consciência que aquilo era errado, que não devia se desrespeitar os mortos, que não se devia mexer com as coisas do além. Me perdoem os familiares e as almas dos que violei o túmulo. Eu não tinha alternativa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que foram centenas. E a Coisa me fazia acumular aqueles restos mortais no porão. Cada um em uma caixa e eu tinha que escrever o nome do falecido na caixa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois, foram as velas, uma para cada corpo, uma faca de prata, um serrote, um martelo, uma foice, uma picarta, algemas e outros itens de tortura e macabros. E a cada novo item, ia se formando aquele ritual macabro e satânico. Não consigo compreender o que ele queria. Acho que queria formar uma legião se zumbis, ou sacrificar ao diabo ou ao vampiro as almas daqueles mortos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, o item que faltava. Uma criança, um inocente. O sangue de um inocente tinha que ser derramado, não sei bem com que propósito, era, provalmente, parte essencial do ritual, para que seus desejos lúgubres fossem atendidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei e nunca vou descobrir para que tudo aquilo, pois vocês chegaram bem a tempo de evitar a catástrofe a hecatombe. Quando eu estava com o machado pronto para decapitar aquela pobre crinaça, vocês chegaram e impediram que a Coisa realizasse seu ritual. Vinham me seguindo desde que deram pelos primeiro túmulos violados. Me surpreenderam justamente quando eu iria iniciar o ritual dos mortos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não acreditaram em mim, não acreditaram que havia realmente a Coisa. Achavam que eu tinha inventado tudo aquilo para escapar da culpa, para escapar da pena. Claro que não, jamais deixei de me dizer culpado, só queria que atentassem para a Coisa e que a parte maior da culpa recaísse sobre ela. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sob tortura, acabei confessando o que não era verdade, que fui o responsável consciente pelos meus atos e que a Coisa tinha sido inventada por mim. Isso é que o pior, saber que a Coisa vai continuar solta por aí, tomando o corpo e a vontade de outras pessoas. Dizem que eu menti, mas dizem isso por nunca terem tido a coisa dentro de si. Não tenho motivos para mentir, tanto é que prefiro a morte. Eu exigi que me condenassem a morte, tal o horror que tinha ao pensar que a Coisa, que depois que fui preso me deixou, volte e me tome novamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Oh, desgraça, me condenaram a apenas trinta anos de prisão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sei que o que fiz é o horrível, mas não fui eu e tenho medo de ter que fazer novamente, pois a Coisa prometeu que volta assim que vocês me soltarem após eu cumprir minha pena. Só de pensar nisso, tenho calafrios. É por isso que resolvi me suicidar e deixar esta carta, me desculpando com as muitas pessoas que prejudiquei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OBS : Esta carta foi encontrada firmemente segura pelos dedos hirtos e endurecidos do priosioneiro, que usou tolhas e lençóis para formar uma corda e se enforcar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-85528746322334493372017-07-15T06:17:00.000-07:002017-11-25T03:16:11.805-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-sm4BmicZJ20/WWoT8DTTReI/AAAAAAAAAQY/zvuWmOcrD6UfwQWyIeTXwGGcaqB4qgbwQCLcBGAs/s1600/lousa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="152" data-original-width="240" src="https://3.bp.blogspot.com/-sm4BmicZJ20/WWoT8DTTReI/AAAAAAAAAQY/zvuWmOcrD6UfwQWyIeTXwGGcaqB4qgbwQCLcBGAs/s1600/lousa.jpg" /></a></div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2490" style="text-align: justify;">
Eu
tenho este estranho hábito de ler os quadros de avisos. Todo mundo acha
que num quadro de avisos só tem coisas bem pouco interessantes, tipo :</div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2490" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2548" /></div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2694" style="text-align: justify;">
- Geladeira nova a preço de usada! - teria cabimento geladeira usada a preço de nova?</div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2694" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2549" />
-
Aluga-se formoso apartamento de frente para praia, e que tal, ao invés,
aluga-se formoso apartamento de frente para os fundos? Eu fico
brincando de anúncios! É divertido. Assim, é possível transformar uma
coisa chata numa coisa divertida. </div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2694" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2552" />
<div>
Por
exemplo, quando acontece de estarmos assistindo uma aula ou palestra bem chata, sabe
daquelas que dá vontade de dormir mesmo sem ter sono?</div>
</div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2694" style="text-align: justify;">
Não
que eu ache aulas chatas quando não são. Tem muita gente que acha chata
qualquer aula, mesmo as que não são. Gente chata, pois só acha tudo
chato quem tem a chatice dentro de si. Eu tendo a achar legal o que é chato para todo mundo e chato o que é legal para todo mundo.</div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2693" style="text-align: justify;">
Não se trata de ser do contra, mas de ser diferente mesmo.Tem
gente que acha que faço isso para ser do contra, mas, como não é por
isso, tendo a manter em segredo o que acho legal e o que acho chato.
Querer ser maior é diferente de querer ser diferente, se é que o que é
sem sentido possa fazer sentido. Esta é a direção sobre a qual se deita o
meu destino. O plano osculatório onde se espalham meus planos. </div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2693" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2557" />
Quando eu estou assistindo uma aula de matemática, por exemplo, o professor explicando a equação do círculo : </div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2693" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2558" />
- O
círculo é o lugar geométrico dos pontos equidistantes de um ponto
chamado de centro do círculo - imagina aquela voz modorrenta dizendo
isso. Eu adoro matemática, mas até isso
pode ser chato numa voz dessas. E aí, ele contínua : Não confundam
círculo com circunferência, pois o primeiro é a figura o outro o seu
comprimento ou perímetro.</div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2693" style="text-align: justify;">
Um
círculo é um polígono regular de infinitos lados... aí eu imagino, um
infinitógono. hahaha, uma piada matemática. E que tal um infinitaedro, ou
seja, uma esfera? E que tal o infinito, tadinho, apenas um oito
dormindo, porque tanta empáfia? O oito dormindo como é representado o infinito é uma grande lição para os que se acham grandes, cheios de empáfia, mas que não conseguem entender a grandeza desta pequena lição e não passam de um oito dormindo, sem jamais atingir a grandeza do infinito que este símbolo representa. Será que, quando uma esfera se deita, se é que seria possível pensar numa esfera deitada sem se valer de uma quarta dimensão, vira um octaedro? Só se
for regular e convexa, naturalmente. </div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2693" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2561" />
Aí,
quando ele vai explicar que, a partir da expressão da distância no
plano cartesiano, ou seja, que a distância é a raiz quadrada da soma do
quadrado das coordenadas, se deduz que o quadrado do raio do círculo é
igual a soma do quadrado das coordenada e isso expressa a equação de um
círculo com centro na origem e que, para expressar um a equação de um
círculo de centro em um ponto qualquer x0, y0 basta fazer uma translação
de eixos, ou seja x´ = x - x0 e y = y - y0 e agora x' ao quadrado mais
y' ao quadrado igual ao raio ao quadrado. </div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2701" style="text-align: justify;">
<br id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2564" />
Todo
mundo dormindo, mas eu imaginando o professor vestido num barril por
ter perdido a roupa e que, vestindo também um chapéu de mestre cuca, vai ensinando
uma receita de bolo de chocolate, a uma turma que, ao invés de dormir, como oito deitado que são, olha embasbacada a infinitude absurda de um bolo de chocolate. </div>
<div dir="ltr" id="yiv7514620555yui_3_16_0_ym19_1_1499946696503_2713" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todo mundo dormindo, eu rindo.</div>
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-33888475266161559402017-07-13T03:09:00.002-07:002017-07-15T06:01:10.983-07:00Entre a aspirina, o anão e o passaporte<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-xFVJtOEOVIk/WWoSCIcpbtI/AAAAAAAAAQQ/OKJSslPFDes4Gc7Xj-u_7GO2Ha7MqnZdACLcBGAs/s1600/529756Medusa%2Bde%2BCaravaggio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="319" data-original-width="311" src="https://2.bp.blogspot.com/-xFVJtOEOVIk/WWoSCIcpbtI/AAAAAAAAAQQ/OKJSslPFDes4Gc7Xj-u_7GO2Ha7MqnZdACLcBGAs/s1600/529756Medusa%2Bde%2BCaravaggio.jpg" /></a></div>
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Estava eu com uma tremenda dor de cabeça, daquelas de rachar o crânio. Eu não gosto de tomar remédio, mas daquela vez não estava dando para aguentar mesmo. Como não costumo tomar remédio de espécie alguma, especialmente analgésicos, o efeito dele é tiro e queda. É tomar e passar a dor, ao contrário dos que são hipocondríacos e vivem se encharcando de fármacos. A dor é bastante edificante e não porque se render ao primeiro sintoma, enfim, não entendo tanta fraqueza. Mas, quem sou eu para julgar os outros. Cada um é que sabe de si, pois não sabemos de fato se a dor que sentimos é a mesma dor que outra pessoa sente. Deve haver pessoas mais sensíveis a dor do que outras. <br />
Mas, onde encontrar remédio na casa de alguém que não toma remédio? É porque não tomar remédio chega a se uma doença em mim. Procurei em todo canto e não encontrei. Encontrei todo tipo de coisa que estava perdida, as chaves que me fizeram trocar a fechadura da casa, os documentos que tive que tirar uma segunda via, tudo menos o maldito analgésico. <br />
Não queria sair de casa me sentindo daquele jeito, mas não via alternativa.<br />
Procurei em todas gavetas de todos os armários e não encontrei sequer uma aspirina. Sabe, eu prefiro tomar aspirina, não sei porque não quero saber de dipirona, paracetamol, e outros analgésicos populares. <br />
Enfim, decidi ir até a farmácia.<br />
Quando lá cheguei, havia um anão sendo atendido pelo único atendente disponível. E o anão, além de ser muiiiiiiiiiiito baixo, era muiiiiiiiiiiiito chato. Sabe daquele que acha que todos os remédios são caros ou não prestem e pedem sempre uma opção alternativa que não serve também e pedem mais outro até desistir de comprar. E quando desistem de comprar para procurar em outra farmácia, passam para outro item de uma lista interminável de remédios. Pois o anão, além de baixo e chato, também era hipocondríaco. E assim, foi rachando aos poucos minha cabeça, quando, de repente me lembrei que naquele dia era o último dia para eu ir pegar meu passaporte e acabei me esquecendo por causa da dor de cabeça. Caramba, vou ter viajar dentro de um mês e ainda tenho que providenciar o visto.<br />
Seria uma viagem de negócios. Meu chefe me pediu para participar de uma reunião com um cliente no exterior. Seria a primeira vez que sairia do meu país. E esta dor de cabeça para atrapalhar.<br />
O que seria mais importante? O passaporte ou a dor de cabeça?São tantos dilemas que temos que enfrentar pela vida. Isso ou aquilo! Sempre resta a dúvida e uma grande lição que aprendi na vida foi lidar com este grande algoz que é a dúvida.<br />
Coitadas das pessoas que não entendem que uma parte das grandes questões que lhe atormentam são coisas nebulosas que ninguém sabe ao certo a resposta e que as respostas talvez nem existam. Tudo é fácil quando é com outras pessoas ou se é meramente hipotético, mas quando se entra no jogo a dúvida é uma verdadeira tortura. <br />
Certamente, todos diriam: O passaporte! Isso porque não sabem a dor que estou sentindo e isso porque eu sou uma pessoa quase imune a dor. Tenho vários exemplos para citar. Teve aquela vez, quando eu era menino e um menino que eu havia encrencado foi buscar sua patota para me dar uma surra e como fiquei orgulhoso de não ter dado um pio. Eles ficaram tão impressionados, que fugiram assustados. Me senti um espécie de super herói. Mas, de que vale ser um superherói se não se aguenta uma dor de cabeça? Eu devia era dar umas porradas no anão, mas me acusariam de discriminação. Eu não tenho nada contra os anões. Só contra aquele anão que não acabava nunca sua lista infinita de remédios de que não precisava ou não queria comprara. Era um anão que veio ali apenas para irritar o vendedor. Era uma verdadeira vingança contra todos os anões vilipendiados, humilhados e discriminados que havia no mundo. Mas a vítima da vingança agora era eu. Logo eu que sempre fiquei ao lado dos fracos e oprimidos. Se soubessem a minha revolta quando soube que na França havia uma competição de arremesso de anões a distância. Não que não fosse engraçado imaginar o pequenino sendo pego pela perna por um fortão que ia girando, girando e girando loucamente em torno de sua cabeça, enquanto isso o anãozinho urrando, até soltar e ir correndo ver a que distância que ele havia caído. A vontade que dá da gente rir, vem certamente de um espírito cruel que habita nosso subconsciente. Mas, pensando bem, não havia nada de revoltante imagina AQUELE anãozinho chato sendo arremessado.<br />
Aí imaginei o Samurai Gourmet. Seu samurai entrando feroz na farmácia e dizendo tudo que eu desejaria ter a coragem de dizer. E arremessando o danado do anão, é claro, lá no meio da rua e uma caminhão passando sobre o anão, engatando uma ré e passando de novo, até que o pequeno e chato anãozinho tivesse virando uma simples pasta confundindo-se com a tinta do asfalto.<br />
Ei, que legal! Meus pensamentos malvados me fizeram distrair e, quando dei por mim, a dor de cabeça havia definitivamente passado. Agora podia ir pegar meu passaporte. A imaginação é um santo remédio.<br />
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<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-18357497388987293022017-02-06T04:45:00.001-08:002017-02-06T04:45:13.003-08:00Adilson queria presenciar um milagre. Via um passarinho e pedia aos céus para o passarinho pousasse em sua mão. Mas o passarinho seguiu seu caminho, não dando a mínima atenção ao pedido de Adilson. <br />
Isso acontecia todos os dias. Adilson esperava acontecer o milagre e o milagre insistia em não acontecer. Ele achava que era por não ter suficiente fé, mas se ele precisava tanto daquilo era exatamente para não perder o pouco de fé que ainda tinha. Se Deus estivesse ouvindo, certamente iria atender suas preces. E a medida que tentava crescer sua fé, sua fé diminuía. <br />
Um dia, cansado, resolveu seguir seu caminho e ignorou o passarinho. Então, aconteceu o que ele tanto queria: o passarinho voou e pousou em sua mão. Logo agora, quando ele já não mais cria. <br />
A partir desse dia, o passarinho o seguiu, como se segue um amigo que se deseja confortar, como se conforta um amigo que havia perdido a fé.<br />
<br />
Eduardo estava apaixonado por Luiza. Mas Luiza não o queria. <br />
Todos os dias, Eduardo insistia e dizia : Te amo Luiza, namora comigo, vai?<br />
Não, ela respondia. Eu não te amo. Não posso te amar, pois amo outro rapaz.<br />
Mas Eduardo não desistia. Eu te amo, Luiza, ele dizia.<br />
E ela sempre respondia, Eu Não te amo Eduardo, eu amo outro rapaz, de olhos claros e cabelos louros. Um príncipe lindo e rico. Você é pobre e feio, por que eu iria te amar?<br />
E Eduardo dizia, por que eu te amo e é muito bom ser amado, pois eu queria muito ser amado por você. <br />
Chegou o dia, pois sempre haverá um dia que será o dia para tudo que ocorreu ou ocorrerá, o dia em que Eduardo disse que desistia. Foi até Luiza e disse que havia se cansado e ia seguir seu caminho, procurar outra pessoa. Esquecer seu amar e reinventá-lo em outros olhos, em outro coração, reconstruir esse amor com outros tijolos, outros materiais de construção, recortá-lo em múltiplos pedacinhos e depois colar com outra cola, uma daqueles que não desgrudam por nada desse mundo, pois era desperdício de amor amar tanto alguém que não nos ama de volta, pois seria desperdiçar o bem mais precioso, o amor, deixá-lo guardado para alguém não o queria.<br />
- Mas logo agora, respondeu Luiza, logo agora que descobri que o rapaz que amo não me ama e que, pior ainda, ama outra. Logo agora que havia resolvido te amar para sempre, que havia descoberto como és bonito, como é bonito e desejável seu amor. Logo agora que resolvi te amar que tu desistes.<br />
E Eduardo, radiante, resolveu que seria a vez dela insistir. Será que um dia ela consegue dobrar a inquebrantável vontade de Eduardo de não mais amá-la? O amor é assim : feito de desencontros.<br />
- Eu te amo, Eduardo, não desista de mim, dizia ela todos os dias.<br />
<br />
Afrânio queria estudar medicina.<br />
Como não tinha dinheiro suficiente, tinha que ser em uma universidade pública. Mas passar em uma delas é bem difícil, é preciso estudar muito.<br />
Estudou e não passou. Tentou de novo e não conseguiu mais uma vez. Tentou outra e mais outra e, enfim, conseguiu passar.<br />
Ficou feliz, mas seria só o começo. Seguir adiante, sempre, era no que ele pensava. <br />
No primeiro dia de curso, foi atropelado por um caminhão no percurso. Seus sonhos viram um monte de frangalhos espalhados nos asfalto.<br />
Para uns as coisas caem dos céus e nem precisam fazer força para conseguir o que desejam. Para outros, apesar de todos os esforços, só caem dos céus desgraças. <br />
Todos dias são iguais. Aqueles que correm atrás, não conseguem e se decepcionam, aqueles que resolvem desistir e seguir em frente, são as coisas que já não queria vão atrás deles, talvez até por que antes fizeram.<br />
<br />
É tipo quando a gente estuda um assunto difícil e se toca de que não está aprendendo nada, e joga o livro na parede e quando o livro se estilhaça em mil frangalhos no chão, dá um estalo e percebe que o esforço não havia sido em vão e agora finalmente aprendeu, pois a medida que se aprende de fato, a pessoa vai se tornando mais humilde ao perceber o quanto não sabia e, então, corre-se a colar os pedacinhos do livro e se ajoelha humildemente ante os tesouros ali contidos. A arrogância só pertence aos ignorantes e é um tremendo indício dele, isto a vida me ensinou. Já percebeu como tudo é fácil para quem nada fez, pois para ele é só ir lá e fazer, mas é justamente isso é que difícil, fazer, saber o que fazer e fazer é coisa que se consegue apenas com humildade e só os que fazem, sabem como é difícil fazer. Por isso, não aprecio jornalistas e críticos, digo, desses que nunca fizeram nada, mas ficam dizendo apenas o que está errado em tudo, pois fácil demais achar o erro em alguma coisa, mas não quer dizer que achar o que está errado é saber fazer, longe disso. É como jogar o jogo dos sete erros - a gente encontra os erros mas não por isso vai saber fazer o desenho melhor que desenhista. Nos textos dos críticos é normal não encontrar soluções alternativas propostas. E quando se encontra uma, é bem provável que não vá funcionar.<br />
De nada adianta a ansiedade, pode-se dormir tranquilo. O que virá, certamente virá. só nos resta aceitar o demora ou pressa que as coisas vem, pois elas virão tarde demais ou antes do tempo. Por outro lado, coitado de quem não tentar, pois só se conquista tentando, mas a chance de conseguir, infelizmente, é muito pequena, mas não tentar é ter a certeza de que não vai conseguir.<br />
O desejo sexual explode quando ainda não se sabe quando conquistar uma mulher, mas, a medida que nos tornamos experientes e confiantes, ele definha. A sabedoria nos chega ao final da vida quando já não serve de nada, nem mesmo para transmiti-la, pois o jovem não a pode entender. Perdemos a saúde quando a temos para ganhar dinheiro para depois perder esse dinheiro para recuperar a saúde. Pois esbanjamos saúde quando não temos dinheiro suficiente para aproveitar a vida, mas esbanjamos dinheiro quando a saúde nos faz falta.<br />
É preciso enfrentar com coragem os paradoxos da vida. Saber que o milagre só acontece quando não o esperamos, saber que o amor nasce ao mesmo tempo que morre. Saber que quando finalmente se chegou lá onde se queria, percebeu também que tudo terminou .<br />
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<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-64101878555386174142017-01-25T03:04:00.000-08:002017-01-25T03:04:09.930-08:00Em uma caverna, em plena idade média, três bruxas discutiam suas mais novas poções. Elas evocaram as forças sobrenaturais para que agissem conforme suas vontades e começaram a disputa.<br />
Elinora foi a primeira: <br />
- Minha poção é feita com escamas de couro de crocodilo, uma pitada de teria de aranha, três pedacinhos de unha de cavalo, uma mecha de cabelo de bebê e dois olhos azuis femininos, mistura tudo e deixa ferver no caldeirão. Serve para picada de mosquito, coceira no dedão e pulga.<br />
- hahahahaha! foi sua terrível e sinistra gargalhada, E a sua poção, como é.<br />
Agora, era a vez de Narda: <br />
- A minha é bem simples. Ferve leite de magnésia e derrete, aos poucos, cubos gelados de sangue de canário. Depois, basta um pitadinha de de gelatina de ovo de serpente e a mistura explode, espalhando uma fumaça verde e fagulhas cor de rosa. É lindo demais. Mas não serve para nada, só para assustar -hihihihihihihi, Riu-se a beça. - E você, Dindalina? O que tem para mostrar desta vez?<br />
- Puxa. Estou sem graça (Dindalina era uma bruxinha nova, inexperiente, tinha lindos olhos e mechas douradas lhe caiam sobre as bochechas). Minhas poções são tão sem graça perto das suas... Sou tão inexperiente.<br />
Mas mesmo assim, tenho este creme que fiz para manter minha cutis macia e delicada. Querem provar.<br />
Elinora e Narda, que eram horrorosas, feias enrugadas e tinham o rosto cheio de verrugas cabeludas, correram apressadas e espalharam o creme no rosto.<br />
Subiu uma fumaça e elas se transformaram em poeira que um vento leve soprou pela janela.<br />
Dindalina, saiu cantando, saltitante e feliz e se embrenhou no ventre negro da floresta.<br />
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-80196978704875813002017-01-09T12:12:00.000-08:002017-01-09T12:12:08.836-08:00<div style="text-align: center;">
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<b>A caverna</b></div>
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A espeleologia é uma ciência que estuda as cavernas e foi fundada por Martel. Edourd Martel era advogado, mas amante da natureza, foi o primeiro a explorar uma caverna sob uma perspectiva espeleológica, tendo explorado pela primeira vez com sucesso as cavernas de Abime Bramabiau e Grotte de Dargilan na França. O termo, entretanto, foi criado depois por Emile Rivière a partir dos termos gregos spelaion (caverna) e logos (palavra) no sentido de descrição das cavernas. <span class="notranslate" style="background-color: #e6ecf9;"><br /></span><br />
Eu sou estudante na universidade e estou fazendo um curso de espeleologia. O assunto é realmente fascinante, pois as cavernas foram guardam diversos segredos da Terra. Podem conservar formações antigas, vestígios de animais e plantas fossilizadas e também foram habitação dos seres humanos em sua pré-história. É como se fossem verdadeiros baús repletos dos mais reluzentes e variados tesouros.<br />
A atividade biológica forma, ao longo do tempo, depósitos calcários e estes são soterrados pelos aluviões dos rios, da atividade lacustre e da erosão. Estes depósitos, quando são per-colados por substância ácidas, são dissolvidos e criados espaços vazios no seio da terra. Esta a é origem das cavernas.<br />
Meu professor de espeleologia é muito divertido. Ele fala das cavernas como se elas fossem seres vivos e seu amor pelas cavernas é tão grande que ele as trata como se fossem suas namoradas ou companheiras. Seu nome é Tirso e ele é muito popular entre os alunos, apesar de ser tão estranho. Suas aulas despertam grande interesse entre os alunos e desfruta de certo renome na comunidade acadêmica também, por algumas relevantes e consistentes contribuições à ciência.<br />
Tenho uma amiga chamada Daisy que conheço desde o primeiro grau e que já foi minha vizinha. Ela está matriculada no curso de espeleologia também e gosta das cavernas tanto ou mais do que eu. Eu sempre fui apaixonado por ela, mas nunca me declarei, pois sempre fui muito tímido. Seus olhos além de inteligentes são de um azul que não se encontra nem nos lagos que dormem esquecidos nos fundos das cavernas. <br />
A pergunta mais frequente que nós, amantes das cavernas, fazemos, é que mistérios as cavernas podem esconder. São mapeadas mais de quatro mil cavernas só aqui no Brasil, mas calcula-se que devam existir oitenta mil, Isto dá uma dimensão do quanto se desconhece ainda sobre as cavernas, apesar de tanto que se tem estudado. A caverna de Mamooth, no estado de Kentucky nos Estados Unidos, é a mais extensa do mundo com seus 640 quilômetros de túneis explorados. <br />
O nosso professor marcou uma excursão para explorar uma caverna próxima. Eu sonho há tempos com isso. As cavernas alimentaram meus sonhos de criança desde o tempo em que li uma adpatação do romance de aventuras Viagem ao Centro da Terra de Julio Verne, em que o famosos geólogo Oto Lidenbrock, junto com seu sobrinho Axel e sua afilhada Grauben, procura repetir os passos do alquimista medieval Arne Saknussem, que deixara um manuscrito encontrado dentro de um livro antigo, descendo ao centro da terra a partir da garganta do vulcão adormecido Sneffels na Islândia e expelido, tempos depois, em uma erupção do vulcão Stromboli na Sicilia.<br />
Porém, apesar dos atrativos e charme, uma excursão para uma caverna pode ser algo bastante perigoso. As cavernas escondem perigos tais como as paredes instáveis e risco de desabamento, animais assustadores, perigosos ou desconhecidos, tais como morcegos, aranhas, escorpiões e serpentes, e, ainda, pode ser esconderijo de pessoas excluídas da sociedade, tais como assassinos, foragidos da justiça, bandoleiros e outras figuras perniciosas. A gruta dos quarenta ladrões que Aladim, nas Mil e Uma Noites, desafiou violar, é coisa sempre presente no imaginário popular. <br />
O professor nos alertou desses riscos que ele diz serem administráveis até certo ponto, mas as cavernas nunca podem ser totalmente administráveis, pois quase como seres vivos independentes e imprevisíveis. E, lembrava ele, a incerteza, a beleza e o mistério andam sempre de mãos dadas. Assumir o risco é, de certa forma, viver, estar seguro é sempre se internar num túmulo antes da hora.<br />
Começamos os preparativos para explorar a caverna do Diabo, umas das maiores existentes nos arredores.<br />
Muitas lendas se contavam sobre a caverna, que era habitada, que era antiga, que nela existiam animais desconhecidos e ainda contavam histórias de vampiros, de lobisomens, de seres abissais, mortos vivos, gases venenosos e alucinógenos, vestígios de civilizações desaparecidas, túmulos de antigos reis e ancestrais de tribos extintas, cidades enterradas sob toneladas de depósitos piroclásticos e coisas assim, mas um bom cientista não acredita nessas coisas sobre naturais.<br />
Uma das partes mais importantes da exploração de cavernas é o seu planejamento. Isso parece chato e aborrecido, mas é a parte mais importante e que exige conhecimento e técnica. É preciso se cercar de cuidados, tais como providenciar capacetes com lanterna, além de lanternas adicionais e bateria para muitas horas. A caverna é o império da escuridão e não se pode deixar a iluminação de lado. Além disso, por ser um lugar bastante inóspito, é preciso levar água e alimentos abundantes.Um mapa da caverna é extremamente importante para visitar lugares já conhecidos, mas na exploração de uma área desconhecida de uma caverna caverna convém usar uma bússola e levar material para ir construindo um mapa durante a explora. Ressalte-se que o GPS não funciona dentro de uma caverna, pois lá dentro ele não consegue enxergar os satélites que servem de referência. Como também não se enxerga as estrelas, nem o Sol, resta apenas os mapas e a bússola para servir de orientação.<br />
Tudo pronto partimos. Com Tisso sempre à frente e seguido de perto por mim e por Daisy, atravessamos tortuosos caminhos, alguns até bem até bem íngremes, mas todos bem conhecidos e mapeados. Entramos por uma passagem extremamente estreita e entramos num salão extremamente grande com um lago no centro. Contornamos o lago e entramos em outra passagem estreita. Por uma estranha distração, acabamos entrando em passagem que não estava mapeada e, sem querer, começamos a invadir o desconhecido. Já andávamos por esta passagem estreita quando percebemos que esta não era a passagem que pensávamos ser, muito mais curta e que deveria desembocar em um novo salão famoso por suas estalagmites e estalactites douradas e por cascatas de águas esverdeadas que se derramam sobre rochas de cores sanguineas com incrutações violáceas, resultados de antigos depósitos vulcânicos superpostos.<br />
Ao nos darmos conta do equívoco, o professor Tisso juntou a turma e avisou:<br />
- Erramos o caminho e entramos por um túnel não mapeado e isso pode ser muito perigoso, pois não sabemos o que pode haver pela frente; vamos voltar. <br />
Assim que começamos a retroceder, sentimos um tremor seguido por um grande barulho, assemelhado ao de um trovão, vindo do caminho que havíamos passado. Pouco tempo depois, vimos que um abalo sísmico havia fechado nosso caminho. O teto cedera e toneladas de pedra tornavam impossível a nossa volta. Como não tínhamos trazido picaretas e pás, por serem muito pesadas, não tínhamos como desobstruir a passagem.<br />
<br />
A única alternativa seria seguir pelo túnel desconhecido, pois havia grande chance de existir interligação com passagens e salões mapeados.<br />
- Vamos pessoal, agora não vai ter jeito, temos que seguir em frente - falou o professor.<br />
Eu já estava bastante assustado. Por outro lado, a aventura era tanta, que seria uma oportunidade inigualável de explorar o desconhecido, uma aventura emocionante como nunca tivéramos a chance de viver. Por isso, apoiei o professor dizendo:<br />
- Coragem! Vamos seguir em frente, pode ser uma oportunidade de realizarmos uma grande descoberta. <br />
Poderíamos mesmo, pensei cá comigo, dar nomes ao locais futuramente, por termos sido os primeiros exploradores dessas passagens e inscrevermos nossos nomes na eternidade. Andamos muito tempo e, enquanto isso, a passagem ia ficando cada vez mais estreita. A partir de um certo ponto, um ruído de correnteza se ouvia em alguma câmara paralela. Era provavelmente algum rio subterrâneo.<br />
Finalmente tivemos que passar por um túnel tão estreito que só podia passar um por vez agachado, rastejando, pois era muito baixo. Ainda bem que todos estavam em forma.<br />
- Quem se arriscaria a ir primeiro? - perguntou o professor.<br />
Eu, mas do que depressa, me ofereci.<br />
- Eu, professor, pode deixar comigo - falei com a voz altissonante e segura.<br />
Era essa uma oportunidade de mostra minha coragem para Daisy. Corri o olhar pelos seu olhos azuis que brilhavam num misto de medo a admiração. <br />
Me enchi de coragem, estufei o peito e segui adiante, rastejando em meio às rochas escarpadas e, como merecida recompensa, tive o privilégio de ser o primeiro a admirar uma maravilha totalmente inesperada. Pois ao final desta passagem havia um grande salão que não estava no mapa e tinha uma construção de porte em seu meio. Olhei admirado sem saber se aquilo era um túmulo, uma habitação ou vestígio de uma antiga civilização. Ajudei os outros a atravessarem o túnel estreito e ao vislumbrarem a construção ficaram todos admirados por tão notável descoberta. Investigando melhor a construção, diversos aspectos curiosos e mesmo mórbidos, tais como a inscrições feitas em uma linguagem desconhecida que não era formada nem por ideogramas, nem por hieroglifos, nem por caracteres cuneiformes, acho que nem mesmo Champlion os poderia decifrar, além de diversos desenhos de seres estranhos, muito deles alados e parecendo zumbis, de ossos e de caveiras em profusão decorando as inscrições em extensas molduras filigranadas e esculpidas nos muros externos e internos do estranho edifício. Bem no cetro da construção, uma colossal tampa cobria um buraco, tudo nos levando a crer que se tratasse de uma tumba antiga. Esta pedra era ornada com figuras estranhas pois de suas cabeças despontavam pontudos chifres. A primeira impressão que tive é de que a tampa cobria o buraco do diabo ou então alguma passagem direta ao inferno de Dante. Parecia ser a tumba do próprio demônio, uma tumba erigida para servir de templo de cultos sinistro de antigas civilizações bárbaras na qual se evocavam as forças malignas a agirem contra os inimigos.<br />
O mais impressionante aconteceu quando o professor esbarrou em uma alavanca sem querer, tendo acionado algum mecanismo automático. Um terrível rangido de engrenagens enferrujadas e sem lubrificação, foi acompanhado pelo movimento lateral da tampa e uma buraco sem fundo começou a<br />
se mover e um gás esverdeado começou a evolar de dentro do abismo negro e este gás <br />
invadiu nossas narinas. O que senti de imediato foi uma espécie de tontura, seguida de um incontrolável medo. Vozes começaram a sussurrar nos meus ouvidos, falando palavras de ódio, ameaças mortais, vozes que, sabíamos mesmo sem entender uma palavra, nos amaldiçoavam. A única coisa que consegui pensar foi em correr dali, indo para o lado oposto de onde tínhamos vindo, os outros, não soube na hora o porque. Ali, na outra extremidade, um novo túnel, este bem maior nos levou para outra câmara bem menor.<br />
- Salve-se quem puder - gritou o professor, e seguiram todos correndo para a mesma direção.<br />
Enquanto corríamos, as vozes nos seguiam, assim como passos tenebrosos que emitiam rugidos tais que se pareciam trovões. Nesta câmara havia um lago , no qual mergulhei, pois alguma coisa me dizia que era a única forma de escapar e na lateral desde lago avistamos uma luminosidade dentro a água. Era uma passagem que, possivelmente, nos levaria para fora da caverna. Mergulhei e nadei desesperadamente até sair em outro lago de águas iluminadas. Só pensei em subir, pois o ar estava no fim. Saímos em um lago fora da caverna e a céu aberto e nos salvamos todos, já que os outros me seguiam.<br />
- Quando cheguei a margem do lago, só pensei em Daisy, pois me preocupava com sua segurança. Mas ela sabia se virar sozinha e a avistei em segurança. Corri em sua direção e perguntei como estava.<br />
- Estou bem, assustada, é bem verdade, mas estou bem.<br />
Eu a abracei apertado e senti sua respiração contra meu peito.<br />
Depois disso, acabamos encontrando o caminho de volta para casa, mas nunca mais conseguimos identificar a passagem pela qual entramos na caverna do túmulo, como a batizamos, por mais que tentássemos. Muita gente não acreditou na história, mas não havia razão para termos mentido. Alguns diziam que tínhamos aspirado o gás estupefaciente evolado da rocha que isso havia nos levado a uma alucinação coletiva, mas ainda está bem presente em minhas memórias tudo que vi na escuridão da caverna. Por outro lado, a aventura me ajudou a me aproximar de Daisy, e hoje somos lados da mesma moeda. O professor foi nosso padrinho de casamento.<br />
Parecia que ia tudo bem para todos nós; <br />
Porém, um noite, senti um tremor estranho. E começou a dar tudo errado. No fundo, desde de o inicio eu sabia : Estávamos amaldiçoados. <br />
<b><br /></b>
<div style="text-align: center;">
<b>-FIM - </b></div>
<br />
<br /><br />
<br />
<br />
<br />Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-9620214356504340002016-11-02T07:53:00.002-07:002016-11-02T07:53:50.645-07:00Levanto da poltrona<br />
tomo uma xícara de café<br />
folheio novamente o livro<br />
a aflição que me toma<br />
não sei bem o que é<br />
(o sabor dos teus lábios ainda adoça minha língua)<br />
é um calor que me toma<br />
é frio que me anoitece<br />
é torpor que me assoma<br />
é um trovão que me estremece<br />
(ribomba em meu peito, o pulsar de tuas veias) <br />
É que tem dias que a gente para<br />
e espera que o mundo pare também<br />
esperando que fugacidade do tempo<br />
diga ao nosso tempo amém<br />
mas a máquina invencível da vida<br />
que em arrojada flexão se estupora <br />
não para e nos desafia mais uma vez<br />
como o veleiro audaz e cartaginês<br />
que no fundo da enseada não se ancora<br />
Ah! se eu pudesse<br />
deixar de partir e segurar enfim<br />
o ponteiro intrépido do e arredio do tempo<br />
e ao meu comando imponente dissesse<br />
- Pare tempo naquele mesmo tempo que ocorreu ainda agora<br />
atendendo minha voz altitruante<br />
congelasse o fluir do universo<br />
no instante incomensurável do encontro de nossas bocas<br />
estrépitas, arreganhadas, caudalosas e ocas.<br />
e eu pudesse perdurar apenas na fugaz ventura<br />
que é a um tempo tanto a enfermidade como a cura <br />
e nunca chegasse o dia fatídico da separação<br />
do desencanto, do desalento e da dor<br />
pois que só num breve momento<br />
pode perdurar a eternidade do amor <br />
pois nada que em nós germina<br />
sob ondas de adrenalina<br />
a fluir pelas nossas veias <br />
há de jamais vicejar<br />
entre palavras inteiras e meias <br />
pois o tempo que vem é o que vai<br />
e o que entra pela porta é o que sai<br />
e ele com suas garras possantes<br />
destrói os séculos em instantes <br />
e sempre erode<br />
mesmo as paredes mais sólidas<br />
e ao mesmo tempo explode<br />
restos de paixões insólitas <br />
paredes que jamais tenhamos construído<br />
paixões que nunca tenhamos sentido <br />
<br />
é que foi em vão toda nossa luta<br />
e de nada valeu nossa dupla ser astuta<br />
pois o elo mais sólido que um dia nos amarrou<br />
foi o cadarço frouxo do sapato que desenlaçou<br />
o estreito nó que nos unia pelo coração<br />
era fraco pois que feito de pura separação<br />
é por isso que me prendo a um mero instante<br />
como quem se agarra a um sonho delirante <br />
e lamento tanto o triste avançar dos ponteiros<br />
que inclementes avançam inteiros <br />
segundo a segundo a me empurrar para frente<br />
com seu vagar monótono e intransigente<br />
para longe do momento que fui mais que um folhetim<br />
dissipando o pouco de mim que ainda havia em mim <br />
pois só fui de fato o quanto em ti eu me derramei<br />
se meu sangue flui é apenas por que te amei <br />
Mera ilusão, tanto o antes como o depois<br />
um que eu era, um que eu serei, ficam dois<br />
<br />
<br />
<br />
é na verdade tão verde<br />
o verde olhar que há nas matas<br />
por outro lado<br />
laivos rosáceos que do por do Sol se espalham<br />
pelo negrume do mar que anoitece<br />
enquanto nas nuvens o branco vestido de noiva da Lua<br />
e as estrelas companheiras o sonhador que sou agradece<br />
aracnídeo noturno que versos tece por amor a ti <br />
Para que se dizer isso ou aquilo, tipo <br />
onde está o dia? Foi por ali ou por aqui<br />
Ninguém sabe ao certo onde está o dia?<br />
por conta de escuridão que agora reina<br />
Por que dizer isso se se podia dizer muito bem outra coisa<br />
mas o que se disse é apenas o que disse e nunca poderia ser o que não se disse<br />
nem a respeito do dia, nem a respeito da noite<br />
de outra forma, não haveria assunto<br />
e nada haveria a ser dito, ficando vazias as palavras<br />
e brancas as páginas dos livros e brancas capas<br />
tornariam vazias as prateleiras das bibliotecas<br />
será que tudo o que já foi escrito foi em vão e por nada?<br />
ou será que na se disse apenas para se esconder a verdade<br />
ou será que sou eu, apenas eu, que nada entendoBennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-39643245313862192412016-11-01T13:34:00.001-07:002016-11-01T13:34:06.623-07:00arredio<br /> etéreo<br /> fugaz<br />um gás que infinito me percorre<br />um canto<br /> um poema<br /> uma flor<br />este amor que por dentro me colore<br /><br /><br />responda<br /> por favor<br /> o que dizer<br />diante da eterna proeza<br />do amanhecer de iluminar qualquer dia<br />silêncio<br /> não diga<br /> nada mais<br />o silêncio é melhor<br />que e palavra que se diz e que esvazia<br /><br /><br /><br />amei, porém amei demais<br />e demais a mais<br />e por demais de menos<br />o amor em nada em si <br />a mim me fora ameno<br />desfez-se o amor em mim<br />ao dizer-se o além <br />aliás o mais velado amém <br />de amor infinitamente sofri<br />e nunca mais sorri<br />e por ter amado tanto assim<br />ao amor não mais dissera um sim<br /><br />(de amor meu coração não basta<br />a carne miúda a solidão tão vasta)<br /><br />de amor morri a morte mais dolorida<br />a dor eternamente comprida<br />a pena perpétua a ser cumprida<br />de manhãs tolas e descoloridas<br />prometo de eterno amor não mais sofrer<br />e a falta de amar será o agora meu doer<br /><br />pois a alma e o corpo morrem de amor<br />quando o amor termina<br />mas nesse sofrer infinito<br /><br />te,,,<br /><br />amar-te e nada mais além<br />é tudo e simplesmente que te faço<br />que queres mais de mim <br />do que o imenso amor que te dedico?<br />se o amor é mais<br />que qualquer outra tanta coisa<br />se é tudo e no entanto<br />não te parece tanto<br />que queres ainda mais <br />que todo amor que em mim possuo?<br />porque o amor a me doer<br />e que é meu ser e conteúdo<br />não te parece tudo<br />que mais eu te pudera conceder?<br />por que me pedes este pedido indecente<br />e meu amor não te parece suficiente?<br />se insistes no pedido atroz com que me feres<br />então, vai, leva meu ser contigo<br />que isto é tudo que eu consigo<br />e faça dele o que quiseres<br /><br />leva contigo e alma e o corpo<br />pois que um flutua o outro jaz morto <br />se meu coração já não te basta<br />vai, leva em paz a mim e me devora<br />se esta paixão que tanto desarvora<br />não te parecer tão casta e vastaBennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-47469643180217446262016-10-14T07:40:00.000-07:002016-10-14T09:50:25.012-07:00Tudo começou em um frio dia de inverno na cidade de Juvencia, pacata cidade situada no vale do rio Jequinhoá, cravada entre belas montanhas, cercada de florestas, cascatas e lagos. Eu passo minhas férias de inverno nesta remota localidade para descansar do barulho, da fumaça e da multidão da grande cidade. Nada como amanhecer com o canto dos pássaros.<br />
Estava bem friozinho, mas mesmo assim fui dar uma volta pelos arredores do vilarejo. Fui admirar a beleza das florestas que se estendiam plácidas nas paredões vetustos das faldas das montanhas quando, de repente, a luz do Sol incendiou um objeto metálico que descansava em uma dessas pirambeiras verticais. Fiz uma pequena escalada e observei um objeto enterrado. Após escavar por um tempo, percebi se tratar de objeto antigo, coisa que contradizia o brilho intenso com que me chamara a atenção. Uma tampa de cabeça esférica, muito enferrujada, bloqueava através dos séculos o antigo gargalo. <br />
Destemido, como sempre fui, abri a tampa.<br />
Saiu um gás laranja que tinha um cheiro forte de enxofre. Por um momento desmaiei. Quase em seguida, abri os olhos e estava em outro lugar. O gás havia me teletransportado para outro lugar, outro tempo, outra dimensão, sei lá, só sei que era longe. Já havia aquele gigantesco palácio construído no cume de uma portentosa montanha nas páginas do livro de ouro da mitologia. A localidade era Asgard e o palácio era Valhala, onde vivem os deuses imortais dos povos nórdicos.<br />
Ante mim, um discípulo deserdado de Odin estendeu sua gigantesca mão e, na língua ancestral dos escandinavos trovejou as seguintes palavras que entendi automaticamente apesar de não tê-las jamais escutado antes :<br />
Ajoelhe-se ante mim, Torrance, senhor das cachoeiras e dos prados, controlador do ventos e das chuvas que preparam as colheitas!<br />
Você libertou o hálito de Odin que estava preso no mais antigo vaso escandinavo. Ao fazê-lo, reviveu os deuses e semi-deuses de Asgard, que foi soterrada ao fim da guerra dos Titãs.<br />
Como prêmio, irá receber uma benesse para o resto dos seus dias. <br />
Terá o dobro da sorte dos seu inimigos, eles terão em dobro o azar que lhe era destinado.<br />
Diga o nome dos seu inimigos e sua benesse será realizada!<br />
Daí pensei nas pessoas que tinha atravessadas na garganta.<br />
Renilson, que me havia tomado a noiva há anos atrás e tomara também minha promoção, em outra oportunidade.<br />
Rebeca, que me traira com Renilson. <br />
Gotardo era outro a ter me passado a perna, tendo tomado, na confiança, dinheiro emprestado e nunca me pagou.<br />
Pronunciei os três nomes bem alto e ele as repetiu com sua voz de trovoada.<br />
Feito!<br />
Acordei após o desmaio ao lado da garrafa certo de que fora tudo um sonho.<br />
Recolhi a garrafa que descobri, mais tarde, ao consultar um arqueólo, que era provavelmente a lendária garrafa perdida de Torrance usada nos rituais de adoração do Deus escandinavo. Ora, ora, o mesmo nome do sonho, Torrance, teria sido mesmo um sonho?<br />
A partir desse dia, comecei a me sentir muito bem . Começou a dar tudo certo, no amor, nos negócios, em tudo. Uns meses depois soube que Rebeca estava gravemente enferma e, o mais estranho, é que ela, que estava casada com Renilson, me procurou para dizer que eu tinha sido o amor da sua vida, que se arrependia de ter me traído e, agora que sabia que ia em breve morrer, resolveu contar tudo para mim e para Renilson. <br />
Isso fez muito bem ao meu ego, mas não me fez ter pena. Ela tinha sido terrível comigo.<br />
Logo em seguida, soube que o próprio Renilson estava internado. Devido ao baque que teve ao saber que Rebeca estava arrependida de ter ficado com ele e não comigo. Entrou em depressão, passou muitos dias bebendo continuamente, até entrar em coma alcoólico. Teve alta, voltou a beber. Acabou sofrendo um desastre fatal ao bater de frente com uma carreta.<br />
Quando soube da morte acidental por enforcamento de Gotardo durante a prática de parapente, seu esporte de sempre, comecei a me arrepender de ter dito aqueles nomes ao Deus da garrafa.<br />
Mas, seria tudo uma grande coincidência e Torrance era apenas o produto da minha imaginação?<br />
Durante meus sonhos, Torrance aparecia de novo e sempre e me dizia para esquecer da garrafa e apenas curtir o momento de glória de vingança e que não importava que eu tivesse feito por ganância ou sede de vingança. A vida é para se viver do jeito que ela se apresenta, ele sempre completava.<br />
Acabou me convencendo.<br />
Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-182514240014565223.post-19219026496111980002016-09-09T05:33:00.003-07:002016-09-09T05:33:40.854-07:00-I-<br />
<br />
para sempre há de ser e será<br />
<br />
teu olhar no meu olhar<br />
<br />
minhas pernas entre as tuas pernas<br />
<br />
sob um só lençol nossos corpos<br />
<br />
<br />
-II-incompleto<br />
<br />
<br />
por mais que te escreva e descreva<br />
<br />
sempre restará um poema a ser escrito<br />
<br />
um enigma a ser decifrado<br />
<br />
uma palavra por ser dita<br />
<br />
uma lágrima que eu ainda não tenha vertido<br />
<br />
ou que não tenha te feito verter<br />
<br />
um sorriso que ainda não tenhas me me feito<br />
<br />
uma declaração que não ousei<br />
<br />
uma ousadia que jamais haverei de declarar<br />
<br />
<br />
-III-tola vingança<br />
<br />
<br />
pedaços de mim<br />
<br />
espalhados no chão em que pisas<br />
<br />
sujam de sangue teus saltos<br />
<br />
sem desviar teus passos<br />
<br />
<br />
-IV-De tantas verdade e mentiras<br />
<br />
<br />
Sou uma verdade<br />
<br />
que um dia me menti<br />
<br />
e de tanto repetir<br />
<br />
acabei acreditando<br />
<br />
és um mentira<br />
<br />
que julguei ser verdade<br />
<br />
pois só o tempo abre os olhos<br />
<br />
velados pela luz<br />
<br />
<br />
-V- Desencontro<br />
<br />
<br />
Ela tanto me esperou<br />
<br />
que virou pó<br />
<br />
dissolveu-se no vento<br />
<br />
depôs-se em meu caminho<br />
<br />
e sujou meu sapato<br />
<br />
<br />
(Meu reino por um engraxate)<br />
<br />
-VI-<br />
<br />
<br />
Neste túmulo<br />
<br />
muitos sonhos<br />
<br />
jazem<br />
<br />
enterrados<br />
<br />
<br />
-VII-<br />
<br />
Quero a ventura<br />
<br />
de três amanheceres<br />
<br />
: o Sol despontando no horizonte<br />
<br />
e seu reflexo duplicado<br />
<br />
nos teus olhos despertos<br />
<br />
VIII- CREDO<br />
<br />
<br />
creio<br />
<br />
piamente<br />
<br />
em tua boca<br />
<br />
e no céu<br />
<br />
que lá existe<br />
<br />
<br />
(único céu<br />
<br />
que ainda me resta<br />
<br />
: o outro<br />
<br />
para sempre<br />
<br />
jaz perdido)<br />
<br />
<br />
creio no santo poder<br />
<br />
dos teu olhos<br />
<br />
sobre meu ser<br />
<br />
(dos meus<br />
<br />
inconfessáveis pecados<br />
<br />
faz be-atos)<br />
<br />
<br />
sob a luz<br />
<br />
que emanas<br />
<br />
em meu caminho<br />
<br />
tudo é sagrado<br />
<br />
mas se na escuridão<br />
<br />
de tua lamentada ausência<br />
<br />
trevas<br />
<br />
<br />
(só a luz do teu olhar<br />
<br />
acende meus faróis)<br />
<br />
<br />
creio sobretudo<br />
<br />
na divindade<br />
<br />
de tua pélvis<br />
<br />
<br />
(apaixonadamente<br />
<br />
ali mergulho<br />
<br />
: batismo de sangue)<br />
<br />
<br />
teus olhos são-me guias<br />
<br />
abrem olhos antes cegos<br />
<br />
a verdade que mora em teu ser<br />
<br />
dissipa nuvens eternas<br />
<br />
do contumaz ceticismo<br />
<br />
que me anuvia<br />
<br />
derrete seu calor<br />
<br />
neves sempre brancas do meu gelo<br />
<br />
<br />
trocaria a eternidade<br />
<br />
por um breve momento ao teu lado<br />
<br />
<br />
e todas as minhas idades<br />
<br />
vividas ou ainda por viver<br />
<br />
<br />
todos beijos que já sonhei<br />
<br />
por um único beijo teu<br />
<br />
<br />
resignar-me-ia até à eterna dor<br />
<br />
para ter um breve instante do teu amor<br />
<br />
-IX-<br />
<br />
não há mais flores<br />
em teu sorriso<br />
pois o inverno do tempo<br />
abateu-te na primavera da vida <br />
...em pleno vôo<br />
asas engessadas<br />
pendem inertes em cada lado<br />
de teu corpo<br />
prendem teus braços inermes os remos<br />
nas aleivosias e escolhos do mar<br />
a água cristalina<br />
de teus olhos-lagos secou-te as margens<br />
<br />
o que ainda resta de ti<br />
fora um deserto escaldante<br />
o frio congelante das geleiras<br />
o brilho eterno e frio <br />
de estrelas extintas?<br />
<br />
<br />
-X-<br />
<br />
Montanhas<br />
<br />
Montanhas
entortando o horizonte, entortando o céu que é plano. Deixando curvas
nas dobras do mundo, criando vales e torrentes, recortando a terra,
derrotando o igual, violando o tédio, violentando a esfera.<br />
<br />
Esfera
oca cheia de pontas, espinhos, carrapicho. Ali, nas montanhas, é que
nascem os rios! E os rios transportam os sedimentos que adubam os solos,
Solos com sede de sedimentos. Seres com sede de sentimentos. Eu com
sede de ti. Nós com sede uns dos outros. Seres vivos com sede de vida.<br />
<br />
Filhos!
Resultado da sede que a vida tem de si mesma. Eu amo porque sou um rio
com sede de rios, vida com sede de vida, rio e sede da vida, dos peixes,
peixe com sede de peixes.<br />
<br />
<br />
Sorvo cardumes de um só gole. Rios que são serpentes que se estendem nas planícies para tomar Sol.<br />
<br />
<br />
Montanhas! Saiam da frente do meu Sol. O Sol é meu! O Sol é teu, é nosso.<br />
<br />
<br />
Mas
aqui, nesta parte que estou da Terra, pega uma luz do Sol que vem de
uma parte do Sol que é minha, pois se sou dono da luz, sou dono da fonte
desta luz. Sou dono de uma parte do Sol! Sol que ilumina montanhas
escuras, florestas sombrias. Pelas frestas de tuas copas, floresta,
deixas passar um pouco da luz do Sol. Mesmo que seja uma nesga, perdes
um pouco de tuas sombras e o Sol perde uma da luz que o consome, mas os
seres que te habitam ganham um pouco mais de vida.<br />
<br />
Esta
estranha relação que tens com o Sol me ensina que quando se perde algo
em algum lugar, em algum tempo, necessariamente alguma outra coisa se
ganha em algum outro lugar em algum outro tempo.<br />
<br />
<br />
Não
há ganho sem perda, nem perda sem ganho. Isto me faz conter meu desejo
de ganho, por não querer provocar uma perda, isto me faz aceitar minhas
perdas, pois houve ao mesmo tempo um ganho.<br />
<br />
<br />
As
montanhas desafiam com suas escarpas os alpinistas à escalada. Escalar
montanhas, subir degraus, este nosso destino. Somos todos alpinistas.
Havia uma montanha que nunca um alpinista ousara escalar. Mas aquele
alpinista, ah, aquele alpinista, ousou. Suas chances de voltar eram
mínimas, mas o que não é arriscado? Contra tudo, contra todos ele ousou.
E fracassou na primeira tentativa, mas, depois daquele fracasso, ficou
mais fácil escalar montanhas que antes eram difíceis.<br />
<br />
Quem
tenta o inalcançável pode conquistar outras coisas. Mas, se pensam que
ele desistiu da escalada, estão enganados. Aquela montanha era a
montanha da sua vida. Por nada deixaria escapar aquela conquista. Nem
que fosse à custa de ossos quebrados ou da vida.<br />
<br />
<br />
Se
ele não tentasse de que valeria a vida. E errar não era problema. Ele
errara outras vezes, nem por isto desistira, nem por isto se sentira
derrotado. Haveria de chegar o momento da definitiva conquista. E ele
tudo fazia, tudo conseguia, por ter um propósito.<br />
<br />
<br />
Por
isto mesmo nem vou dizer se ele conseguiu escalar ou não a montanha da
sua vida. Nestas histórias vale mais a luta do que a conquista. Vencedor
é aquele que enfrenta suas montanhas, não aqueles que a conquistam. A
grande conquista é a conquista de si mesmo.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Bennohttp://www.blogger.com/profile/15565720705471327993noreply@blogger.com3